Domingo era dia de estar com meu pai. A menininha se arrumava todinha e ia dar voltas pela cidade com a irmã e o pai,conversando sobre toda a filosofia que cabia no instante ao som de boas canções. As primeiras sementes de poesia que tive na vida foram regadas pelo jardineiro que me deu a vida, junto com o senhor do pincel.
Ouvi Cartola com meu pai aos domingos por dezenove anos deste meu viver. Cartola, Nara Leão, Elis, João Gilberto, Chico Buarque, "O grande encontro", Zé Ramalho, Geraldo Azevedo, Caetano, Tom, Vinicius...tantas canções! Meu pai era professor pela canção. Ensinava refletindo as verdades dos grandes compositores.
Faz sol lá fora e me lembro de como ele gostava de sol, tão contrário a mim, tão contraditório e ainda assim, tão meu. Sugeria logo um banho de rio, batendo os dedinhos no volante enquanto rolava um sambinha. Parecia um menino,nestas horas. Era um menino,nestas horas, pelas quais sou grata à vida.
Fui ouvir Cartola e vi este vídeo dele com o pai. Deu uma saudade! " O mundo é um moinho", Cartola! apenas, ninguém nos contou a força propulsora do que reduz a pó...que somos nós mesmos. Mas nós ainda podemos fazer do pó esculturas, formatos, arte, beleza...e assim, dar um nó de volta no mundo, só para sacanear com os moinhos.
Queria tê-lo,pai, ao meu lado para conversar essa canção, como as tantas outras que ouvimos...mas eu ainda posso te enviar o vídeo em pensamento. Porque eu sei que no teu mundo sempre terá espaço para canções boas, poesias boas e amor visceralmente transformador...e porque semeaste isso no meu coração, esse é o nosso grande elo. <3
Queria tê-lo,pai, ao meu lado para conversar essa canção, como as tantas outras que ouvimos...mas eu ainda posso te enviar o vídeo em pensamento. Porque eu sei que no teu mundo sempre terá espaço para canções boas, poesias boas e amor visceralmente transformador...e porque semeaste isso no meu coração, esse é o nosso grande elo. <3
(Saudades de domingo...)
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