quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Sobre o dia "D", a palavra e o dia das Bruxas (Uma divagação da Velha boba)

Desde menina, recebi o apelido de bruxa ou bruxinha.
É que não fui uma criança dita 'comum' e, por vezes, tive incidentes místicos em torno, que levaram minha irmã ao apelido carinhoso. Por conta disso, em casa todo mundo pedia para eu 'orar', 'pedir para Deus', essas coisas...muito ligada à natureza, vivia de dizer que a natureza sente dor, amor, alegria...que a chuva era mesmo manifestações de outros mundos e 'sentires'...herança indígena de nome em Tupi.

Fora disso, realmente sou afortunada: tive uma infância mágica. As palavras - que chegaram muito cedo, pois já lia bem aos seis anos -  fizeram toda a diferença em meu pequeno Universo. Filha de poeta e professor, foi parte do meu treinamento para a vida: a poesia. 
Depois vieram os romances, as ficções, os clássicos...enfim, as palavras. A magia da palavra. Ela é 'o meu cristal', como bem definiu uma querida amiga, dia desses.
Verdade.

Sempre amei as palavras e já escrevi sobre, diversas vezes. Só de escrever 'árvore', sinto folhas caindo em meu colo. É uma coisa mística. E porque "Deus é um cara gozador e adora brincadeira', hoje é também aniversário do Drummond, " O mago de Itabira". Como amo o grande poeta mago, quando, à boca da noite, me diz que a gente tem uma força que é sempre ultrajovem. Como amo sua ternura de jovem funcionário público, de burocrata que simplifica a vida...é um dos meus poetas preferidos, uma das prosas com quem mais converso, no cotidiano enlouquecido de existir.

Meu pai, para não confundir maldade com bruxaria, aos poucos desenvolveu o hábito de chamar quem considerava malvada de "fada má". Foi mais ou menos o jeito que ele, sempre metafórico, encontrou para me discernir deste contexto, que às vezes, pode ser bem pejorativo. Ah! nada mais perfumado do que o amor. Sempre com suas singularidades...o amor é mesmo coisa única.

O tempo passa e confesso que sempre gostei do apelido, pelo poder da magia e pela escolha que evoca. Confesso que, por vaidade de menina amada, gosto de ser singular para minha irmã, para meu pai e para os amigos que carinhosamente me chamam de bruxa. Se existem outras? claro que sim, há tanta magia nesse mundo imenso. Mas é que sou grata pela singularidade que me difere em seus Universos e, justamente por isso, faço tudo de melhor por cada um.

É certo que, se a palavra é meu cristal, minha magia é cuidado. Eu gosto de cuidar de quem amo. É bem meu. Acho que amor,para mim, é uma atitude, uma manifestação no gesto, um "não querer mais que bem querer" ao outro. Ah! sobre isso, digo sempre: O amor é a força mais poderosa que podemos construir. Ela é mesmo mágica.

Sei também que, bom...nem sempre são flores ser e sentir o mundo, fora das lentes do cotidiano. Anagramas e poemas fazem parte dos meus dias...e nem sempre tenho só flores dentro de mim também. Sou um 'bicho ruim', se ferida. Mas, sabe? é bom conhecer nossos avessos. Aliás, ninguém é totalmente bom, nem o contrário. Desconfio de quem se mostra só bom e perfeitamente ajustado...desconfio abertamente.

Mas sei que o esforço no peito - e ele é tremendo - é de cultivar a bondade e a palavra, como cristais que levo comigo...como um grande gesto de fé naquilo que não vejo, mas sinto: A Magia do bem.





LUZ!

Poema da Purificação





*Maria Ester, poeta e amiga, tem hábito de fazer bilhetinhos e me presentear. Este foi de dia D (Aliás, é do Mago)  e dia das Bruxas. É sobre o bem e o mal que mora dentro de todos. Muito bonito, por sinal. Aliás, LINDO! <3

Amalucada


Já fiz as coisas mais idiotas por amor
Também já fiz as mais belas
E me pinto da aquarela
 de tudo que acredito que o mundo é...

Já derramei inteira,
 ajoelhei sobre meus próprios pecados
Perdoei o tempo por passar e quebrar ilusões
Já li o sermão do vento...
 aceitei caminhar, dobrar a esquina,

 deixar a vida soprar...

E eu estou cansada do peso de minhas asas
Ícaro , borboleta de cera - quebradas
Tento compreender a vida, 
mas parece que algo sempre escapa...

Por que será?

Acredito no Cosmos,
Não na astrologia
Faço  meu próprio destino
Assino meus pecados com a marca do 'eu´
teço os próprios caminhos,

Sigo sinais...

num eterno João e Maria
Aprendiz,  anoto percepções em verso
nas linhas tortas do dia
desenho sorrisos nas dobras
de cada esquina da alegria...

Já fiz as coisas mais malucas por amor!
E também as mais sensatas
Mas sei, as melhores memórias
Repousam nas coisas vívidas, 
sentidas e amalucadas,

Aquelas que nunca vou saber explicar...

#


Se não fosse assim, não estaríamos aqui...pois tudo que nos bagunça é exatamente o que faz sentido e a única coisa que viemos fazer aqui...

LUZ!

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Ensaios


Sempre dispersa, nunca alheia:

Pensativa sobre as dores do Universo
No avesso, o verso veio p´ro pulso 
Só para salvar a emoção...
E foi assim que não endoideci:
De ser encontrada por delicadezas...

Mas a fome pranteada nas esquinas
Sempre tira um pedaço do bom da emoção
Meus vizinhos gentis que não podem amar
Amedrontados- Num discreto ir e vir -
Lembram-me o velho ditado: " é proibido proibir"!

- E tudo isso é de arranhar o coração...

O globo azul gira e a gente entontece ou vai junto
Parece que foi ontem que aprendi sobre geografia
Mas nunca sei qual é a direção
interpreto mal todos os sinais
- Na sina de não ver claro, feito a luz do dia...

A vida me bate, às vezes...
Às vezes, revido. Noutras tantas, amacio!
Pois não duvido da suprema lei
Que nada de bom nasce  da lágrima de alguém
A gente aos poucos aprende as regras do mundo...

No avesso, meu endereço tem nome: Poesia!
Sou muito de bênção, escrevo e acredito na bondade
- Esse é meu quinhão
Borboletas em pleno verão passam atemporais, 
Há um jardim amado sob minha janela...

Plantei tanta coisa bonita nesses anos que passaram
Coisas bonitas e verdadeiras frutificaram
Tenho tanto amor cultivado, uma floresta de ternas abstrações
E eu ainda planto a semente da fé e ando contente
Creio tanto no milagre de ser gente

Que nem sei dizer...

Sigo com esse sentimento a latejar dentro do coração
Com verbos riscados na parede da emoção
Haja sangue, corpo,alma e tempo!
Para cada verbo, um momento...

Alterno entre o susto e o riso...tudo bem
Danço só uma melodia qualquer...tudo bem
e continuo doce, porque sou filha de um imenso rio
Por onde for, sou quente correnteza
Sentimento e arrepio.

#

LUZ!

Concreto e Poesia



Acordar, dar bom dia, cumprir agenda!
Fazer o mercado, ouvir o noticiário
Plantar pequenas gentilezas no concreto
Das pessoas...

A gente pensa que não vê
E até endurece ou se perde 
Num gole de cerveja em frente à TV
ou na  nova promoção das lojas americanas

- Vende a alegria do almoço
P´ra comprar a janta -

Por dentro, resisto à mesmice da programação
Presto atenção à mensagem das ruas
um "Se der(r) ame" em um muro ainda não acabado!
é que, em uma cidade tatuada de histórias e canções,
Cada esquina tem suas próprias paixões...

Sim, há amor em Macapá!
E isso é de acalmar o coração...

Enquanto isso, sob a luz do dia,
 vivo de assinar quem sou, 
como uma atestado de vericidade
Mas ainda não sei se esse nome é meu

Ou se estou só na metade...
(Quisera estar , mas estou tão cansada...)
Ainda assim, tento ser flor em meio ao concreto do cotidiano
Mas sei, é preciso ter espinhos
Pois,  quase esqueci:  

Não posso esperar que o mundo
 me trate como trato o mundo
- Pois ninguém controla o que está alheio  a si
Só posso seguir e dar para a vida
O melhor de mim...

Procuro estar  perto de quem sabe
Que aquele roteiro inicial de 'mesmos bons dias'
é só uma parte da vida (ir)real...
pois nos ensinaram errado sobre  (des)importâncias...

Desde a escola até a última do dia
Entre o concreto da vida, o amor e a poesia
Pois os sonhos de verdade são aqueles que não nascem 
nas prateleiras das padarias!

#

E eu desejo muitos força e LUZ para nossos dias. E muito amor.
E desejo que seus corações encontrem com suas próprias verdades e felicidade...afinal, quem sou eu para dizer o que é melhor para o Universo do Outro? Só aqui, em mim. 
E assim, ver a vida falar com sua sabedoria que sempre depende dos segundos...

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Contemplativa


Olhar o rio...
Fúria lunar que produz água torrencial!
Contemplar o vento balançar o sino
Cantar cantigas de ninar...
Pensar em  nós, laços e tecidos
Amor é movido a entrelaçamentos...
Pensar nas coisas que a vida ainda dirá...
Pensar no tempo, não pensar em nada!
Deixar que a vida siga aquela estrada pontilhada...

(O que será?) 

#
Com o tempo, a gente aprende que há tanta sabedoria na contemplação da vida e no entrelaçar tecido pela história... :*Republicado, pois estava nos arquivos de visualizados e gosto do poema.

LUZ!

A beleza das coisas


Nunca acredito na dor
Quando ela aparece à porta
Apenas pergunto "No que vieste ajudar?"
E depois, mando embora...a outro lugar.

Nunca desacredito no amor
Mesmo quando faz silêncio no quarto
Ou quando o dia foi duro
Apenas pergunto: "Quanto, tempo?"
E deixo que diga qual o movimento...

Acredito na beleza das coisas perfeitas
adormecidas dentro da capa dos contos de fadas
Muito mais caio de amores
 por aquelas que falta um pedaço: Wabi-Sabi 
-São as coisas magicamente imperfeitas, quebradas.

 Como nós...
E aquilo de maravilhoso que a gente já viu e viveu
dentro de um Universo que não se explica, não fala
de um gênio com lâmpada queimada
e do mistério...

A humanidade é  imperfeita e bela...
 coincidência ou vontade imperiosa?
A estação está ali, daqui a pouco a gente vai  
Mas estamos aqui !  
vindos de uma espaçonave feita de carne e amor

Depois a gente cresceu e multiplicou ...

E a beleza da arte é nossa linguagem Universal
Mesmo o vaso mais perfeito 
quando  quebrado, não se desfaz
Pois nas mãos de um artista delicado
... Nascem os vitrais.

#

Nós, Vitrais.
Deus, artista...
O tempo, a liga, a tinta, o modo como a vida se escreve e manifesta...

LUZ!


domingo, 28 de outubro de 2018

Poema sobre os tempos


As flores das palavras murchas...
Resistem, pois há sempre há perfume em nós!
Da crença, da poesia, dos dias belos e da ternura - sem armadura!
Mesmo quando o dia cai, cinza e sisudo
 O coração da poeta hoje é um canto mudo...

Tempos de delicadeza resgatam,
aguardamos chegar...será?
 botas ideológicas pisam em nome de uma falsa glória
de quem não conhece sua própria história...

São tempos difíceis para sonhar, dizia Amélie.
Aqui, o medo é self service do jornaleco sensacionalista do dia
alheio, o  poema sabe que precisa ser porta voz dos tempos
não é momento de apenas observar...

Sentada na calçada suja de flores que reguei, lembro de meu  pai...

E quando falamos pela primeira vez em bondade
e também sobre a longa lição de honestidade
 como fruto dessa raiz,  coloco para fora
tudo aquilo em que acredito:  Não se preocupe, pai:
 eu RESISTO! Sempre resistirei...

E faço o certo mesmo quando não tem ninguém perto
ou quando é o caminho mais comprido
e o meu gemido, deposito aqui, no chão dos tempos
...Será que o relógio sabe mesmo sarar nossos medos?

E se for porta voz da confirmação de nossas projeções?
e se ter razão for justamente aquilo que nos mata?
Ser pessoa em meio a portas com eira e beira
cuidadosamente enceradas e fechadas.
(guardadas por botas ensanguentadas)

Ter um coração de sangue é um perigo!
Mas nada faz mais sentido do que sentir e tatear a existência
Do que experimentar o sal e o doce de ser gente
estrela cadente...que do carbono, fez matéria e milagre!

Somos uma espécie de arte na galeria do Universo...

Não sei para onde a vela vai soprar o barco da nossa história
mas sei que o movimento é perfume marcado na memória
Sempre foi, sempre será aquilo que mantém o coração de pé:
Amor - verbo intransitivo - coração quente...

e fé!

#

E as desigualdades celebram nossa estupidez, e parece que todo mundo celebra o que desconhece...Mas, sempre há perfume em nós. E flores que resistem aos dias.

ELES ACHAM QUE PODEM. MAS ELES NÃO!

" Mas veio o tempo negro e a força fez comigo o mal que a força sempre faz..."


Eles podem começar assim..."estamos em crise. precisamos diminuir subsídios...vamos diminuir políticas públicas e investimentos. Precisamos de menos direitos trabalhistas! reforma da previdência é bom - É CULPA DO PT. Quebrou o País"...Aí, a sequência é a seguinte: diminuição de liberdades. Por meio de LEIS. Ainda é 'democracia'. Mas agora, é apenas uma capa.

Proibição de casamento gay, em nome da moral e dos bons costumes. Nossas crianças não precisam saber como foram concebidas, é tudo CULPA DO KIT GAY. 
Gays se beijam em público? que pouca vergonha.
E esse 'preto' de jaleco? doutor sujo. Ele pensou que podia ser doutor?

Fim do bolsa família, pobre que se vire. E nossas doces crianças menos assistidas, precisarão sair da escola...com fome e sem orientação. A criminalidade aumenta ainda mais...
Resposta: TIRO. DÁ TIRO EM LADRÃO.  Ele tentou te roubar? ele roubou, com 16 anos? CADEIA.  SUPERLOTAÇÃO.  Resposta: MATA.
MAS NÃO ABORTA, POBRE: DEIXA PARA A SOCIEDADE A EXECUÇÃO SUMÁRIA., 
BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO.

Mas...se ele for branco e rico, filho de General? ''ah, o menino só precisa de umas palmadas''.

Incentivos à cultura? TRABALHE. O Estado não tem que dar nada. Vamos privatizar. Vai ser bom...sem concurso público, novas atrocidades e diminuições de direitos acontecem. MULHER NÃO PRECISA DE LICENÇA MATERNIDADE. TIRA. Ou trabalha parida, ou passa fome. Vagabunda.

Aliás, a sociedade está perdida assim porque a mulher deixou de sua 'obrigação' de cuidar de filho e quis trabalhar. VAGABUNDA. Proíbe. Volta para casa, pede permissão dos pais ou do marido. NÃO MANIFESTA, fica calada! MATA. Vagabunda.

SUPRESSÃO ATIVA DE MANIFESTAÇÃO. Bandidos. VÂNDALOS. Querem tumultuar a ordem. COMUNISTAS! PERIGO: TERROR VERMELHO. Resposta: MATA. COMUNISTA É MAU. MATA. 

Prende esse bando de baderneiro, comunista, vândalo, vagabundo. "Dá umas porradas', envia saco na 'cara'. Tortura. ADVOGADO APARECEU AQUI? Manda 'sumir com ele'. MATA. Filho da puta traidor da pátria. Quer reclamar, vai para Cuba.

SAIU NO JORNAL? QUEM ESCREVEU ISSO? MANDA CHAMAR 'AQUI' na DP o ''Filho da puta''  transgressor da ordem. Traidor da Nação. MATA.

ELE estava à paisana, nem era manifestante? mas era 'preto', já viu...é perigoso. Quem mandou estar na rua? MATA.

Chama o EXÉRCITO para controlar as ruas. Chama. A Constituição permite. Ordem pública. RELIGIÃO É O QUE FALTA PARA ESSE POVO. Povo ignorante. Comunistas de merda. Mata. Mata o poeta, o advogado, o cantor, o jornalista, fecha / adverte JUDICIALMENTE UNIVERSIDADES. LIVRE PENSAMENTO? COISA DE COMUNISTA. AMEAÇA VERMELHA. MATA!

Esse povo acha que pode reclamar porque tem 'direitos'. Isso é culpa da Constituição. Muitos direitos, muito "mi mi mi"...MATA! GOLPE DE ESTADO. ATOS INSTITUCIONAIS.


#


Esse é um roteiro bem básico sobre democracias envergonhadas e transformadas em ditaduras.
Observação: Bom, mas essa narrativa pode ser diferente. Se a gente permanecer atento e contraproduzir essa narrativa podre, pobre e alienante. Se a gente resistir e não permitir que os novos meios de comunicação e formato de discurso nos enganem quando vierem os primeiros indícios desta que pode ser uma Ditadura institucionalizada por termos jurídicos e muita, muita hipocrisia social.




Poema Brasil


Era uma vez um poema e o seu tempo,
sem verso, sem poesia.
É sobre a lágrima que cai, 
E  o sangue que se lava no domingo.

é sobre meus vizinhos, casal bonito, que hoje, 
fecha as janelas mais cedo
na perda da dignidade de envergonhadamente serem apenas
...dois meninos.

Sabe, eles são bons meninos
...sempre tão gentis.

é sobre  uma menina que esconde pecados,
poetas silenciados, 
medo : esse é um poema mínimo.
esse é um poema calado.

Calado e claro, como a manhã que vem...



Esse é um poema pobre, com fome,
na esquina da Avenida Brasil,
Sem país, sem teto de sobrevivência
sem parede legal, sem nada.

Esse é um poema que mendiga sua história.
Que não sabe quem é e não sabe para onde ir...
-de país com labirinte
Meningite e acefalia.

As coisas que não cabem nesse poema?
Cabem dentro desse país que não é país
de uma (suprema) casa muito engraçada, 
de Cidadãos sem cidadania plena, sem nada.

Esse é um poema que assiste, aflito
Sua Constituição em uma câmera de gás ligada.
 Esse é um poema calado, Que à beira da execução se levanta e declama
A palavra ternura! Em honra à memória de Lorca,

E de todos que foram e que virão
Esse é um poema que diz: ELE NÃO!

#

sábado, 27 de outubro de 2018

Sobre Ted, HYMIM, sincronicidade e coincidências significativas (Spoiller à vista)



Eu acredito mil vezes no amor. Um milhão. Acredito tanto na força bendita da palavra. Do poema. Das pessoas...de uma forma, que nem sei dizer. Não poderia ser injusta com a força mais magnífica do Universo só porque o verbo às vezes dói. No avesso do acaso, não acredito em desencontros. Só em laços. Laços que se montam e amontoam em nós, e que, às vezes, se apertarem demais, precisam ser afrouxados. Acredito em sincronismo e diacronismo. No movimento do Universo...

O Universo me remete ao Ted Mosby, de How I Met Your Mother - HIMYM, amigo particular do personagem, com quem mais me pareço, segundo as pessoas que me conhecem. Ted , romântico inveterado, aparece pela primeira vez, já no primeiro dia de longas 09 temporadas, com o pensamento: "Está bom. Já posso conhecer o amor da minha vida".

Foi no dia em que conheceu a Robin. Mas eram mundos avessos, agitados de formas e com perspectivas diferentes. Um dia, encantado, Ted disse..." Ficar com Robin era simples. Eu só precisava...fazer chover". Que impacto essa frase fez em meu mim! depois, longas temporadas na expectativa de que Ted "fizesse chover mais",para caber no coração da jornalista.

Muitas vezes, em uma realidade paralela, imaginei como seria ligar para o Ted e conversar com o cara sobre algumas coisas....como sobre disponibilidade, e o que é ser e estar com alguém disponível. Isso não envolve se colocar em uma bandeja, para alguém te provar quando quiser.Não. A disponibilidade, envolve a capacidade de entremear seu mundo ao da outra pessoa.  A disponibilidade, dentro de um parâmetro saudável de dedicação, é um gesto de amor.

 A mesma disponibilidade que fez a Robin casar com Barney, o melhor amigo do Ted, mesmo sem ser afeita a relacionamentos (Surprise!).Foi, eles quebraram o coração do mocinho sonhador. Mas aquele não foi bem o final da história. Na verdade, foi um pedaço necessário para Ted. Para, pela primeira vez, entender a realidade:  a Robin não era indisponível para todos, mas para ele. Ela gostou,amou e foi inteira com o Barney.

Admito que Robin foi sincera com Ted. Ela sempre respondeu 'não' a todas as perguntas do mocinho. Por isso, fiquei bastante aborrecida com a série e não com a Robin. Afinal, ela tinha o direito de gostar de quem fosse e de errar,acertar, tentar...fiquei aborrecida com a falta de lógica dos autores, ao mostrar, no mesmo episódio em que  o Universo que queria conhecer o amor de sua vida e conhecer a Robin, no mesmo dia...para depois ela quebrar seu coração. 

É, lá - como em todo lugar - o amor machucou  e foi belo, de infinitas formas,também...tudo bem. O amor já fez silêncio onde palavras eram preciosas e, no avesso, o amor já provou, com atitudes, coisas diferentes de que proclamava. Mas afinal, o amor é mesmo maluco.  Lá na série e em todo lugar do planeta. E o amor é sempre bom...Quem poderá entendê-lo? 

Mas deve ser um pouco da charme da série. Tudo bem, afinal...sem essa dor, não haveria enredo, não é? Isso é uma série, não é a vida. Mas a vida também precisa de capítulos - e uns nos doem mais do que outros. A diferença é que a gente nunca sabe o final. Que bom, aliás. Aqui, dá para fazer muita coisa. Cada dia que nasce, roteiros, emoções...a gente prova a vida, sente o sabor, e deixa que ela nos prove também. É bonito e menos conclusivo...é real, muito real.

O certo é que, na série, um dia, sem precisar fazer chover...dentro do único lugar em que ele não gostaria de estar (o casamento de Barney e Robin), Ted conheceu a menina de olhos meigos, que disse sim para tudo que ele perguntou. Confesso, foi triste não ter tempo de conhecer as imperfeições da Tracy. Eu teria amado. Duvido de qualquer perfeição, sempre. Mas ficou só o perfume da menina doce, meio nerd e excêntrica, como o Ted, e que o conheceu na estação de trem, aquela que o levaria para longe de toda sua vida...(Surprise! - e último spoiller).

Recordei agora de um determinado momento, em que Ted conversa com Robin sobre pessoas e encontros. É quando Robin fala em Sincronismo, sem mencionar que é conceito de Jung, que desenvolveu uma teoria sobre o sincronismo e as coincidências significativas . Vale a leitura. Tem um pouco do que penso sobre encontros...mas não vou delongar ainda mais a conclusão. É uma leitura aprofundada e vale outro texto.

Bom, ao todo, já vi HIMYM 09 vezes. Acabei agora, novamente, a nona temporada. Por quê? 

Porque gosto de palavras de bondade, que foi a resposta do Ted, para quase tudo. Sempre fez e agiu dentro de um contexto humano. Não porque sou como ele ipisis litteris, na verdade, ferida, sou um bicho 'ruim como o diabo'. Mas só se muito ferida. Mas fora dessa defesa - que é pessoal e direta -  é sempre assim: as minhas são palavras e gestos de bondade. Para o meu contexto e para com os demais...por isso, digo sempre: BÊNÇÃO! 

Sobre o final da série, durante muito tempo, odiei. Hoje, é mais moderado. Mas prefiro milhões de vezes a versão paralela, em que T.M são uma dupla até o fim. Acho que o amor deve ser uma coisa entregue, vivida entre dois, em um Universo...generoso, que une corações, almas - ainda que diferentes - para encontrar e fazer ainda mais BELEZA, porque essa é a regra mais natural...do Existir.

Pela lei natural dos encontros - frase da música dos novos Baianos que trouxe e emprestei para criar uma teoria maluca, confabulada em uma tarde qualquer com a Alcinéa e Ester, minhas fadas madrinhas, ao falar sobre nossos encontros pessoais de mundos poéticos ,coisa que também vale um texto próprio -  a gente se afina com quem parece conosco...é,  a lei dos encontros. Do sincronismo. Foi isso que aconteceu em HIMYM. É assim na vida.

Quanto mais bonitas as rimas, melhor a canção.  Por enquanto, ouço a canção do tempo tocar, com sua beleza, virtudes e vertigens. 


LUZ!

Sobre Cor,Miopia...e amor! (melhorado) :)



Sempre usei batom vermelho, sempre escrevi e poetizei sobre o mundo, debati em todos os cantos cinema,filosofia e arte em geral e usei vestido rodado e roupas floridas desde antes de saber escrever 'vestido' e 'flor'. Vaidosa, nunca gostei de cabelo despenteado, lugar bagunçado, coisas sem perfume. E eu amo CORES.

Minha irmã, companheira de vida, bem que tentou diminuir o batom, colocar mais roupas brancas, menos cor, menor cor! Aos dez anos, decidi que ia ser ruiva. A minha cor favorita já era vermelho, então...era a lógica mais que natural. Foram anos de tentativas infrutíferas de fazer uma mudança de opinião - que nunca veio. No mesmo dia em que fiz 18 anos, eu me tornei a garotinha ruiva que nasci para ser. Foi só um erro de cálculo.

Essas coisas ninguém ensinou. Foi um movimento autêntico, todo meu, de vida. Sempre fui autêntica. Aliás, até demais, para minha pequena família.Dizem que os desajustados é quem criam as coisas do planeta, não é?  não sei,mas isso me conforta de um jeito (rs). Aliás, o aluanaodorme foi minha forma de começar a colocar esse mundo de ideias, de ludicidade e de encontrar na plataforma outras poesias, porque esse lugar reúne gente muito talentosa!

Foi uma delícia escolher suas cores, seu formato...que lembrança bonita. No que se chama mundo 'real' - aliás, que ambiguidade! é justamente no mundo real que mais encontramos irrealidades -  sempre fui dedicada  com minhas pessoas e meus sonhos e  acredito na força poderosa do Universo, embora bastante crítica para saber das leis do arbítrio. Converso muito com Deus sobre isso...sobre a estrada de pedrinhas amarelas...




Sobre as pedrinhas amarelas, às vezes elas me doem os pés. Mas deve ser assim com todo mundo. Por isso,  mantenho os olhos e coração enternurados e coloridos, resisto à ideia de deixar que um dia ou um pensamento cinza modifique a paisagem...até porque, a vida fala, pinta a tela do dia a dia e conta seu roteiro...eu é que sou apressada (risos). Sangue quente, viva, amor bem vermelho. Esse é meu compromisso com o existir...

Com o tempo, aprendi que lado é lado, por conta do exercício político. Aliás, é a frase preferida do meu irmão. Como sempre fui muito conciliadora, detestava o pensamento. Eu dizia a ele que transitava e que isso era bom. Até entender que, na prática, escolher quem a gente é, no que acredita-  e até quem a gente ama de verdade, envolve isso: 'fincar' o pé em algum lugar. 

Isso, na prática, envolve sim, ser e ter um lado. Principalmente...quem está ao nosso.Por isso, eu sou uma leoa por quem amo e revido mesmo. Lado é lado - me perdoem os indecisos, o 8 ou 80 aqui, tem no CPF (rs).

Mas esse texto é sobre cor.  É sobre o verde e o cinza do Vilhena, que pintaram minha vida, com sua sinceridade. Eu sinto falta.  Essa digressão é sobre as cores...as cores que são  minhas. Dos livros (aliás, sempre falei e li e debati muito, livros não são para impressionar ninguém, são material da bruxaria de pensar) - entre outros, as cores do Rubem, da Cecília, de Clarice, da Maria Ester, do Fernando,  do Leminski, do Gaiman, do Doyle, do Sagan, do Kafka, do Allen, do Drummond, do Huxley, do Kundera, do Ginsberg. do Dostoiévski, da Maria, do Alcy- alguns desses, amigos queridos com quem tenho a sorte de trocar mais do que palavra e cor, mas também afeto.

E as cores dos meus sonhos, que sempre falam em coisas multicoloridas (apesar de que um romance em preto e branco cai bem). De livros a poemas, de músicas a estilo, e sobretudo de vida, quem entra  nesse infinito sabe: tem cor, verdade, paixão,filosofia e vontade de fazer bonito.

A despeito de tudo que está escrito, ainda descubro quem sou. É um tipo de miopia, para a moça ao espelho. ENTÃO, através dos olhos de quem me ama, de quem caminha comigo pela vida...as pessoas me ensinam, ao longo da jornada.  Elas mostram  a minha cor...em suas vidas. Mas nada disso diminui a grande alegria e verdade que a gente carrega por dentro, e que eu desejo sinceramente para todos nós, é uma coisa plena, que chamo sempre de ... LUZ!

(Própria ou imprópria, é sempre pessoal) :)

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Conversas com José*




Foi depois de crescer, José
Que entendi o porquê de toda aquela poesia
Quando caía o dia
E tu me embalava a rede, ao som de um barzinho...

É que em meu  mundo pequenino
Ainda não havia tanta perda de beleza
Mas tu sabias, a correnteza
Ia mudar a maré...

A vida chegou agora,
inteira, bonita e doída,
E amanheço sem poder te dar bom dia
Mesmo quando o dia não está bom...

Mas, para minha alegria
Esse laço nos une : a palavra
E a rima bem sentida de gente bem amada
Então receba, meu pai, essa lavra...

Aqui, há tanta ausência de esperança
Nem Robinson Crusoé aguentaria
Pessoas não são o que dizem
Há mais mentiras que sonhos na padaria...

Mas eu sou dura, José! - Como Drummond 
 E macia como Chico
Nenhuma lágrima ou decepção
Pode apagar o meu riso!


#

(Voa por onde for 
E não esquece do meu amor
E me protege daqui,pai)

Dia de trabalho cansado, tempo que não parou, mundo assustador...sei lá.
Já disse Martha "acho que não sou daqui".