quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Narciso




 Primeiro, era o EGO

E o EGO feriu: partiu em mil pedaços
Tadinho...Criou mil versões de si:

Por dentro, mil pedaços
Mil amores estilhaçados:
O de ouro, o neutrinho e o expiatório 
- perfeito para ser sacrificado:

 a regra do 'açoite' e do assopro - depende do elo de amor...

Elos de dor, o Ego deixou-se amargar
Um pequeno prazer: 
Fazer outro alguém também chorar
Viver a dor e dizer...

"você também deve viver, pois eu também vivi...''
(Um conforto aleatório dolorido
Um silêncio sem gemido -
Como discernir?)

- Esse ciclo não sara nunca, meu bem
É uma pena! - Convença-se.
Narciso ao espelho não quer amor: 
Divide-se entre pagos adoradores e mentiras elaboradas

Papéis petrificados:  O de ouro, o neutrinho e o bode expiatório...

- Detalha-se e deita-se no engano e justifica a tudo:
 Qualquer quebra de 'roteiro'! 
Qualquer descelebração do acordado
Pois, por todo lado, o 'expiatório' paga por outra experiência vivenciada

(Mesmo que não tenha concorrido para aquela realidade praticada)


No entremeio,
O doido é você: não duvide, não questione
Celebre a falta de roteiro na conduta:
De super atento a negligente!

Desde que a semente venha em favor...

Por favor:
Por isso, se cuide, coração:
Para também não enlouquecer
Caminhe, coopera, viva...deixe viver...

Entregue nem ao céu e nem ao espelho:
Mas a Deus, que a tudo vê
Caminhe, perdoe-se também:
Mas devagar

Porque é preciso autoresponsabilizar.

Deixe de ser cumpridor 
Do exímio descumpridor de tratos
Retire do relicário
Aquele velho retrato de amor...


#



sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Comentários a respeito de Emerson.

 

Leva tempo, leva espaço
Pedaços inteiros do coração
Leva lágrimas e custa trajetos
Sustentar o pedido em oração:

Tudo que Deus nos concede
Mais do que apenas 'ato', é uma responsabilidade
A dádiva, como a luz, a todos alcança
- É o que fazemos que diz como será a dança.

É Dezembro, e não foi rápido: Passou lento
No exato tempo que precisei...
Pois, é verdade,  querido:
Cresci tanto, no último ano!

Aprendi sobre mim  no agora
Mais do que na última década!
O homem, entre lobos, não precisa também correr para ser lobo
Mas pode sê-lo, sem transmutar em fera.

É tudo uma escolha, que exerço cotidianamente...

Ciente disso, aprendi a aquietar a mente
Mesmo na frente no maior filho da puta 
Entendi que - meu pai tinha razão -
O erro alheio não pode valer a minha conduta.

Pois as pérolas, veja bem
Não se dão a Porcos
E é verdade que quem com eles se 'ajunta'
Procura por aquela racionalidade 

Por isso,  hoje apenas separo os dois em minha mente:  Sigo em frente.

Agora, tenho um diário
Para que minha baixa memória 
Não conte roteiros errados
Lá, deixo anotado...como o aprendido aprendizado

E sob o dito e o não dito, bendito e bendigo: Amém, já foi...

Porém, já não esqueço de falar nele - principalmente
Quem também sou e o que faço para contribuir com cada realidade
Afinal, olhar para si com verdade
é sempre a mais difícil tarefa

Por isso, levo à sério o que Emerson me diz
E mais ainda o que ouve de mim
Pois isso sim, vale à pena:
Eu preciso ser a verdade que espelho

Não ao espelho! Mas, à noite, ao falar com Deus...

Não repito a (c)egos o poder do erro
Cada um de nós recebe - ouve ou não - os sinais
Afinal, quem ri por último não ri melhor:
Bom mesmo é o que ri em paz!

#



*Essa é claramente uma poesia que foi nomeada com inspiração em 'Comentários a respeito de John". Mas é que é uma história parecida, pois Belchior conversa com a filosofia e com uma música de John Lennon. E também porque eu ainda acredito fielmente que 'a felicidade é uma arma quente'.
 E como este foi um ano incrível sobre prioridades, disciplina, orações, crescimento e sobre paz e felicidade sentida de acordo como 'me aprendo' por dentro, cotidianamente, que a nomeei com o nome da pessoa que Deus escolheu para me ajudar nessa trajetória: um anjo que a gente nomeia por aqui na terra de 'querido terapeuta'. 

hahahahahah



LUZ!

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Dos encantos



De tocar o mundo com a palma do coração
A alma é toda perfumada!
Das nuvens que cruzam a jornada
às flores do jardim de minha casa...

Guardo no relicário mais raro
Aquelas pequenas loucuras que salvam 
O corpo de ser gente grande
As feitas de riso e de lira

Pelas quais vale à pena existir...

Não sei ser outra coisa, que não
Tudo aquilo que é sentimento
Do noticiário à última reza do dia
Falo com Deus sobre cada dor e alegria

- E sei, cada vida que toco é um pedaço da criação...

Ainda tenho o dom da surpresa
O mundo é mesmo tão bonito!
Aqui, tudo é susto e novidade: as cores das flores, 
o cheiro do vento que traz a tempestade...

Cada dia, com seu íntimo aprendizado 
é a própria (re)criação do mundo!
Nenhum segundo é igual ao instante passado...
Mesmo agora,  parte dessa poesia,

 nascerá só depois...

- De 2016 a 2023, nem mesmo o corpo tem mesmas partículas:
O mundo se refaz na gente, de sete em sete anos
É a ciência e nosso big bang particular e interestelar
Que faz sua poesia silenciosamente em nós...

Por isso, a-Deus: quem fui! 

E vamos caminhar...

Somos parte de uma criação preciosa e rara
Cada um  com sua própria  mística jornada
Vidas,planetas, estrelas entrecruzadas!
Carbono que une mãos, sentimentos e histórias!

N´uma incrível viagem mística intergalática...

Por isso, tento honrar cada pequena dádiva
E busco o céu para compreender essa simples verdade
Isso me torna sempre  mais efêmera e feliz
Uma pipa solta ao céu, segura nos fios de uma boa raiz...

E  por isso, Vida, Universo, Cosmo: Gratidão!

Pela essência que me deu esta vida que sente e pulsa
A dor dos meninos nas ruas, o riso dos amantes serenos
As despedidas nas esquinas da vida, 
E o exótico mistério  que é ser humano

Ter tanto sentimento e saber-se gente
Ínfima partícula  interligada à parte do encanto...

#

* Alguns de sete em sete, alguns de 07 a dez...somos sempre (re)novados, porque a lei do Universo é a (re)criação...<3 ==> É verdade que as células do corpo humano se renovam a cada 7 anos? - Mega Curioso


LUZ!


segunda-feira, 13 de novembro de 2023

A Gentileza é um Super-Poder!



Gosto muito da filosofia implícita que originou cada palavra de nossa língua materna. Penso que cada uma delas quer dizer muito mais do que simplesmente é...basta consultar sua história. Por exemplo, hoje é o dia nacional da Gentileza, uma das minhas palavras preferidas.

Gentileza é palavra oriunda do latim “Gen”, que significa conjunto de pessoas que possuem origem em comum, ou “Gentilis” , aqueles que são de mesma família ou clã. Assim, ser gentil é tratar como igual como igual, ou... ‘como gente’. A palavra tem também um antônimo em latim,  ‘gentios’, que significa ‘estrangeiro’.
O conceito evoluiu dentro deste contexto de honradez, com acepção mais ampla do que a mera cortesia (atos da corte). A cortesia é ato, fração externa da atitude. Gentileza é gesto, carícia  humana, parte essencial à formação de um bom caráter.
Portanto, para mim, é gentil quem tem gestos de bondade, de respeito e de proteção ao Universo individual que é ser humano. É gentil quem preza a honestidade, quem vive de acordo com que acredita, quem ama e dá amor como deseja ser amado, é gentil quem atravessa a vida sem ferir, tratando cada pessoa como a um familiar, na mais perfeita acepção que originou a palavra Gentilis.
Tratar com cordialidade é ato de boa educação. A cortesia é ato ‘gentio’, externa e estrangeira à pessoa. Tratar com gentileza é uma conduta...é, gentileza é mesmo uma lindeza de palavra. Sei também que, em um mundo tão complicado, onde o ego(ismo) impera, o conceito acaba por encolher. É uma pena.
Mas confesso que tenho sorte, pois nesse maravilhoso Universo, sei que desperto muito desse sentimento nas pessoas que sopram sua brisa sobre a minha vida. E, por justeza de caráter, é de mim fazer o mesmo, em um tipo de reciprocidade natural e feliz...é, sou uma velha boba mesmo. E gosto. 
Aliás, isso recordou que, há um tempo atrás, li um livro intitulado "O poder da Gentileza". A titulação trouxe a reflexão de que, se nós somos os heróis e os vilões desse imenso mundo, que nos cobra o exercício do contrário para sermos justos e corretos com a vida e com o outro, ser gentil é ter UM SUPER PODER, conferido pela Bondade.

Que isso se multiplique sempre em nosso caminhar.

Viva a gentileza!


P.s: Publicado originalmente em 13.11.2018. 

quinta-feira, 9 de novembro de 2023

Do hoje


 
Sonho doce,
Pros dias cansados
E alguém, que por todo lado
Te enxergue como um tempo sagrado
 
- Eu te desejo uma boa vida, bem...
 
Nem com tanta aceleração que pareça que vai cair
Nem em baixa-mar que não queira navegar
Eu te desejo o impulso
E o dom de descansar...
 
Onde não for possível, bem: Só vai
A vida é incrível, todos somos e fazemos
Exatamente o que podemos dentro de nosso pequeno olhar
Para tão vasto mundo!
 
Perdoa, mas não esquece
Porque esquecer o lugar da cicatriz permite novos machucados...
 
Sente. Não deixa que a infelicidade more
Vive poesia, faz teu corre
Briga pelo justo e desista do impossível
Acredite: isso é mais saudável e bonito do que podes imaginar...
 
Sara.
Cura.
Perdoa
Ama bem...
 
Segue, em paz
Busca o lugar do repouso
Afinal, voar é díficil
Mas ainda, escolher o lugar do pouso


#

domingo, 5 de novembro de 2023

Caos!


  
Do caos ao big bang
Entre paridas e partidas
Viver, é sobre dar à luz...
Isso ainda me deslumbra, sabia?

-  Me faz sentir vontade de sorrir...

Em plena dores de parto:
- Tudo está em pleno caos
Toda nossa conjunção modificada
O coração batendo a mil por hora...

O caminho é uma loucura, bem!

 Afinal, a luz incomoda à cegueira
E, no começo de todo novo começo
"Narciso acha feito o que não é espelho'
Depois a gente abre o olho, o coração e as vontades...

E que é passo a passo que se conhece uma estrada...

Nesse ínterim - que pena-
Tal qual o pequenino príncipe
A gente descobre que não há uma única rosa 
Em tão grandes planetas

E todas fizeram esforços particulares irremediáveis
Para crescer e descobrir suas singularidades...

(Mas a minha rosa, eu reguei desde antes do ato inaugural, 
Protegi da luz com toda a força de minha  pequena asa
Me abençoa, Deus, 
Nem que seja por ser tão teimosa...)

Germinar, acredite, não é fácil:
O esforço do contrário é o próprio bicho-papão:
De antemão, te digo: pode virar uma baita confusão
E o que era deveras simples límpido caminho

Nunca parece verdadeiramente bom...

Mas eu sou tão teimosa, não já te falei?
Tudo que digo que vou alcançar é onde eu me vejo alcançar
Questão de tempo entre o plantio, a estrada  (Vai chegar)
O tempo de ver as orações transformarem quem sou

Em quem eu devo ser, ao cooperar...

Por isso eu te digo: nesse 'parto'
Tem caos, tem um amazonas de lágrimas
Tem horas e horas naufragadas
Tem descobertas tão gigantes

Tá tudo tão profundo nesse amazonas! 
Tudo transforma, a cada instante, minha noção de humanidade
A mentalidade e a percepção do meu próprio tamanho...
Reforço de humildade e coração a postos para aprender:

Pois é tão vasto mundo e tão pequenos olhos,
 Perna, carne, sangue e sentidos!
Mas a vida é isso, meio desconexa e desproporcional
Nada para ninguém é igual...

- E tudo bem,  talvez seja a mais sincero reconhecer a singularidade da mistura
Pra cada louco, sua (im)própria dose de loucura...

#

"Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo 
Tende piedade de nós
Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo
Dai-nos a paz..."

Eu te amo com esse sangue que ainda sabe escrever

Eu te amo com esse sangue que ainda sabe escrever
Que gosta de olhar para o jogo de amarelinha
Para lembrar como é estar contigo
Como quem lê um livro e sabe se tu ias gostar

E ainda sei que posso partilhar...

Eu te amo como quem espera um dia
Um encontro, um café, um riso
Contar as presepadas de 'parecer tanto'
Ainda que sem parecer...

Sabe, eu sei
Eu ainda te orgulho até 'encher a tampa'
Ainda desço a rampa 
Pra molhar os pés no amazonas...

Eu te amo como quem não se despede:
- Que deselegância essa lágrima que cai, agora - 
Mas é apenas reforço da saudade
Como aquela rápida tempestade em dia de sol...

Eu te amo como quem ainda espera os domingos
Como quem recolhe histórias, verbos, poemas 
E outras coisas bonitas da vida para te mostrar
..porque esse dia chegará!

-  E te amo como quem sabe que o outro lado do rio
É apenas um outro lugar - 
E que a gente se reencontra por milhões de anos
O que são apenas 19 anos?

Mas, confesso: que faz uma falta danada, faz
A gente risca poesia, ri de uma recordação
Junta retalhos e recompõe um dia
Agradece pela - boa - partilha

E diz: da próxima vez, vai ser ainda melhor
Tu vais ver!
Eu te amo com esse sangue 
Que ainda sabe escrever....




#



quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Temperada!



Gosto de ser daqui
Desse clima molhado 
Do vento do Amazonas
Feirinha maluca, tucupi com jambu...

Gosto de amar aqui: 
Esse sabor de taperebá ou cupuaçu
O mergulho profundamente doce
Em rios caudalosos, sob um céu azul...

De meu pequeno ponto de referência
- Sim, mano, o tempo leciona sobre 'não saberes' -
Nada parece mais bonito
Que estar no centro do caminho

Meio dia, meio mundo, meia trajetória...inteiro eu,
Que se expande!
Que pouco a pouco, com disciplina e fé,
Busca mais alma, mais calma

Um jeito mais delicado de existir...

Apesar das indelicadezas inerentes
A vida é uma delícia: a página de livro virada
Tem cheiro de uma história, uma vivência partilhada
Alguém que lançou sua -também pequena - luz sobre o outro...

E também suas sombras, diria o Canto
Essa sou eu, porque sou, aqui :
 - Posso ir na feira, achar uma benzedeira
Pra curar o quebranto! - 

Ir na Nea ou na Ester pegar bem no pé
Uma poesia de jardim...

Gosto de ser daqui: mandar 'puxar' a dor
Da cabeça à 'riba' do pé
Depois passar andiroba, pracaxi e copaíba
Programar a vida pelo cheiro do vento
 
Que anuncia o momento de chover..

Sentir que o sangue dança primeiro quando toca marabaixo
Dizer 'bem ali' com a ponta do 'bico' aprumado
- Longe ou perto- Tudo a 'um triz' de um pequeno gesto
Cultivado...

Gosto de ser daqui, de perceber essências
Do gosto real que as coisas tem: peixe, sorvete - Pessoas!
Das baixas conveniências 
- Acredite, somos pouco convenientes, apesar das pavulagens - 

Tipicamente corações selvagens*...

E tem telefone, internet, tecnologia: tudo muito ruim!
Na contramão o céu mais claro e bons dias em calorosos sorrisos tupiniquins
Uma geografia sentimental tão equatorial:
Como explicar?

A gente não diz 'bom dia, como vai você?", sem querer saber...

Dessa singularidade existencial nasce um tipo de amor
Tão Plural! - Aqui, não tem estação
Chove quando a terra pede...queima, quando extrapola
Cio das águas, cio das flores:

Vida que abrolha! 

Uma perfeita inexplicável interação
Cada vez mais plurais: o vento em preamar ensina a dança,
Aqui, tudo nasce e tudo cresce: 
temperos existenciais!

- De sal à pimenta, tudo é mais...



#

 
Quem seria eu, se não fosse o 'eu, por ser daqui'?  
Não sei. Mas eu teria perdido muitas importantes lições sobre a arte de ser gente.

E enfim...eu gosto mesmo é de saber que o 'eu, aqui', que 'pode chegar ali', aprender e voltar para casa...e que o meu sentido de ninho tem ares e cheiro de rio...<3 

E sobre ciclos de produção que fazem parte da arte de edificar: MUITO OBRIGADA, DEUS!<3 

terça-feira, 31 de outubro de 2023

Ensaios sobre a Bruxa

 


Queime essa Bruxa

Vai: Acende teu fogo

Coloca o dedo no meu coração

Incendia.

Que a alma agora, vive cheia

Dessa vontade de se amostrar,

Amazonas afora...


O mundo lá fora, só vejo de uma bela janela agora,

Querido.


Chega ciente: somos todos pecadores

No insano tribunal da vida santa

Afinal, não se importa tanto

Voa. Canta.

Me mostra tuas cores, eu não sou nada normal..


Mas a minha epistemologia é simples:

Não gosto do banal...


Sine Cera, embora goste de velas

Cheiros, aromas, temperos

Tudo que me recorde que o quanto a vida é calorosamente provável

E até mesmo de improváveis

- Isso, talvez, até mais!


Me dá um pouco de tua paz pra minha aceleração

Compartilha tua liquidez com essa chama acesa no meu coração...


Conversa comigo, me conta bobagens

A melhor coisa do mundo é intimidade

Com quem a gente partilha não conveniências

Mas cheiros, gostos, essências

Eu tenho uma história longa pra contar...


Vai comigo, sou mais de Amazonas

Que de água do mar.


Me recebe inteira: com todas as elocubrações!

Sou de palavra longa, mas também de boa oração

Nem tão boa menina:  não me esquadrinha e analisa:

Frágil e falha que sou, que restaria de mim?

Não me aquece além do que deveria, deixa eu me contar pra ti

Faz o verbo 'poesia' se acender, enfim...

 




quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Percebidos!

 Eu sou apaixonada por viver, bem
Não tem tristeza tão tamanha que eu não anoiteça
Deixe no sobrado do coração
Como uma memória inexata de um impreciso dicionário
De onde não retornar,
 
- Descobri que nada de existir é sobre 'chegar' - 

Como Clarice...minha 'função de viver' é voraz
Vai comigo em uma praça, passeia distraído
Entre a flor, a chuva no asfalto e o casal apaixonado:
vou elocubrar! vou distrair e enamorar
 
- Passeia, me preenche sabendo que já estou cheia
Mas quero sempre mais, afinal, a função do big bang é a expansão ...

Vamos encher os olhos de lágrimas ou tomar um vinho
Qualquer coisa sem sentido que acalore o instante...
Queimando o carbono que me habita, meus pés alcançam o espaço:
Vivo de alimentar devagarinho esse calor
Eu assusto um pouco, bem sei -  Mas quem não?

Viver nesse universo não é coisa de Crusoé
A gente precisa riscar o espaço da geometria do outro
Estender a mão para quem faz  sentir e não para quem faz sentido!
Arriscar, formar laços, partilhar o coração
Nesse mundo de eles percebidos...


#

Percebidos pela lei deste poema: Que se reconhece pelos sentidos, principalmente o 6°. :)
De uma leitura maravilhosa de um livro, o 'Direito Quântico', que mais que sobre direito, é sobre (ser).

Luz!

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

(Qualific)Ação!


 

Nem concretista, nem burocrata
Nem bossa nova, nem velha prata da casa
Nem melancolia, nem parnasianismo
Nem uma coisa, nem outra:

 Avida não explica nada, meu bem: 
Nem eu! - Movimento...

Mas...se quiseres saber,

Bora pegar em uma maçã, sentir o cheiro que vem dela
Vamos à repartição, dividir o tempo em querelas
Vamos tomar um porre, chorar um amazonas
Ou curtir a beleza na natureza

Vamos fazer tudo e viver o todo: Sentir o gosto
Perceber o Ser, deixar estar
Viver de verdade
Sem teorizar:  
Velejar que nem loucos,

Amazonas rumo ao mar...

Bora pichar um muro: fora todos!
Vamos chamar marcianos e brincar de redescobrir o Brasil
Quem sabe a gente invente um plano
E descubra um lugar menos hostil...

No final, somos todos não qualificáveis 
- quiçá, com res-salvas
Coisas que se perdem,
Coisas que ficam no meio do caminho

E aquelas que nos compõe:
Sim, do verbo 'cancionar'
Entre elos inexatos, simbora!
Vamos viver o verbo amar.

Vamos parar num hospício, dormir de conchinha
Tomar um banho de rio ou sentir o calor do asfalto
Gozar de um jeito novo  em cada coisa
Viver o possível: o profano e o sagrado

Perceber que o caos é bom: dele nasceu o planeta
Vê-se na primavera tímida que nasce, aqui no quintal
É tudo tão perfeito e tão inexplicável
Nem é mesmo tão saudável viver de perguntar

Não matematiza nada: os físicos do espaço
São os próprios astros.
Tem coisa mais perfeita?
Precisa de mais explicação?

Se quiser saber o que é calor, meu bem
Não pergunta, estende a mão...

Senta comigo na terra, acende tua luz na minha
Vamos procurar um farol
Beber o fim de tarde
Buscar a janta pelo nosso anzol...

Depois, na hora de explicar
Vamos comprovar à banca 
- Os donos da porra toda-
O quanto a vida é mesmo tão incrível

E a gente,  inqualificável.
Afinal, ninguém nos ensinou o roteiro
É tudo quântico 
E não quantificável

#

P.s: Foi uma brincadeirinha, UNIVERSO. A gente é muito qualificável e aprovável ahiuhaiuhaiuhauihaiuhiauhaiu. A gente é muitooooooo A-PROVÁVEL!

terça-feira, 17 de outubro de 2023

Conversas de um sonho bom




 Bote sua fé no dia, menina
Sorria!
Vamos à vida fazer acontecer.
O sol vem, é a beleza do dia a dia
Das coisas que se modelam por nossas mãos e laços
Avança esquina, faz teu passo...

Não retira nada de ninguém
Não se permita mais o inverso
Presta tua conta conta com o Universo
A cada anoitecer...pra dormir bem...

Dança...canta
Constrói laços desinteressados
De gente corajosa, que está lá fora, na luta
Mas que dentro do espaço do abraço

Troca calor, não cifra.

Vende só o que é se ser vendido: Trabalho
- Eu sei, o mundo anda tão complicado-
Fica mais simples quando a gente vê a linha pontilhada
Aquele lugar que chamamos de 'limite de jornada'

Mas nem mesmo isso é igual: ponto arquimediano!
A asa da borboleta bate, encontramos com quem somos
Nessas nossas escolhas simples do cotidiano:
Pode parecer simples,  pode parecer estranho

Até nisso, ah! o que fazer?
Só ajustar a coluna e continuar a remar
Tem coisas que não demandam de nós
Apenas não é o nosso aprendizado

Todo mundo tem sua própria piração pra curtir 
Ou resolver..
A vida é  saborosamente à la carte:
Mas a digestão vem:  faz tua parte...

Que loucura! respira,
Enlouquece sim...pira nas pernas de um bom amor
Quando a lua abrir a porta para o sol
Entre as páginas de um livro...

Ou,
Dá uma virada de página, se preciso

Não perde o senso do certo...
Por ver acontecer, pode ser uma estrada que não saibas voltar
Mas não julga quem decidir ir:
Porque é pequeno, embora pareça gigante!

A vida é efêmera e frágil, se quebra num instante
Não tem 'modo', direção, bula, nem controle remoto
E cada um que sabe do seu próprio corre...
Não somos enredos, é sangue, suor e pele: mesmo.

Veja que linda tecnologia: Pura realidade, 
A coisa mais chique: é inter-ativa!
Quanticamente misturável
Lá vem o sol dizer...


#


Um dia de felicidade, paz e poesia. LUZ!


Paralelismo Sentimental Viciante (Devaneio do Boteco da Lua)








Foi em uma das muitas madrugadas em que estou de papo com Bel. Ouvi esta versão antiga , interpretada pela Vanusa, da canção "Paralelas'', com a frase 

" E as borboletas do que fui pousam demais
Por entre as flores do asfalto em que tu vais..."

Fiquei curiosa  e quis compreender o motivo de trecho da canção ter sido modificado. Primeiro, porque o poema ganha ainda mais sentido, com o trecho retirado, que aliás, poderia ter sido perfeitamente agregado ao verso que o precedeu "Como é perversa a juventude do meu coração / Que só entende o que é cruel / e o que é paixão".


Explico. É que, "'Paralelas'', para mim, sempre evocou o inevitável sentimento de solidão de Belchior, frente aos conceitos propagados nas grandes cidades, o da 'multiplicação', 'riqueza', assim como o registro do eu lírico do poeta, em contraposição a estes conceitos, esvaziados de emoção.

Parecia-me uma declaração de Bel sobre o peso do capital e seu preço sobre as relações afetivas. Bom, acontece que,  com o ''novo'' verso em mente, tive a curiosidade de perguntar o porque 'as paralelas dos pneus na água das ruas são duas estradas nuas...' e porque a música ganhou o título 'Paralelas'.

Como sabemos, nosso poeta misturava conceitos físicos, filosóficos, astrológicos, poéticos e sim, matemáticos e geométricos para falar de emoção. Então, eis um conceito geométrico simples de 'Paralelas':

Uma Reta é uma sucessão infinita de pontos, situados todos em uma mesma direção, no entanto, essa sucessão se caracteriza por ser contínua e indefinida, portanto, uma reta não tem nem inicio nem fim; junto ao plano e ao ponto, a reta é um dos elementos geométricos fundamentais. E a paralela é um adjetivo empregado para referir-se àquilo que é semelhante, correspondente, ou que já foi desenvolvido em um mesmo tempo.
Então, as retas paralelas são aquelas retas encontradas em um mesmo plano, apresentam a mesma inclinação e não apresentam nenhum ponto em comum; isto significa que não se cruzam, nem se tocam e nem sequer cruzam suas prolongações. Um dos exemplos mais populares é o das vias de um trem. (Artigo http://queconceito.com.br/retas-paralelas)

Foi então que compreendi que Belchior falou  de solidão, do preço cobrado pelos conceitos moderníssimos das grandes capitais, mas também, de si e de um outro alguém, um sentimento pessoal, comparando-os à linhas paralelas, que embora similares, por serem retas, não se cruzavam. 

A letra fez mais sentido e a solidão do poeta,também. Mesmo a canção teve seu momento de íntima verdade do emocional do amor que mora dentro daquela canção: "Dentro do carro/ Sobre o trevo/ A cem por hora, ó meu amor/ Só tens agora os carinhos do motor.../ E no escritório em que eu trabalho / E fico rico/ Quanto mais eu multiplico/ Diminui o meu amor..."



Cada uma das retas vivenciava sua própria aceleração, diferenciadas, parecidas, paralelas. De refletir sobre isso, acabei por relacionar ao vício pós-moderno, tão explorado em Bauman, sobre o fim das comunidades e a era das 'redes': menos encontro e mais paralelas. Parece viciante e solitário...

Por outro lado, percebi que confundo paralelas com linhas encontradas. Preciso corrigir alguns poemas (e emoções), onde entendo 'paralelas' no sentido de 'cruzamento',graças ao déficit de atenção geográfico/geométrico/espacial/emocional.

Bom, como não sou matemática ou física, me perdoei e fui atrás de saber o avesso ao conceito de paralela, ou seja, quando as linhas se encontram. Descobri que é chamado de 'interseção', cujo significado é:


O conceito interseção pode ser utilizado em nosso idioma com dois sentidos diferentes. De um lado, é utilizado no campo da geometria para designar aquele ponto estabelecido em que se cruzam duas linhas. Também serve para indicar o encontro entre duas linhas, planos ou objetos.Mas sem dúvida é no trânsito onde mais se usa esse termo, mesmo assim não podemos esquecer que sua utilização é resultado direto de sua referência apresentada na geometria.
Basicamente a interseção no trânsito se refere ao cruzamento de duas ou mais ruas. Sua principal função é possibilitar o acesso de quem circula à outra via e assim chegar ao seu destino.  Artigo http://queconceito.com.br/intersecao

Bom, quer mais poesia do que isso? Tome algumas taças de vinho e leia este texto, ao som de paralelas. Se a interseção é o encontro, falta ao mundo e a cada um de nós o charme do alinhamento sentimental. Mas isso envolve o conhecimento da geografia interna  e não é fácil reconhecer nossos espaços. É a árdua tarefa que viemos fazer por aqui... e tem tanto a ver com o amor!

Bom, o meu desejo após desta longa digressão em Belchior é que, depois de caminhar comigo pela canção "Paralelas",  um pouco do paralelismo sentimental viciante - doença do coração que esta poeta aqui inventou - seja curado de dentro de seu coração. Que explores dentro de você o que é um estar em par e esteja  ávido por um amor interseção, que te leve ao  encontro! - Com o seu destino.


LUZ!!! 
LUZ!!!
LUZ!!!

*Republicado, porque o texto foi acessado e gostei muito de ter escrito isso...e porque ainda é tudo em que acredito.