“Não me peça que eu te faça uma canção como
se deve...”
Meu cantor favorito sumiu do mapa.
Em vida!
Os melhores nomes que ouço, as maiores verdades que ouvem meu coração
foram ditas por pessoas mortas: aquelas dores, filosofias, verdades,
amores...todas eternizadas em canções de quem resolutamente não está aqui.
Mas, ele...ele deu um golpe na vida.
Não muito à vontade com a ideia de ser um produto, simplesmente ele
parou 'aquele mundo' e desceu. Chamam-no de ´pródigo´, imputam-lhe deveres e
obrigações de quem ainda está aqui. A sociedade não consegue compreender que
ele simplesmente não está mais.
Pensando um pouco, somos todos produtos, cada um à sua maneira. Há
quem reinterprete tudo e siga compondo sua própria loucura, há quem ache a
normalidade a coisa mais comum e segura a se fazer e há quem nem saiba que está
seguindo a dança alheia, “vive o dia e não o sol, a noite e não a lua”.
Alguns, essa gente “honesta,
boa e comovida”, deixam em mim a concepção de que são quem constroem o andar do
planeta, em um trabalho de formiga e construtores, são operários do existir.
Outros, os mecanizados, deixam a sensação de que a imbecilidade ainda vai
destruir esse negócio inteiro.
O perigoso entre a normalidade é que existem muitas pessoas querendo
conceituar como deve ser a SUA normalidade, já a loucura...bem, ela é
aleatória: cada um à sua maneira e dela ninguém duvida ou pode ditar como convém, porque não convém e pronto.
Os ‘doutores da normalidade’ deixaram doente o rapaz latino americano.
O rapaz já viu o mundo como agora não vimos: calado, enviando em concordes seus
substantivos do termo saudade, onde usar a voz era sinônimo de subversão.
“Eu quero é que esse canto torto feito carne
corte a carne de vocês...”
Quer dizer: Nós não vimos? Nós quem? Ainda continuamos violentos, como
o mundo em que vivia o rapaz latino americano e onde todos querem silenciar a
todos. Muitas falas para poucos ouvidos. Talvez menos empáticos,
o que potencializa a violência.
Não tenho muita vontade de sair do mundo, porque à minha maneira, já
vivo fora dele. Usei as armas de compreensão da felicidade e da tristeza (sem
fazer delas um culto, mas um canto) e de não deixar de enternecer e indignar
com o que incomoda. Se pudesse, faria o
mesmo que o meu cantor favorito, mas fico por aqui, pelos meus (principalmente).
Há quem fique por covardia. Há quem fique por amor. Há quem não veja
outra opção, reflexo condicionado da existência alheia.
Quanto ao meu cantor favorito, bem... quero mesmo é que ele em vida
realize o mundo do jeito dele, na sua própria loucura e verbo, e esteja feliz,
onde estiver.
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