sábado, 30 de junho de 2018

Pequenos notas sobre o "Quando..."



O último pedaço de bolo, um domingo no cinema,
Perder a hora do poema, esquecer e não anotar a rima,
Não ir gastar o fim de tarde na Paulista
Deixar de observar o vento balançar a vida...

Não viver o momento, adocicado e lento
Com a delicadeza de estar presente, inteira.

Esquecer o aniversário de alguém amado, 
Esconder um verso, ir menos ao teatro e mais ao supermercado,
Apagar um sonho riscado com a ponta de giz,
ter medo, errar e não pedir perdão...

Só me devora o que não fiz, quase sem querer!
A aula que não pude aprender, o tempo  em que desfiz laços...
As vezes que fugi de mim e nem notei
A lágrima  sentida, no bolso esquerdo guardado

O amor que esqueci no varal e secou,
A velha dor nos joelhos, o tempo que não me doo, 
e justifico e sigo! a falta que não digo,
e às vezes, nem percebo.

Não fazer o melhor poema de amor a cada  ser amado,
às vezes, desatentamente, errar a curva da estrada
machucar a emoção de alguém 
Ou não doar o melhor em mim no 'agora',

---- Só o que não fiz  e o que não vivi 
O que não doei e não me dispus, 
A dor que gerei e não pude reparar
A vida flagrante, que deixei de respirar :

São as coisas tantas que, às vezes, junto do poema
Sentam comigo, sob minha janela
e perguntam sempre e muito:
Quando? Quando? Quando?   ---

#

" O mundo começa agora
Apenas começamos"



Conversa ao Espelho ou "tudo que queria te dizer'' (Filosofia do Boteco da Lua)



Senta ai, caro leitor, que eu ando com saudades desse boteco e nossa prosa poética, às madrugadas! hoje, o papo vai sair quentinho, junto com o café das cinco, pois nem sempre as madrugadas são para esta lua antiga, que já tem 34 e, às vezes, sente um sono de 340...

Aliás, confesso que me sinto 340 pessoas diferentes ou mais, um milhão de vezes...e quantas mais será que poderia ter sido? Sei lá.  Aliás, já sentiu vontade de conversar consigo mesmo? Não estou falando de múltiplas realidades, coisa que também adoro, mas de uma única - a de agora - onde um 'eu' do futuro conversa com um 'eu' do passado. Ou vice-versa.

Certa vez, há muito tempo atrás, li um livro intitulado "Tudo que eu queria te dizer", da poetisa e cronista Martha Medeiros, onde, por meio das mais variadas situações, foram registradas cartas entre pessoas 'anônimas', aconselhando ou expressando opiniões. Por algum motivo, interpretei que a autora enviou, em muitas daquelas correspondências, cartas a si mesma. Ou às muitas que ela foi.


O tempo é mesmo engraçado, pois nos transforma de formas diferentes e nos convida a andar e aprender com ele ou a repetir a lição, até adequar as lentes do presente. E como é dolorido aprender! às vezes, queria ter nascido pronta e pulado cada queda que ralou os joelhos, cada lágrima ou curva errônea do caminho...quem nunca? mas depois, lembro como foi bacana aprender a andar de bicicleta. Nunca vou esquecer aquela calçada. Como foi legal nadar nas correntezas do Amazonas pela primeira vez, o rio que inunda que corre em meu sangue e emoção.

Como foi lindo ver a primeira planta do meu jardim ser plantada. Ah! Tantas coisas legais que foi legal não saber e vivenciar pela primeira vez! A vida é uma roda-gigante. Aliás, estudos confirmam que o cérebro é melhor estimulado se você faz algo novo todos os dias. Sabia? talvez por isso goste de escrever: se sair muito igual, já sei que preciso 'viver mais'.

Tem um monte de gente criando roteiros de vida perfeita e há ainda os que tentam seguir essa cartilha. Será que é por isso que tem tanta gente 'doente do coração', como diria o Chico? há muita dor no mundo e muitas pessoas boas sentindo essa dor intensamente. Será que a gente aprende no futuro o que vivencia no passado? como um 'retardo' de entendimento? ah, sei lá. Particularmente, acho que sim. Eu tenho mesmo essa 'atraso de vida', como disse Manoel de Barros.

Sobre o assunto, recomendo o filme ao lado. Amo a ludicidade como é retratado as angústias de ser e o significado real de ser feliz. A primeira vez que o vi, comecei a rabiscar esse texto. 

De pensar sobre essas coisas, sobre o ontem, o hoje e o amanhã, rolou um rascunho de algumas coisas que eu - de agora - gostaria de ter dito, umas ou outras vezes à outras Jacis, do passado - ou futuro.  É meio sentimental e vago, porque cada uma das pessoas que eu fui viveu outras realizadades e detalhes que talvez agora passem desapercebidos ao meu olhar de Jaci do presente...

Certamente, as tuas melhores ou piores memórias te acompanham. O resto é meio que um amontoado desorganizado que caminha contigo e comigo também. Agora imagina juntar isso em algo? E ainda encostar no mundo ' do outro'?  dai a confusão e, já disse Caetano, ' o inferno são os outros'. Acho que é por isso, que tantas vezes, rola aquele velho ' como seria se...'

Bom, a maior parte do tempo, quero mesmo é construir laços honestos e felizes de amor, hoje, agora, para que esse EU que me habita, goste de caminhar pela vida e para que a JACI do Futuro receba de mim o seguinte recado: fui honesta com minhas emoções e sonhos, fui justa com as pessoas ao meu redor, eu realmente fiz o melhor que podia, em cada lugar que escolhi estar. E espero que, por isso, você seja uma pessoa FELIZ.



Bom,  fiz um rascunho. E te te convido a fazer o teu.  Compartilhei contigo por lealdade à tua leitura nesta longa digressão. Se quiser passear comigo, aí vai. :)

Atiro as palavras como a náufraga que envia a si mesma mensagens...vai que um dia chegam.






(...) Olá, garotinha! não tenha medo do escuro. O dia vai raiar. Freddy Krueger não existe. Nenhum medo é maior que o amor que te rodeia...durma, meu bem, sonhe o mais que puder (...)

(...) Ei, jovenzinha. Sei que está com outro tipo de problema agora...que o 'escuro' é o futuro. O medo do vestibular e da escolha de vida que envolve, aos 16 anos, não ter a graça de errar, é real. às vezes, vais pensar que erraste. Mas errar é bonito e, ainda que dolorido, tu vais se tornar uma pessoa e uma profissional bacana para o mundo, justamente por viver e sentir cada instante dessa escolha difícil e dolorida, que um dia aprenderás a amar e honrar (...)

(...) Olhe firme firme nos olhos dos idiotas de cabeça branca e aspecto intelectual, que riem quando gaguejas ao falar de leis e diga eles que estão ali finalizando uma etapa de suas vidas, que nem parece ser tão boa assim, já que riem de alguém que estava apenas começando.  Tu vais falar para plateias melhores e mais qualificadas, no futuro, com tranquilidade e empatia pelos que ainda não conseguem, porque aprendeu com a vida que todo mundo está em algum ponto de seu caminho pessoal, intransferível e bonito, à sua maneira  (...)

(...) Pode chorar, rosa de abril. Pode se despedir, sem esquecer que não é o fim. Ainda  há muita coisa para fazer esse cara se orgulhar do que te ensinou.  Você teve e terá uma vida melhor e poderá fazer ainda mais bonito, movida pela força do amor raro que recebeu (...)

(...) Tudo bem não ter esquecido só aquela jaqueta, tudo bem não ter embarcado naquela viagem. Desse ponto de interrogação em suspenso, muitos saberes se multiplicarão. Depois de tanto aprendizado, tudo vai fazer sentido. E o que não fizer, é aprendizado inconcluso que uma hora ou outra chegará. (...) 


(...) Continue a sonhar. Alguns planos não vão florescer, apesar do  empenho e expectativa. Muitas coisas extraordinárias são vividas em cada 'não' e em cada 'sim'. Persevere doce! tenha paciência consigo, porque ainda chegarão outras, que precisarão desse carinho emocional (...)

Por fim, queria dizer à desconhecida que virá e  às outras que a sucederão talvez...

 Ei, dentro, dentro do possível, estou fazendo, em cada lugar, o meu melhor. Espero que baste e que o lugar onde estejas seja bom, bonito e seguro, porque aqui, todo dia,  tento enviar para você do futuro esse presente generoso e justo, de uma vida feliz!

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Das "sabências"



Rir para o sol, desenhar beijos com batom
Brincar de tecer sonhos com as pontas dos dedos!
Nuvens de algodão, contos de fadas
Crer nas coisas doces, alma amalucada
desistir da semântica e recitar o silêncio...

Descobrir a alegria da contemplação - encontrar
aprender a segurar e não soltar
 – um alguém, um lugar- 
entrelaçar as mãos e ver o pôr do sol
Bonito e doce, ser amor e lar.

Ajeitar os passos para dançar junto,
Passear em céus azuis e noites estreladas 
com as delicadas asas da felicidade
Respeitar a espírito da natureza
dançar com a tempestade...

Ser sentimental e frágil - Sine cera
Encontrar a delicadeza e tocar quimeras
Descobrir no horizonte almas tão dispostas
Quanto o próprio coração...
Receber a vida, curtir cada prorrogação

Caminhar com emoções descalças
Sem medo das pedras ou curvas da estrada
Doar sentimento, tanto e desmesurado
Seguir com o tempo, peito sossegado.
( Toda poesia sabe que veio ao mundo morar n´um amor)




Música boa para começar a semana e abençoar a você que me lê:
Muito amor para a sua semana. A gente veio aqui, feito poesia...
('Sabências')

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Tempos Modernos






A última vez que fui ao mercado
Dei com seu João, cabisbaixo
Pensativo, lá, com seus botões...

Alguns dias depois, fui ao cinema
Percebi o quão triste estava a mocinha à minha frente
Parecia quase dormente
Tão nova, eu quase perguntei...

É, há uma delicadeza dispersa
Que cada vez mais desfaz o riso solto
‘Um bom dia ‘ ou verso louco
Que faça as pessoas falarem em amor...

E  ainda existem os sensatos
Gente de inexpressão
Que, ao olhar para o lado,
Não enxerga a dor de  um irmão...

E há ópio pra curar ou para enlouquecer
E pouco tempo para sentar
Conversar com um amigo ou ver o dia nascer:
Que tempos são esses - já dizia minha avó...

é difícil ser gente e construir no verbo e ação
Tudo que dizem que é felicidade,
e para completar toda essa ambiguidade           
também não a sei definir...

Mas, por teimosia, quiçá lealdade à poesia
Quero sempre falar no mistério e  alegria
Que é estar e ser, dia a dia, parte dessa jornada
E sonhar tocar o sol com meu belo par de asas

Encontrar a doçura tanta que  mora no azul...

Reverenciar , pois, no meio de um incrível mistério
Por uma força qualquer do universo
Existem estrelas e sol e cometas
Riso, borboleta, flor, luar e alegria

E muita coisa doida e linda pra viver!



Dos pesos e levezas



O peso do mundo
a dor do segundo
O que cabe na gota 
que rega o olhar?

Uma despedida,
triste partida,
aguda alegria
O sol, a areia, o ar...

todo mundo é  rio
e traz um mar dentro do peito
e às vezes, dá de a onda bater forte 
e arranhar a ribanceira,

às vezes, é dura a correnteza
e fica difícil viver
medir ou mensurar!
Entre peso e leveza

O que cabe na água  que cai de um olhar?

#

E eu espero que, se houver água no teu olhar, que me lê, haja um nome qualquer que tu possas cantar, só para reafirmar que o mundo é bom.  <3

LUZ!


quinta-feira, 21 de junho de 2018

Infinito mundo! Tão pequeno...



 Infinito mundo! Tão pequeno...

Veja, aquela flor, cabe na palma da minha mão.
Num universo vasto e lindo
O que importa é o bem-vindo
Apelo da emoção...

Assim, km, metro,segundo
Tudo é apenas medida e comporta
Regras de espaço e tempo que a  gente só nota
 quando é preciso alcançar a rota...

Prefiro então a medida do verso
Que eu seja o alcance do verbo
Que a gente saiba caber
Bem dentro de um amor!

Prefiro então a medida do abraço
Com quanta alegria de faz um laço
E que a gente só conte o espaço
Entre a pele e o coração!

 Não metrificar ou quantificar alegria
provar  do sal e do sol na saliva
Sentir o calor da terra no pé ao tocar chão!
Andar por ai  e descobrir a geografia  da vida

segurando em tua mão...# 



Mas meu amor está distante, umas sei lá, 48 horas
Quando faz falta, já diz o poema: A gente nota! <3




quarta-feira, 20 de junho de 2018

Enigmas do Espelho



Universo complexo, mundo disperso,
Tudo em que toco seria  o que realmente vejo?
Nem me lembro da última vez em que não duvidei...

É que o espelho me diz que do avesso é  como a face se parece! 
e que o rosto que ri na imagem
É um tipo de ‘eu ao contrário’...
 - Ou seria só miragem?

Então, por que será que a gente cresce
Sem se perceber ?...

Depois desta constatação,
dei de olhar desconfiada para o reflexo
Suspeito que a qualquer hora,  se moverá, per si
Alma que não movi,identidade alheia a mim...

- Deves me achar louca, bem sei.

E até confesso que já cometi loucuras
Perco tempo a entender cada ângulo de um quadrado
Há tanto cuidado, pois, no cotidiano de espelhos quebrados
 Tudo é avesso ou lado?

Será que fui para o verso errado
Da última vez em que te vi?
Será que num outro unir de verbo
Onde mudei o bater de minha asa

Tu ainda estás em casa?

Será que não estou dentro de um paradigma?
Ou existo num tipo de estranho enigma?
Numa Matrix onde nem mesmo percebo? 
Presa em metáforas,  

feito ‘Alice, através do espelho?’


* Por um detalhe no dia da minha despedida mais doida e doída (dar 'até breve' ao meu pai), sempre me perguntei se 'o bater de minhas asas' não poderia ter mudado esta despedida...

Com o passar dos (d)anos, muitos livros e até alguns filmes suscitaram questões parecidas...efeito borboleta, Donnie Darko, 'A dona da história', 'Feitiço no tempo', e principalmente "Alice através do espelho".

Este poema nasceu dessa dúvida, que vez ou outra me ocorre: onde estou é onde acho que estou? eu poderia ter feito algo para alterar um pedacinho sequer de algo? e se esse algo mudasse, quem será que eu seria agora? Será que em algum lugar, eu sou essa outra que eu poderia ser? quantas versões de mim eu poderia ter sido? ou sou? 

Será que eu algum lugar 'eu sou'?
é uma doideira existir. Suspeito.
Não note.

LUZ! :)

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Enquanto tempestade





No meio do caos de milhões
das tantas solidões e emoções
eis que uma só me dói
e corta a carne...

A chuva cai,
E  no meio de gotas de tempestade
aquelas que nos olhos ardem
São justamente a que caem em nós...

às vezes a gente só precisa
De alguém para nos proteger da chuva
e dizer que vai ficar tudo bem...

às vezes a gente é feito bicho
que quando ferido, não quer ser atacado
pois sabe que  o corte precisa de cuidado...

Dentro de uma tempestade,
Toda a gente devia de ter
uma fórmula secreta contra a dor (deve ser amor)
porque somos frágeis...

dentro da tempestade,
todo ser que respira
só precisa de um canto
p´ra se sentir guardado.


#

Às vezes até parece que a gente carece de falar com Deus...





Às vezes até parece que a gente carece de falar com Deus...

De enviar um “alô” ao céu e perguntar: “Como vai?”
Às vezes parece que em algum ponto do espaço
O grande mestre ganhou n´alma um cansaço
E esqueceu do planeta azul...

Às vezes a gente até precisa ir pro colo de Deus descansar...

Pedir um lugar pra repousar
Como se, no meio de uma longa revoada
Um beija-flor quebrasse a asa
E precisasse de um lugar...

Às vezes até parece que a gente carece de falar com Deus...

Contar um pouco de como está a jornada
Perguntar como a vida, pra quem vê de cima, anda
Porque ainda temos apenas estes pequenos olhos de menina
Que não sabem enxergar além...

Às vezes a gente até precisa ir pro colo de Deus descansar...

 Ícaro ao sol do Equador, asas de cera a sonhar!
Sempre em direção do céu azul
Depois decair, anjo despido do brilho celeste
Que acordou num estranho paraíso

Onde, entre infinitos rostos desconhecidos
Precisa encontrar seu próprio ninho,
E, nas batidas de seu coração
(Re)encontrar o caminho...

Às vezes até parece que a gente carece de falar com Deus.

#


Bom, e eu desejo a você que me lê, que sempre que a vida pesar, amedrontar ou enfrentar, que  você seja muito, mas muito amado, e que sempre que 'carecer de falar com Deus'...que você não se sinta só e seus amores sejam  as pessoas em que você confia e encontra repouso e segurança. Porque é isso que a gente veio fazer aqui e eu quero sempre lembrar: amar, aprender e depois voltar pra casa. 

LUZ!

sábado, 16 de junho de 2018

Distraída



Longe das ordinariedades
De um cotidiano pálido
Distante dos homens de palavra
Que falam e andam
 costas envergadas por pesadas pastas

distraída de relatórios e notas explicativas
 que delimitam fácil demais o sentido da vida
Afastada demais das Societés e suas comunhões
- O par a par da confraria de múltiplas convenções - 

A poeta olha o céu.

Bebe água quando sente sede
Abraça p´ra doar calor
Molha os olhos quando sente dor 
Ri, conversa com crianças 
E gosta de ser e se vestir de amor...

Distante das esfinges de pedra
Que observam a vida sem deslumbre
Quase com desdém
desentendida de quem passa sem surpresa
Por canteiros e esquinas

Alheia às ilusões de poder
Que abrilham-se em mentes pequenas
e às vidas que antes do riso pedem identificação
num tipo de quid pro co 
que ordinariza a emoção

- A Poeta olha o céu.

Gosta da vida e aprecia ser viva
Da luz das flores e das coisas coloridas
Aprecia o som da brisa e o sopro do vento
Segue distraída, entre sonhos, luz
 fé e movimento.

#
LUZ!

"Responso do eu", por Isnard Lima


Isnard Lima, no livro " Malabar Azul", p. 34, Crônica " Responso do eu".
Arte em desenho do Manoel Bispo.
Isso é Amapá! <3

Qualquer coisa: amor! ( Filosofia do Boteco da lua - Um plus otimista para os amantes da vida)



Senta aí, meu caro leitor, nesta mesa-de-poesia e prosa. Vamos prosear.Quero te fazer uma pergunta: Você já ouviu a linda canção de Renato Russo que diz: 

"Vamos fazer um filme?"

Então. Confesso, todas as vezes que a vida me desafia, assisto um catatal de filmes de amor! Pode ser dentro de um trabalho, de uma rotina, de um ideal ...enfim, essa é uma característica que demorei um pouco a assimilar como minha. Tive historias hilárias por isso: já fiz bloquinho de amigas para assistir em uma única noite: Love History, Doce Novembro, o Diário de uma Paixão, Um amor para recordar e P.s: Eu te amo. Sim, foram litros de lágrimas, pipoca e coca-cola. Um chororô monumental e válido para o fim de uma era em mim, em meados de 2011. E para a lembrança bonita das boas risadas deste dia mais que comédia.
Um grande amigo, certa vez, disse que tudo que rime com amor ou "Qualquer coisa, amor” é o titulo do filme da minha vida. Ri bastante na época, porém reconheço, é a mais absoluta verdade. Filmes de amor são bonitos: eles têm ‘rockinhos’ emocionantes, gente sonhadora que passa por muitos problemas, alguns amores que brigam e separam, e  vida! bonita e imperiosa, como deve ser. Realmente gosto destes filminhos. Aprecio as coisas que envolvem as pessoas e seus pares, as multiplicidades da paixão, que move montanhas, moinhos e a fé da gente. 
 Por outro lado, adoro comédia. Se for romântica, então! é que elas têm apenas um ou outro draminha, sem nada muito dolorido. Gente que ri de si e de seus tropeços faz com que me sinta  deliciosamente humana.  Porque ah, se  te falasse quantas vezes tropecei até mesmo em meus próprios ideais, rs...isso sim seria uma tragédia.
O lado mais bacana de um filme de romance ou de uma comédia romântica, é que eles terminam bem, as pessoas boas terminam bem ... 

Escrevo isso porque, dia desses,  soube da separação de um casal querido e pensei: ah, pena que a vida real não é igual a esses filmes! Mas, então, tive aquele pequeno insight: na verdade,  é sim! Se ainda não teve um fim,  é porque estamos nós, na prateleira da vida, e Deus nos faz “rodar” em nossos moinhos, para adequar nosso roteiro.

Sabe, como aquela frase clichê “se ainda não deu certo, não é o fim”? então! É isso! Afinal, quer coisa mais clichê, que “amor”?  É a coisa e o sentimento mais usual do planeta! Então...
Como boa sonhadora de roteiros felizes, eu só posso dizer a você: Sim,sim e sim... vai acabar bem. E antes disso, vai ser bom também. 

LUZ!

sexta-feira, 15 de junho de 2018

Cinza!



O dia está cinza lá fora e, só por isso, meu coração sorri.
Meu coração é dado às pequenas afeições: a manteiga derretida no bolo, a fumaça do café ou do incenso, cheirinho de livro, o manto cinza que recai sobre as cores, em dias nublados.
Pode dar de chover, pode não.
Meu coração não pergunta da chuva que horas ela vem. Nem se vem. Basta-lhe o cinza do céu. Depois desse céu cinza, que uma coruja negra acabou que riscar, eu sei que tem o universo. E multiversos. E vida, colorida, explodindo, para que eu,você e tudo que nos rodeia exista, reexista, e se reinvente, pelas mãos do artista.
É, ele é o primeiro artista que já existiu: Deus ama a poesia, explode estrelas e depois modela tudo. Faz novamente, depois. É mesmo um artesão incrível.
Há um beija-flor  que sentou para beber água com açúcar aqui na minha janela: é gordo e manso, porque o cativei e tratei com religiosidade sua fome e sede, senta-se porque sua estrutura mudou e já confia em minha natureza de bicho inofensivo.
Faz um silêncio enorme na rua, tudo está cinza e ouço o barulho do teclado, enquanto arrisco essa quase-crônica, que é só um arremedo do dia que inicia.
Já deveria ter cansado de escrever sobre o cinza. 
Mas eles nunca são iguais, só para agraciar o meu coração de poeta. 

#

Publicado em 18.01.2016 e revisitado agora, porque Deus nos brindou com um atípico dia cinza neste meio de junho...