domingo, 30 de julho de 2023

Identidade



Escrita banhada dos ventos do Amazonas, aos domingos
Revoada de borboletas amarelas na estrada Santana/Macapá
Aqui, acolá...quente como o paraíso Equatorial
Água doce em abundância, temperada com pimenta e sal
 
Escrita livre, paixão descoberta às margens do Araguari
Entre um poeta e um pescador
Um pássaro, umas flores e um jardim de amor
Todo bagunçado pelas intempéries da existência...
 
Raiz forte, resistente – resiliente
Gente moldada na lição de descobrir alegria
Do que não gostaria que me  tivesse acontecido
E com o que posso fazer entre um poema, um livro e um filho!
Aprendo um jeito melhor de bem-amar – por pura teimosia...
 
Existem alegrias que eu não sabia que existiam, sabia?
Algum tipo de magia que só se acha na simplicidade
Dias amenos para serem mais no corpo e na mente
E assim, aos poucos, mais e mais pessoa(s),
 
Carne que verdadeiramente poetisa, ama, cura, sara e sente.

terça-feira, 25 de julho de 2023

Busca-Vida!

 " Se não abre, não é a sua porta "



Passa o vento que sopra
Sacode as cortinas, as plantas da horta
Meu olhar dança
com a vida que se movimenta...
E eu me movo: borboleta!
Céu, peixes, terra, estrela
Sou um pedaço disso tudo
Que sente e vibra a força do mundo...
E eu sou amor, que pousa,
toca leve, acaricia,
Vai e fica, torna e transforma
Vida que movimenta e toca...
Chego aonde posso ser e estar
Eu abro as asas, danço com o ar
E sinto que entre e o céu azul e a flor
Tudo é sinal, movimento e cor...

Eu sou a lagarta
Que demorou a sair do casulo
Afinal, mesmo o mais apertado lugar
Pode ser confundido com lar...

Eu sou a vida que vai
Na esperança das curvas da estrada
Amar e criar elos confortáveis
Estar aonde possa rir

Eu sou alguém que aprendeu a seguir...

#


E para quem, como eu, bem-chegou em si... e bem quer estar aonde for bom e confortável pousar: LUZ!

terça-feira, 18 de julho de 2023

Decifra-me!




 Baby,  eu posso te contar
mil maneiras de me amar:
De que nos adiantaria?

Posso formular
Racionalizar todas as canções para nós dois
- Mas, 
Será que a gente dançaria?

Não há matemática para o amor, baby
Nem tanta filosofia
É uma espécie de encaixe, um calor que nos sobe
- Um pecado que desce direto dos céus...

Baby, eu posso te ensinar
Meus caminhos... só pra tu me ver passar
Podemos estar na mesma rua e sob a mesma lua
- E ainda assim,  não estar nua.

Não é de filosofia que o amor se forma, Baby
Porém também não é de além
É simples e complexo,  suave e denso
E se eu precisar te explicar,

 - Nem vem - 

Mas, se vier, vem sem dicionário
Sem ciência ou itinerário
Descobre...desvenda...pouco a pouco 
O mistério da sessão coruja, 

Vem sem filtro,
Que o amor...ah! o amor lambuja
É coisa limpa e suja
É (im)próprio para menores e (im)próprio para dois

A gente tem tanto medo de ir além...- Mas, não vive sem.


#



segunda-feira, 17 de julho de 2023

Ato Inaugural





 É de corte
É de plantio
É de água, terra e ar
Veja, meu bem:

A vida nasce sempre 
De um ato inaugural iluminado e prazeroso
No calor e liquidez
A semente vira fruto vigoroso...

Então, não esqueças, meu bem
De ser feliz no agora
Quando a chuva vem e traz esse vento molhado
Esse tempo equatorial tão amado

Esse cheiro de Amazonas
Que só os filhos do rio sabem sentir...
Caminha, progride, 
Avança ou...aquieta e conforta:  

Lembra que somos animais sentimentais
Em tempos de alucinada (des) associação
Liquidamente modernos,
Com instintos seculares

...De tempo a sangue: 
Somos mesmo tão vorazes por alguma emoção...

Mas, 
Não percas o sentido disso aqui:
Ou corres o risco de viver em pleno 8o andar
Imerso em (in)existir!

Também não se percas no enredo
Não aches que tudo é risada
Afinal, mesmo alegre,
Chegaste com uma palmada...

Ame, perdoe: Doe!
Nada que arranque teus pedaços 
Apenas multiplique seu amor
Ou diga a - Deus: A(colha) , (re) colha 

Transforme ...

Corra para os seus:
Não são nem as melhores e nem as piores do universo
Nessa etapa, ninguém é super- vilão ou herói
Mas é bom saber com quem contar quando a vida dói...

E se eu pudesse te contar um segredo
Um mistério simples e secular
É que o agora não se repete
Para o bem ou para o mal:  

Isso tudo vai passar...

Viver é anacrônico: O relógio não conta!
Tudo que vale existir está presente desde o ato inaugural
Amor, Paixão, Prazer, movimento e luz!
Liquidez que o Universo reaproveita

Veja: Mesmo teu corpo, meu bem
Veio da poeira de uma antiga estrela...

#

Em algum lugar do Universo desta lua que não dorme, há uma versão politicamente incorreta desse poema.  

:P


LUZ!

segunda-feira, 10 de julho de 2023

Poemas sobre os tempos (Republicado)


As flores das palavras murchas...Resistem!
pois há sempre há perfume em nós!
Da crença, da poesia, dos dias belos e da ternura - sem armadura!
Mesmo quando o dia cai, cinza e sisudo

 - O coração da poeta hoje é um canto mudo...

Tempos de delicadeza resgatam,
aguardamos chegar...será?
 botas ideológicas pisam em nome de uma falsa glória
de quem não conhece sua própria história...

São tempos difíceis para sonhar, dizia Amélie.
Aqui, o medo é self service do jornaleco sensacionalista do dia
Alheio, o  poema sabe que precisa ser porta voz dos tempos
não é momento de apenas observar...

Sentada na calçada suja de flores que reguei, lembro de meu  pai...

E quando falamos pela primeira vez em bondade
e também sobre a longa lição de honestidade
 como fruto dessa raiz,  coloco para fora
tudo aquilo em que acredito:  Não se preocupe, pai:

 eu RESISTO! Sempre resistirei...

E faço o certo mesmo quando não tem ninguém perto
ou quando é o caminho mais comprido
e o meu gemido, deposito aqui, no chão dos tempos
-Será que o relógio sabe mesmo sarar nossos medos?

E se for porta voz da confirmação de nossas projeções?

E se ter razão for justamente aquilo que nos mata?
Ser pessoa em meio a portas com eira e beira
cuidadosamente enceradas e fechadas.
(guardadas por botas ensanguentadas)

Ter um coração de sangue é um perigo!
Mas nada faz mais sentido do que sentir e tatear a existência
Do que experimentar o sal e o doce de ser gente
estrela cadente...que do carbono, fez matéria e milagre!

Somos uma espécie de arte na galeria do Universo...

Não sei para onde a vela vai soprar o barco da nossa história
mas sei que o movimento é perfume marcado na memória
Sempre foi, sempre será aquilo que mantém o coração de pé:
Amor - verbo intransitivo - coração quente...

e fé!

#

E as desigualdades celebram nossa estupidez...e parece que todo mundo celebra o que desconhece...violência, poder, o engole-cospe vidas se repete
Apesar disso, as flores que resistem aos dias. Vivem de parir a beleza do instante. Depois...fluir...ir.
A missão é aprender com elas. 
A mi
* Este poema foi publicado originalmente em outubro de 2018.

quinta-feira, 6 de julho de 2023

Excertos Terapêuticos

 Eu não sou perfeita
Não, eu falo palavrão quando corto o dedo
Tenho o lábio torto e o coração bolorento
- Faz século que suas batidas não tocam uma canção...

De tanto ver o que ser pessoa é capaz
Tenho medo...acordo o dia com um pai-nosso
Para perdoar e esquecer
E também para que me proteja de me ser...

Afinal, eu não sou mesmo perfeita
Perdi o medo da luz e da escuridão
Tenho mais medo da bandeira nacional que de cemitérios
E não acredito mais em bicho-papão...

Nas lições de Bel,
 Não mais aceito que me apontem a luz do sol
Pois aprendi que meu coração é um bom farol
O certo é  que me parece coerente e bondosa comigo

 - Afinal, eu também sou gente-

Mas, não quero ferir ninguém deliberadamente
Solto uma a uma as pedras de minhas mãos
Abro espaço para as flores habitarem onde havia feridas
A vida assim é mais leve...mais plural, arejada, bonita...

Hoje  só quero das pessoas o que puderem me dar 
Caminho para chegar onde  for confortável  e feliz - bem- amar...
A casa que habito, enfim, organizou espaços, amores
 perdeu o medo da chuva, recuperou infiltrações

E hoje perde o medo e abre as portas à novas emoções...

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segunda-feira, 3 de julho de 2023

Conversa com meu Pai (Parte 3)




Os anéis de saturno ainda estão lá...
As mangueiras da Coriolano permanecem
O tempo levou o Jucá mais pra perto da Padre Júlio
E ainda está lá, encoberto nos muros do antigo CCA,

Uma saudade...

Eu ainda sou eu, sabia, Pai?
Ainda digo não pras coisas erradas dessa vida
Ando mais calma, no direito sagrado de te amar
Mas, sem exigir do Universo o que não puder me dar...

É, Pai...

Eu quero de cada um só o que puder me dar
Da vida, com esforço, sonho e doçura, busco mais
Pois quero que da tua sombra e do teu fruto
Venha para o mundo ainda mais amor e cheiro de jasmim

E sobretudo, quero te dar paz, sempre que pensar em mim...

Já não se fala mais em Presidente Sarney, sabia, Pai?
E isso me recorda que o poder é uma ilusão
Mas ainda se fala em Capi e Waldez, papai querido
Porém, gente nova  vem trazendo mais daquele sonho antigo...


Não sei se saio daqui fazendo alguma diferença 
O mundo é mesmo um tão vasto mundo, José!
A gente se pergunta tanto 'e agora'?
De repente a gente chega e, sempre num susto,

Vai embora...

E por aí, José? Como vai viver?
Já tomou um baré com o Madureira?
Já visitou os amores - aqui e acolá 
E foi pescar em alguma 'beira'? 

Há tanta saudade...nem sei dizer!
Faz uma eternidade que não me buscas pra almoçar
Faz um tempão que não tocas a campainha
Não vens com o pão ou me chamas pra lanchar...

Faz um tempão que a gente não ouve Chico
Não debate a matemática inconclusiva de existir
Ou eu te inquieto por algum filme ou quem sabe, um Pessoa
Ou a gente não foge da civilização

E fica em paz dentro de um rio ou uma lagoa...

De tudo isso, Pai,

Fica uma saudade que se alonga nos dias
Se dilui um pouco mais ou se adensa no decorrer das emoções
às vezes, até mesmo sem motivo
- O coração tem suas razões...

Bom, Pai...até breve!
O poema acaba e preciso aceitar
Que bom que nos une, sempre que a saudade vem
Esse elo que sagrado que a gente tem!

Bom, Pai...até breve
O poema relutantemente acaba...preciso aceitar
Se cuida meu pai, que o vento te leve!
E que Deus te abrigue, até te reencontrar...

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