“Uma das minhas preocupações constantes é
o compreender como é que outra gente existe, como é que há almas que não sejam
a minha, consciências estranhas à minha consciência que, por ser consciência,
me parece ser a única.
(...)
Ninguém, suponho, admite verdadeiramente a
existência real de outra pessoa (...)
O que parece haver de desprezo entre homem
e homem, de indiferente que permite que se mate gente sem que sinta que se
mata, como entre os assassinos, ou sem que pense que se está matando, como
entre os soldados, é que ninguém presta a devida atenção ao facto, parece que
abstruso, de que os outros são alma também”.
(Bernardo Soares,in "Livro do Desassossego", p. 303)
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