quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Para minha menininha.

Eu desejo...
Que o teu encontro com o tempo
Seja o de crescimento...interior...
E que o verbo que conjugues seja amor
Ainda que a vida, teimosamente
às vezes queime algumas verdades...
dissolvendo o que era pedra por dentro.
Quando isso acontecer,
Fique quieta. Sinta o vento...

Eu desejo...
Que teus sonhos de menina
Sejam parte dos valores que a mulher carrega
Que tu não deixes de ser crédula e piegas
E que não perca o sentido de amor...
Pois esse é o sentido da vida.
Ainda que a dor, às vezes venha te visitar.
Quando isso acontecer,
Chore. A água levará...

Eu desejo...
Estar perto para te lembrar quem és
E te incentivar a não desistir ao sabor das marés
Para que não esqueças que a fibra do barco
é que comanda o rumo
Então acerte o prumo 
E prossiga. Ainda que às vezes duvide da vida...
E quando isso acontecer,
Não durma. Contemple a mensagem do amanhecer...

Eu desejo...
Que a tua matéria tenha sabores o suficiente
Mas que não deixes de olhar toda a gente
Pelas múltiplas cores que possuem por dentro
E que só deixes aconchegar quem te agrega essência
Mesmo que às vezes isso te cause algum isolamento
E deixe no peito uma certa dormência...
Quando isso acontecer,
Me abrace. Só o amor reconstrói as puras crenças...#





E não te esqueças, minha menininha. De ser amor. De dar amor. Da melhor forma. Pois, já disse o profeta: " O amor cobre uma multidão de pecados"...pois não há que se falar em pecados, quando se fala em amor.





Milagre



Bebericando a vida
Sigo meu caminho
Vezes sou água, noutras torno vinho
Vezes mar, noutras rio
Pele deslumbrada, arrepio...
Sigo indigente... precária em meio ao luxo:
Borboletas e flores fazem o fluxo
Do grande mistério.
E sou assim, parte da parte
De um todo incompreensível
Pudera!  Entender pra quê?
Ser o milagre é o efêmero imprevisível...#


segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Efêmero


O ar que escorre, fluído, pela garganta
O som que ecoa do passarinho que canta
O vento consome o carbono do pé
Tudo é vida escorrendo sua maré:
Até os tempos de já não mais ser...

Não mais ser  gente, ar, passarinho
A uva envelhecendo foi virando vinho
Tudo que é matéria segue transformando
O rio que seca é o mesmo que está transbordando...

E a vida segue, sequência de" não-ser-sendo"
E a gente muda, mesmo não sabendo
As roupas poem, o joelho dói, o coração acresce
E o peito adormece pra ainda bater...

Poetas, loucos, bêbados e inconsequentes
Juntam-se para beber da mesma fonte:
Não ajustar a alma num único corpo
Não ser ainda assim tão pouco....

E o relógio bate com a sequência de um martelo
Somente foge quem aprendeu a aspirar 
                                         A efemeridade inalcançável de tudo que é belo
                                            E seguiu na trilha do mistério inalcançável:
                                           Viver é  flertar com o efêmero indecifrável! #





 "Ora direis, ouvir estrelas? certo perdeste o senso, eu vos direi, no entanto: Enquanto houver espaço,tempo e algum modo de dizer não, eu canto!" 

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

União

No olhar,
o absurdo mundo...mudo
Transforma em miragem
O que em fogo consumiu a paisagem....

Sonhos...a inviolável intimidade
Crepitante...Consumida.
A tristeza estampada
Em faces estarrecidas...

E o vazio do inquestionável senso
de "nada ser"...cala a palavra e a poesia
E faz beleza somente quem é capaz de estender a mão
Pois, mais que rimas...a vida precisa de união!#



Para o meu Estado, que sofre com a tragédia provocada por um incêndio de grandes proporções, e para as pessoas  que fazem do exercício da caridade a verdadeira fé. 

O ciclo

Desertificar a alma pra fazer chover
Porque é necessário quebrar
O ciclo involuntário do vicio
Pra voltar ao início...

Esquecer para florescer
Todas as dores de uma longa estrada
Renascer noutro corpo, noutra habitação
Sob outras faces, os mesmos irmãos...

Reaprender para transformar
Reformar o interior para transbordar
Ir além das entranhas e remar com fé
Exercer a vivência como melhor aprouver...

Pela lei do arbítrio, múltiplas estradas
Sou eu quem decide o rumo
A bússola estelar:
Os pés de minh´alma...

E para a estrada à frente: 
Desertificar e florescer
São todas faces de um mesmo plano
Viver, renascer....Crescer! #

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

A menina



Quando a força dos ventos muda os rumos do passo
Respiro o traço...e peço calma à direção...
A adulta quieta e deixa a par a criança
Que refaz o ritmo e o riso...pra não desistir da dança!
Dança-vida, dança-amor, dança-poema
Que a gente sempre rime com algo que pulse e trema
Feito coração....
Dança-esperança, dança-fé, dança-alegria
Pra não desistir da magia
Do enorme milagre-existir...! #


Bom dia, querid@s. :)



domingo, 20 de outubro de 2013

O bêbado

Agente de minha própria sorte,
Caminho.
Trôpego e lúcido
Negocio copos de vinho
Com pedaços de alegria
E a minha fantasia
é ser rei...
Neste baile de carnaval
Somente eu ando nu de minhas verdades
Essa gente lúcida que vende o tempo
Nada sabe dos negócios do vinho com a felicidade....
Às vezes vejo em dobro
O que é reduzido a esmo:
Os sorrisos, o abraço
E até o olhar de reprovação
Que essa gente me lança
Sem reconhecer sua própria maldição...
E me apiedo delas
No tempo que me resta para compreender
Mas a dor e o vazio é tamanho em cada um...
Que me visto em rei-fantasia 
Peço mais vinho à infantaria
Para já não fazer parte
do pacto com a hipocrisia... #









Ciclo

O ciclo mais natural da vida, para qualquer exercício e aprendizado, é o amor.
Que me perdoem os meritocráticas, que falam que  a dor purifica, traz crescimento, é parte do aprendizado imposto por um Deus que condena, mas faço parte mesmo é da escola do amor.

Essa também não é uma escola muito fácil, lhes asseguro. Mas traz consigo a doçura de quem de fato é e se dispõe a modelar a escultura. No amor, somos mais. Mais e menos também. Mais entregues e capazes, menos egoístas. Com mais vontade de fazer feliz e menos fugazes. Na verdade, o amor é o primeiro instinto natural dos seres humanos.

Nascemos, e esse ciclo natural chamado 'afeto' vai se instalando nas nossas relações. Ao crescermos, vamos exercitando e solidificando relações afetivas, e é claro, nós os desenvolvemos de acordo com a 'bagagem' que possuímos...e talvez seja nesse acomodar a 'bagagem' que a bagunça se instale. Por isso, uma de minhas poetisas preferidas já disse "antes de acomodar, o amor bagunça". São as bagagens, trazendo as cargas afetivas das quais não tínhamos, mas que começamos a lidar, pelo exercício amoroso da entrega.

Mas o amor é, como tudo que permeia nossas vivências, uma atitude que deve ser de escolha, primordialmente. E claro, não estou falando apenas de 'amar o outro', mas do exercício da imagem convexa ao espelho...é o 'amar a si' para 'amar o outro', com as justas medidas possíveis. Esta balança interior, tão complicada e desafiadora, nos permite o dom do não magoar, se isso for possível. Ou o do magoar menos, por si e pelo outro. Pelo "bem querer..."

E é só assim que, depois de muito refletir, consigo achar alguma coerência na origem da dor: A dor é um amor magoado pelo exercício não devidamente praticado. Não a imposição do grande criador, mas o reflexo daquilo que, por alguma dificuldade, não soubemos acomodar.  Por isso, quando às vezes sou visitada por esse sentimento, que minhas condições e limitações impõem,  recordo de um texto do Rubem Alves, a respeito de vidros quebrados..."não foi Deus. Deus não queria...ele também está triste..."

E é pensando nesse exercício amoroso do criador supremo, que volto para o caminho do amor e floresço do que me me dói...pouco a pouco. E compreendo que, como missão, tenho a de não reproduzir ou refletir o que me dói, e sim o que me faz florir. Esse processo é chamado na psicologia de "resiliência"...mas eu gosto mesmo é de pensar nas transformações da pipoca - Outro conto do Rubem Alves...rs. A pipoca, na narrativa de Rubem Alves, é o florescer do grão de milho, resultado da exposição às mais profundas condições de calor.

Sendo pipoca, compreendo que, de alguma maneira, posso e devo realizar a missão que me foi confiada: VIVER. E é assim que o ciclo do amor, minha eterna escolha, me puxa pela mão pela manhã, através da borboleta do meu jardim, que essa manhã veio me dizer "vem,menina, olhar os lírios do campo"....




( Compartilho contigo que me lê, porque quem sabe, estes dois caminhos também te visitem, durante teu crescimento emocional. E o meu desejo, para ti, que me lê, é...que o amor te puxe, de alguma forma, pelos seus caminhos...) 

:)