quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

A alma e Bernardo Soares...


“Uma das minhas preocupações constantes é o compreender como é que outra gente existe, como é que há almas que não sejam a minha, consciências estranhas à minha consciência que, por ser consciência, me parece ser a única.
(...)
Ninguém, suponho, admite verdadeiramente a existência real de outra pessoa (...)
O que parece haver de desprezo entre homem e homem, de indiferente que permite que se mate gente sem que sinta que se mata, como entre os assassinos, ou sem que pense que se está matando, como entre os soldados, é que ninguém presta a devida atenção ao facto, parece que abstruso, de que os outros são alma também”.


(Bernardo Soares,in "Livro do Desassossego",  p. 303)

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