terça-feira, 28 de agosto de 2018

Ensaios sobre o vento



Ouço o  vento na esquina que dobra
Meu coração dança sua vibração
O dia nasce, medo e curiosidade, par em par
A vida é sopro, move com o ar...

Vou ali, dentro de mim, ver o mar! 
Navegar um pouco no Universo bom de minhas ilusões
Meus sonhos e imensidões,
as cores de meu arco-íris particular...

Saber qual a cor da brisa que hoje me veste a alma
E entender ou aceitar a inadequação
Nem tudo que bate dentro de peito
precisa ter razão...

Ouço o vento da esquina que dobra,
Sinto a revoada que vem receber a primavera,
A sinfonia é bonita e transcendental
A vida é mágica, imprevisível e absurdamente real!

#



E a primeira borboleta amarela 
luz da primavera no Equador!
 Pousa,  após a chuva, no jardim. :) 

LUZ!

Um louco



Sob as chuvas que lavam a manhã
e levam Agosto
Bem-te-vis , do alto da fiação
Acompanham o vai e vem apressado do cotidiano

Não existe um plano?
Viver é movimento...

- E um louco nada sob  o tímido  sol matinal 
Na  lagoa da Floriano Peixoto.

Quem poderá dizer se isso não é felicidade?

O instante é conceito unilateral 
Acontece simultaneamente em todos nós
De um jeito diferente, somos o agora
Que não se demora, amanhã já foi...

E um louco ri, alheio à dureza do Cotidiano.

Seria um engano?
Uma forma de evoluir ou involuir?
Não sei, não sei. 
De certezas feitas de concreto, desaprendi...

Mas sei da beleza do bem-te-vi
Da calmaria que faz logo após a Chuva
Do gosto do tempo que faz bom vinho da uva
Ah! a imperfeita beleza existencial...

Um louco caminha - alheio ao delírio do mundo real?

domingo, 26 de agosto de 2018

1° estrofe da 1° lição




É culpa do incenso aceso
Do tédio indignado de ver o noticiário, às nove
Da borboleta que dança no jardim com a alegria
E da febre existencial, calor ou instinto de poesia!

Foi pelo luar do Amazonas
E o cheiro morno e adocicado do rio
Quem sabe, pelo tremor da cobra Sofia
E pelo sol ardente do Equador, em pleno  meio-dia...

Esse cansaço da repetição - oh, vida, ordinária!
E o velho vício do fogo da vida , 
apreço às coisas mais que raras
Alheias ao cotidiano das pessoas cinzas, de almas pálidas...

Se é de se viver, é para filosofar,rir, ir além
Entregar a emoção, tomar banho de rio, ir ao cinema
Recitar bem alto um longo poema a uma flor
Fazer coisas bobas, como acreditar no amor...

Brincar com a vida!

De saber disso, pergunto coisas sem explicação:
“Como seria se toda poesia fosse uma prosa?”
“E se cada lágrima de criança virasse um oceano?”
“Por que o principezinho amou a desajeitada rosa?”

Não tenho medo do exótico, sei que estou a passeio
Mas, antes de partir, no entremeio
Quero descobrir o melhor modo de sorrir!
De amar, sentir e servir,

 Ser gente é ritmo, sincronismo e afinação
Sigo os passos e danço! anoto cada descoberta
Para ser a melhor versão da letra da canção...
  E sei que ainda estou na 1° estrofe da 1° lição.


#

LUZ!

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Comentários a respeito da Vida II

Não brigo com o vento por ser vento
Nem peço ao poema explicação
Sigo o rumo da imprecisão
Com o ciclo perfeito da imperfeição, danço.

Desfaço os cabelos, deixo o sopro do rio tocar a pele
Não brigo com o clima atípico do equador
O oito ou oitenta, o sempre- eterno calor
O gosto de sol com Amazonas faz mais sentido assim...

Aprendi a aceitar aquilo que não me cabe entender,
A árvore da vida dá fruto de muitas formas de sabor
Às vezes é sal do mar, às vezes de amor
E nem sempre é fácil discernir ...

Não brigo com as paralelas por não ter placas de indicação
Nem uso bússola para achar minha interna direção
Nunca gostei de estradas sem emoção ou de fácil caminho
Aprecio o luar, cheiro de rio,poema, prosa e vinho

Sigo velhos ditados, aceito conselhos da maré
Gosto de coisas antigas, histórias que vento levou
Não sei de quase nada do que antes tanto sabia
Faço palavras cruzadas, só para formar ‘alegria’...


Acredito no força misteriosa do Universo
Nas coisas feitas de açúcar e algodão
No beija-flor do tempo que floresce histórias
E na  vida, com sua sabedoria sutil, simples

mágica e poderosa!
#


De assistir  'Anne wich on E " ... e  pensar  na simplicidade mística e poderosa da vida.

LUZ!

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Dos quereres





Quero fazer café e ouvir Belchior
Saber do dia de alguém amado e regar as plantas no jardim
Acender um incenso e fluir a mística poderosa do bem
 Perfumar a casa com o cheiro adocicado de alecrim...

Preciso tomar coragem para ir à academia
Cuidar da saúde e de uma provável anemia
Dar o nó nos sapatos, aprender a firmar o passo
Reafirmar quem sou entre meus livros e espaços...

Quero terminar o Drummond na estante
Fazer tricô e reler Cecílias!
Preciso ir ao juizado, terminar o velho projeto,
Colocar as contas em dia,

Passar no Supermercado, comprar vinho ou sangria
Trocar em miúdos e trazer pão da padaria
Seguir meu roteiro, cumprir a velha lista de obrigações
Quero colher o frio da noite, o luar do norte e dos sertões...

Quero  a poesia nossa de cada dia, que salva do caos de existir
Preciso fazer arte e prestar atenção à ordem dos planetas
Fazer filosofia existencial e sentir que habito o mistério
Contemplar o voo de uma borboleta.

Fazer um poema novo, contemplar a estrela vermelha
Pode ser Vênus ou Marte, que folgueiam o céu – em centelha.
Ver Setembro chegar com seus adocicados sabores
Celebrar a maré do Amazonas, que dança ao sabor do cio das flores!

#

Bye,Bye, Agosto - que até foi bem rapidinho.
E chega o Cio da Primavera no Equador.

LUZ!

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Tábua de Maré




Bem que amanheceu maré cheia
E o Amazonas lindo brincava com a manhã
Mas o tempo mudou, no instante
Logo será vazante,
É a tábua da maré...

Não brigo com Deus por isso,
Apenas navego o olhar
Deixo o poema ir...e voltar
E dançar, feito onda
Espero a preamar 

(Vai chegar)

Faz tempo que já não brigo com Deus
Por quase nada! - Deixo o tempo soprar...
e solto meu velho caderno de certezas
pois o vento muda até o formato das pedras
Da Fortaleza...

(Sigo a respirar)

E eu respiro com o tempo
Seguro em suas mãos, no afã
Vou com ele e a maré, sigo para o amanhã
E espalho pétalas no verso do segundo
 enternecida e grata

Pelas cores que brilham no mundo.


 #
LUZ!!!

domingo, 19 de agosto de 2018

Elixir Paregórico (Ensaios sobre a dor)


Uma das lembranças mais doces de ser criança de uma cidade do interior do norte é a alegria e o contato íntimo com a natureza e a sabedoria mística que envolve as coisas da floresta.

Coisas como Chá de Cidreira para cólica e sono de criança, erva doce e hortelã para digestão, mastruz para vermes, enfim…tantas ervas e raízes! Tive mais contato com este tipo de remédio do que com fármacos, propriamente. Conto isso com grande alegria e pretendo que, se Deus permitir, transmitir esta sabedoria de avós a netos, vida afora.

Outro remédio que minha mãe costumava dar era um líquido profundamente adocicado, enjoativo, para tudo que era doença ou male: caiu, ralou o joelho? santo elixir misterioso em ação. Dor de cabeça para não ir para a escola? dor de barriga sem febre? santo elixir! Muitos anos depois, soube que era água com açúcar. Ao que parece, muitas vezes, fui curada através da medicina mais profunda que uma criança pode receber: palavra de mãe de que a dor vai passar.
Meu pai, por outro lado, era cheio de frascos diferentes, do tipo que raramente vemos hoje. Como por exemplo, o ‘delicioso’ elixir paregórico, 40 gotas que curavam TUDO que uma criança ou adolescente pudessem contrair. Isso trouxe a lembrança de que Rubem Alves, uma das minhas grandes referências literárias nacionais, escreveu sobre memórias e remédios de infância em uma crônica (do qual esta provavelmente é filha tímida), que fala da saudade do gosto ruim do Elixir de Nogueira, remédio que tinha gosto de peixe e do qual tanto sentiu falta. Rubem ainda rememora que a expressão elixir é de etimologia árabe, interligada ao conceito de Alquimia...

E a expressão ‘panos quentes’? aprendi depois de adulta para que servem (Ufa!). Aliás, sobre a dor, minha so(l)brinha, tinha receios diferentes dos meus. Ela não temia o instante, mas sim o medo de não sarar.  Chorava pedindo para ‘tirarmos’ o dodói dela…ah! Quem nos dera se Deus nos tivesse dado o santo poder de sermos heróis de nossas crianças…

Infelizmente ou felizmente, o tempo nos alcança e quanto mais corremos, mais ele passa. Hoje há comprimidos para solidão, tristeza, insônia, coração partido. Farmácias crescem e se tornam cada vez mais essenciais à rotina das cidades.  São os estudos e a evolução de outras formas de compreender o mundo, essenciais à melhoria da qualidade de vida, mas confesso que sinto saudades da sabedoria simples que a tudo curava.

Confesso que ainda tomo chás, alguns do jardim, alguns de espera (ah! paciência!), outros de sabedoria,  paz…outros em sachê, quando a pressa não deixa ir à feira maluca, ou quando a vida acelerada me distancia deste hábito tão bom que é sentir a delícia das ervas frescas...

É que mora em mim a mágica daquele elixir adocicado e das 40 gotinhas que curavam qualquer dor, de caber dentro do colo dos meus, num abraço apertado que ainda garante,  dentro do meu peito, que para meu grande alívio, tudo, qualquer dor … vai passar!

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Descoberta



É preciso se reinventar...
Criar nova beleza, 
Estradas nunca antes vistas!
É preciso arrebentar o coração de tanto bater...

Aguar o tempo com lágrimas
Sentidos,  suores, excrementos.
 Um festival sentimental na tela de um palco interno:
Não se contentar com menos, é preciso.

Sustentar a própria alma
sem falsetes ou suportes
Fazer a própria pele
Seguir e suportar os cortes....

Descobrir e degustar sem medo
Ter coragem e muita ternura
Ser o grande  artista, herói e vilão
E o autor da própria loucura!

#



Escorreu do poema:

E, no fim,
Ser digno da alma que Deus me deu, Pessoa
Deve ser isso: ser incansavelmente uma tola.
Não vestir moldes e sustentar a própria alma
rasgar roteiros e  seguir, dona da história.


*Republicado, porque ainda é exatamente o que penso/sinto da vida.

Super-Heróis somos nós (Devaneio)


Dia desses eu estava chateada. Muito chateada com acontecimentos do dia, com o conteúdo que não vencia, com a 'infinita highway', que parecia tão longe e confusa. Eram algumas daquelas ''horas existenciais'', pelas quais passamos, vez ou outra.
Aí, passei em frente a uma casinha cheia de flores, no bairro do trem, e recordei que lá mora uma senhorinha simpática, cujo nome parece de uma flor. Ela me foi apresentada em um conto, pela Alcinéia ( Cavalcante), em seu livro "Paisagem Antiga". A sensação de flor e conversa de fim de tarde deu um abraço caloroso em minha alma.

Depois, parei na padaria. Tinha meu bolo favorito, quentinho, daqueles que desmancham na boca! Passei pela coriolano jucá e vi que as mangueiras estavam cheinhas, recordei de um pescador que as colhia nos fins de tarde e levava embrulhado em papel de presente para casa, para as filhas. 

Ainda havia até um pequeno arco-íris no céu mortalmente claro e calorento de Macapá, lá pertinho do rio Amazonas.

Fui e cheguei em casa louca por um banho, mas parei um tempo em meu muito amado bagunçado jardim. As lavadeiras, minhas meninas favoritas, plantas de fácil cultivo e natureza, estavam lindas! só perfume, bondade e cor. Então, sai para estudar, cansada a ponto de me arrasatar. Liguei a rádio e tocava uma música pop engraçadinha " Ter fé, pois fácil não é, nem vai ser"...

O que me fez refletir que, afinal... o que é  fácil ou difícil?
O fácil e o difícil são uma questão de perspectiva e alcance. Por exemplo, para mim, uma tampinha de 1,59cm, é muito difícil pegar coisas na parte de cima de armários, feitos para pessoas medianasÉ difícil andar rápido, porque minhas limitações físicas e poéticas me levam a um caminhar mais lento, o que frequentemente atrasa meu tempo: culpa das borboletas e das cores do céu!  

 É difícil dirigir, pois tenho pouca percepção de espaço e perspectiva, enquanto para algumas pessoas parece uma faculdade inerente. É difícil dizer adeus, pois fui ensinada que ''a medida de amar é amar sem medida'', e sou mais de 'cheganças' e continuidades...por isso hoje, escolho e acolho a transformação.
Mas, por outro lado, é fácil também. É fácil sentir o cheiro da rosa ou reconhecer o perfume de um amor. É fácil lembrar da alguém, em uma canção. É fácil ficar feliz, só por dividir um sofá, depois de meses sem ver a sua irmã. Ou a alegria de tomar um café e permitir que o dia te encante, apesar dos desencantos do cotidiano. É fácil ler um poema e deixar os olhos ganharem aquele ardor gostoso, de alma molhada de poesia...

É fácil e difícil para todo mundo, de diferentes maneiras e perspectivas. Isso se repete mesmo na ficção. Os super-heróis têm limitações! Meu favorito, por exemplo, um dos meus heróis favoritos tem por fragilidade o fato de ser um... Humano! É, Batman. Todo mundo tem um dia difícil.

Todo mundo é herói e vilão de si: Perspectiva.


*Publicado originalmente em 21.11.2014.
 Republicado (e revisado) por muitos motivos: esse conto foi a primeira vez em que conversei com um livro de uma grande amiga, com quem hoje troco palavras para além das páginas amarelas.
E porque é bom olhar o lado bom da vida, que transforma nossas dificuldades em riso, leveza e paz.
Gratidão,vida!

terça-feira, 14 de agosto de 2018

Toda poesia



Olho a tarde cair
até mesmo a natureza cai,
o dia vai, a gente é assim...
s´tá sempre findando um pouquinho.

A vida não é ideal
e apesar disso, ainda é lindo
sorrir, pendurar poemas no varal
fazer alguma coisa a mais
Que apenas respirar.

regar, ainda que aos pouquinhos
desenhar as páginas pálidas do cotidiano
Sustentar os ganhos, os planos, os sonhos
pacientemente acreditar na estrada.
Acreditar na estrada e ser doce!

Por isso a fé,
os olhos voltados para o céu azul, o sol
por isso  o jardim, o arco-íris, as lavadeiras
por isso, toda a poesia - é teimosia.
Só teimosia boa...

Por isso as linhas que falam em amor,
palavras  feito: bênção, quintal, flor e magia
 delicadeza, beleza, alegria...
é teimosia, só teimosia
é só vontade de acreditar

(Na vida)

#

LUZ!


"Querido Problema, obrigada por me amar!" (Resenha Sentimental do filme "amor e outras drogas")


Ela era frágil, debaixo da casca de garota bem resolvida, bonita e cosmopolita. Ele era humorado e um tanto cretino. Ela tinha uma doença incurável. Ele, um emprego promissor que dependia do investimento de tempo. E, juntos, eles tinham amor, esse complicador natural e o único verdadeiro antídoto para a 'droga ' das relações humanas.
Mas, advirto: essa não é uma resenha descritiva. Tampouco contém mais spoiler do que pode ser encontrado em uma Sinopse de contracapa. Essa é uma viagem sentimental pelas nuances do filme “Amor e outras drogas” e pelas nossas próprias tantas subjetividades.


Ainda estou sob o efeito inebriante das  verdades e dos conflitos do filme "Amor e outras drogas". 

Primeiro, porque apesar de ser uma comédia romântica, levanta uma perspectiva filosófica implícita que fica debaixo de nossos olhos/emoções: O QUE VOCÊ AMA, QUANDO DIZ QUE AMA? Você ama um corpo sensacional, capaz de te dar prazer? ama um endereço, um projeto, um perfume, uma característica, um potencial… O que você ama, quando diz que ama?


É nesta perspectiva que o filme apresenta um jovem casal que se apaixona, tendo por pano de fundo a tragédia de uma doença incurável. Um enredo sensível, cheio das subjetividades e medos que todos sentimos:  Quando eu não for útil para você, você ainda vai me amar? Quando você não puder alcançar toda a dimensão da utilidade do que espero ou preciso, ainda irei te amar?

Enquanto passeava por essa subjetividade no filme, refleti que, se o  amor é uma procura, é também uma resposta e tudo o mais que quisermos que seja. E  sabe se vestir de muitas formas. Rubem Alves, em “Retratos de Amor”, diz que amamos o retrato do outro, logo, amamos a projeção que fazemos na face amada, não propriamente o sujeito, objeto desta, por isso conclui : “antes de te conhecer, eu já te amava”.
Mas, e quando aquela alma teimosa rasga o tecido fino das projeções e se insinua em nossa vida, rotina, a ponto de produzir em nós inseguranças ou sentimentos indesejáveis, como decepção, tristeza, contrariedade?
A liquidez dos sentimentos, na modernidade, tão advertida nas lições de Bauman, demonstram que, dentro de tantas infindas possibilidades, muitas vezes os sentimentos são permeados do sentido de utilidade.  
O filme, na contramão desta realidade, nos convida a receber outra mensagem:  AMAR é mais.  Requer um compromisso com o outro em suas singularidades, encantos e escuridões.  
 Aliás, como vemos na fala emocionada de um dos personagens principais:  “Sabe aquele casal que existe em uma realidade paralela?Aquela você saudável e o eu perfeito, que planejam férias e apenas se preocupam com um ou outro dia de mau humor?…pois é, eu não queria ser esse casal”.

Então, esse foi o sentimento, ao final do filme, em relação a familiares e amigos:  Querido problema, Obrigada por me amar! Por escolher as minhas subjetividades para unirem-se às tuas. 
Ah!....e o meu desejo, a você que me lê,  é:  o encontro com o AMOR, aquela coisa mágica, que transcende utilidades. E que seja mais do que lindo...seja humano. Com toda a complexidade que representa.


Veja o filme sempre que quiser/precisar lembrar que o amor...é mais!

*Republicado. 



LUZ!

LUZ!

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Equador Emocional




Entre o tiro e o canhão
Entre a dor e a lágrima,
A discórdia e a desídia
Salve-se quem amar!

Quem ousar sonhar
Com um mundo diferente...

São tempos de ação
Para os que querem a paz
O tic-tac da vida é voraz
Convida a redefinir velhos conceitos

Reaprender o belo e o feio...

O limiar da vida
Entre a asa da borboleta
 e o último nome no jornal
A dor do mundo, como a beleza,

 é nítida, real,

Mas a linha é sempre imaginária
Um céu aberto em equador emocional:

Nós, sonhadores, equilibristas:

Pois, entre o tiro e o canhão
Entre a dor e a lágrima,
A discórdia e a desídia:
Salve-se quem amar!

#

A vida é Estação e Equador, e todo dia, entre o jornal e o arco-íris, a gente passeia, opta, interage.

LUZ! 



domingo, 12 de agosto de 2018

Ele!

Ele usava camisa quadriculada, gostava de Chico, Cartola e Belchior e era um sonhador. Entre as cadernetas rabiscava pequenos ou longos monólogos, que logo virava um debate, na sala de aula, seu ofício, ou com as filhas.

Ele usava camisa quadriculada, era risonho e tímido, mas um perfeito irônico, boêmio apaixonado e um mulherengo discreto, da nata da malandragem que viveu muitos carnavais. Andava com a foto da mulher amada, que não o seguiu pela vida, porque convenhamos, ele não nasceu para ser um marido.

Ele usava camisa quadriculada, quase sempre verde, azul ou cinza e era um bom pai e um excelente amigo. Debaixo da camisa quadriculada, batia um coracão selvagem e questionador, que não era bom em controlar a emocão, mas que bem que era bom em senti-la. Ele fez minha casinha na árvore com as próprias mãos e me chamava de burra se eu tivesse preguiça de aprender,mas depois me recompensava com a melhor explicacão e o melhor olhar de admiração quando eu terminava algo difícil ou conversava política, filosofia ou um livro novo.

Ele usava camisa quadriculada e trazia poesia debaixo dos olhos cinzas, que mudavam de cor, quando estavam tristes. E tinham íris violetas. Tinha o papo reto e interessante e uma inteligência malandra e humilde, não passava por cima de ninguém, era honesto se não gostasse de uma pessoa e leal se a amasse.  Ele pescava aos domingos e frequentemente cozinhava para nós, assoviando um sambinha, no outro final de semana. 

Ele usava camisa quadriculada, tinha leitura variada, escolhia seus amigos sem saber de sobrenomes e era um sonhador nem sempre prático, capaz de tirar a camisa e rolar no chão na porrada, por um ideal ou uma de nós. 

E porque ele nunca sai do meu coração e nunca (jamais!) o esquecerei, que às vezes uso uma de suas camisas quadriculadas e sinto bater em mim o seu velho coração.

Eu te amo, meu pa(i)ssarrinho.
O nosso amor existe para sempre. <3 

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Calor (Por Thiago Soeiro, no blog de Rocha!)


Prendo o ar
até esquecer do mundo lá fora
dos perigos iminentes
em qualquer esquina

dos amores esquecidos
é permitido usar palavras de afeto
mas não é permitido esquecer
o nome do seu primeiro amor

não dá para confiar
em quem nunca liga no dia seguinte
os dias de inverno são mais quentes


quando você aparece nos meus sonhos
o poema é sempre mais quente
com você dentro dele



Fonte:https:  //www.blogderocha.com.br/poema-de-agora-calor-thiagosoeiro/

* Meu pensamento sobre este emocionante poema e sobre o lirismo da mensagem contida: Que todas as mensagens de amor...cheguem! que amores desencontrados se encontrem, porque a vida precisa ser menos ordinária do que passear pelo mundo sem sentir esse calor. A linda escolha de imagens do blog de rocha, que compôs com Star Wars outra sinfonia, alheia ao poema, fala dos amores separados e encontrados, entre o primeiro filme e o de 2016, em meio a uma guerra nas estrelas.  Poesia só deve ser isso,sempre: doação bondosa de mensagem,pureza. 

*Infelizmente, não pude usar as três imagens lindas de Star Wars contidas lá, é que poemas, pela nossa plataforma, como lá, leva apenas um, sobretudo porque uma frase está em separado em relação aos demais. Mas, por respeito à poética total, fiz o grifo.  Nada mais bonito que calor de amor, sempre ecoa. E poesia é pedaço de pureza. Merece ser sempre isso. 

Que os universos se encontrem!