sexta-feira, 31 de maio de 2019

Depois



Depois de um tempo contando estrelas
Virando avenidas, 
paralelas e esquinas
De papo com minha própria emoção...

Depois de fazer as pazes comigo
E libertar os fantasmas do porão
E de brincar com minhas manias e desejos
(Quiçá, entremeios)

E de entender que às vezes,
A chuva simplesmente cai,
Porque tudo é quente e molhado no equador
E de sentir sarar a dor...

Depois de perdoar 
o último espinho fincado na pele
e abençoar até aquilo que me fez chorar
descobri que, dentro do coração, tudo só quer...sossegar.

Recriar meus coloridos versos...verbos de paz...
Saber de coisas puras e bonitas...claras como a luz do dia...

Agora, quero saber
Quantos castelos de areia existem no mundo
Quantas casinhas na árvore, bolas de gude
Sentar e ouvir contos da carochicha

Quiçá, brincar de esconde-esconde
Ler uma antiga 'Sabrina'...
Repensar infinitos, falar de Universos
Fazer e viver... versos simples

Declamar às flores,
Por onde o vento for!
Sentir o infinito dentro do peito
Rimar boa emoção com amor.

#

Depois de um tempo (e leva tempo) a gente começa a achar mágica a simplicidade, pois nela mora a felicidade... :)

LUZ! 

Contemplativa


Cheiro de flor
enquanto dança com o sol
Cheiro de amor
Quando ri

Sol que beija o amazonas nesta manhã
Aves que tocam a beira da maré
E comem os pequenos peixinhos
Sempre contemplativa, reverencio.

Porque viver é  ser e sentir os ciclos...

E tem gente que passa e não nota
O revoar da estação
O arco-íris fininho e colorido sob a garoa fina
Feito moldura dos anjos sentados às portas do céu...

Quanta beleza existe!
O mundo parece pintura feita com giz de cera
Ou tinta desenhada sob o papel
Por um delicado artista e seu pincel...

E o sangue que pulsa,
Quente e macio dentro do coração
Diz que a gente existe 
é para ficar bobo com pequenos encantos

e perceber o quanto tudo isto é mágico...

Pois, o amor em nós é raro...
a vida, em seus detalhes, é de uma tão perfeita sutileza
existe um pequeno milagre em cada coração 
E isso, sem nome...

é boa emoção.




Por boas emoções, gestos e sutilezas e principalmente, por dias bons...poesia matinal. 

:)

sábado, 25 de maio de 2019

Poema Cíclico






Digo do amor:
Amar é sinfonia
É preciso dançar com o tempo
Respeitar o movimento...

Deixar o amor voar
Também é sentir
Por isso, gosto de olhar o voo das andorinhas no céu...
(O Amazonas, nos fins de tarde, é um presente)

E eu, que gosto das filosofias inconclusivas
De questionar as cores do céu
E dançar quando a chuva cai
E que nunca sei p´ra onde o vento vai



Deixo o amor  voar... (ser o tiver...em mim)

E, enquanto escrevo e penso que  ser gente é assim
O fim de uma tarde alaranjado beija meu olhar
Inerente como respirar:
É preciso sentir...

(Mais do que tudo,
Viemos para cá sentir)

Por isso, digo do amor:
Amar é acolher a luz e a escuridão do outro
E, em meio a tempos (e dias) loucos
Ser reflexos de bondade...

Por isso, digo do amor:
Amar é sinfonia
É preciso dançar com o tempo
Respeitar o movimento...

#

Fiz esse poema de ver um revoar lindo de passarinhos
Chamei de andorinhas. Mas não sei...
E isso me lembrou a canção mais lindona do Gil. 
Respeitar o movimento pessoal...é a maior beleza do amor. :)

Luz!


terça-feira, 21 de maio de 2019

Filosofias inconclusivas sobre a vida


Nunca é o mesmo rio - disse Heráclito
Mesmo uma flor floresce e fenece
Uma única vez! a vida é flagrante
Fragrante, respiro o tempo...

Gosto de sentir a existência,
 Pois cada um é cheio de pequenos lugares
A gente presta atenção no jeito como a pessoa ri,
E se apaixona por detalhes...

Uma flor, um beijo, um jeito de dizer bom dia
A gentileza do gesto, a preocupação, 
felicidade, tristeza, alegria
Pois, gostar é regar com afeto a vida de alguém...

Sinto o mundo com os sentimentos mais profundos
Silenciosamente, guardo apenas o melhor
Pois, depois de conhecer o frio e a dor
Entendi que sou eu quem constrói meus próprios caminhos

Desde então, faço como um bom vinho: 
deixo o tempo depurar...

E, se tudo muda mesmo de lugar,
Acolho com doçura e gratidão
Coloco o coração à serviço de uma forma de bem
Que se solidifica no gesto

pois, embora seja sempre o mais difícil,
Sei que é o caminho justo e certo...

às vezes, sinto um cansaço...um tão grande cansaço
De, entre mundos tão frágeis, ser tão latente
Pois, é difícil sustentar o peso do verso
e a densidade de sentir O presente.

Ser gente que ri 
e faz do instante seu melhor momento,
Cheia da auto-responsabilidade,
Pois, a cada um, a vida  oportuniza viver

De acordo com a própria íntima verdade.

(Como em um jogo de xadrez: 
viver é escolher o movimento)



Já disse o poeta " A gente leva da vida, amor...a vida que a gente leva".
A canção acima é um ENORME conselho. Sempre que preciso pensar sobre a vida, eu a ouço. É maravilhosa.  :)

LUZ!



domingo, 19 de maio de 2019

Ensaios sobre ser Pessoa


Rego minhas flores, 
Ouço as mesmas canções que meu pai,
Fico de papo com as cores da rua, do céu
Gosto da vida e seus sinais...

Desacelerada e intensa
De sabor e gosto, o vinho mais profundo
Cheia das cores do mundo
e olhos d´agua de ternura...

Sem apreço por multidões ou barulho ocos
Reuniões com muitas pessoas que não unem corações
De poucos e verdadeiros amigos, 
gente que consulta suas próprias emoções...

e que está junto:Presente! em cada dor e alegria
Não só no meio da agitação e barulho - caos e coisas vazias-
Porque bem disse os olhos de minha irmã:
O mundo  é aquilo que a gente cria.

Por isso, Cultivo: Jardins, sonhos, pessoas
Dou valor a cada vida que toco,
recebo, por bondade de Deus, toda proteção
de ser gente inteiramente disposta a voar
receber, trocar. doar....

respirar!

Ser ninho, ser lar
De cada afeto, um porto seguro
Ter com quem entrelaçar as mãos
 e sentir a vida de uma forma plena

Seguir leve, doce e cada vez mais serena.

Amar, muito amar!
Na exata expressão mais bonita
De quem recebe como uma dádiva
Pois, em verdade, 

amor bondoso é a coisa mais preciosa da vida.

#

Porque eu sou aquilo que acredito ser bonito na vida e  remo sempre neste caminho: o de gente feliz que faz gente feliz.:)

LUZ!!!!!!!





sábado, 18 de maio de 2019

Outono dos Poetas (Para São Paulo Poética)





Apesar do frio, a cidade corre, o sangue corre,
O pulso – da cidade- pulsa
Uma beleza mansa, acelerada e colorida
Cheia de poesia e vida,

Ê, São Paulo: como eu me sinto você.

Cheia de dutos que levam a encontros
Artérias que unem pequenos organismos
Verdades, inverdades...abismos
Gente que se perde e gente que nunca, de verdade, se encontrou...

Enormes distâncias, mundos
O raso e o profundo, as cores da estação
Um imenso coração que não dorme, tantas madrugadas
Na vontade louca das coisas que não foram embora

E também das que foram,
Mas deixaram vestígios, lastros de afeto
Afinal, São Paulo dos poetas, bem sabes,
Para as coisas do coração, não há um tempo certo...

Todo dia aprendemos um novo endereço (meio)
E cada instante ou tropeço a gente sabe o que não mais fazer...
Não se ‘deixa acontecer’, corre-se atrás
A vida aqui, é de quem sabe que o tempo, senhor do instante, é voraz.

Mas a brisa fria do fim de tarde neste dia de maio tão cinzento
Enchem o coração de uma terna poesia e emoção
E sacode as folhas secas do jardim do Coração
Pois é outono, aqui.

Ê, São Paulo, como eu me sinto em você...

#

Ouvi esta música pela primeira vez aqui, nesta cidade, justamente no instante em que pensava que...bom, palavras servem para unir, e só têm beleza quando  encontram esse pedaço da missão... 'palavras do coração'.:)

LUZ!


Quero ser...



Quero ser...
Como a brisa de fim de tarde
Que flui, gentil e suave
ao passar pela face...

Como um bicho calado
Que não quer ser notado
Apenas sente...e é...

Ou como a flor que se mostra
Perfume e cor em florir
Depois...fenece
e à terra fomenta o existir!

Quero ser...
Como o ser mais singelo
Que cria , transforma elos
E canta versos de amor...#


Depois de ler Rubem Alves, em "O Sermão das árvores" sobre a perfeição da natureza,


" Dizia Alberto Caeiro. Assim, o certo não somos nós. Confusos e estúpidos, pregamos às criaturas. O certo é que elas, felizes, preguem a nós. As criaturas falam. O salmista olhava para os céus e percebia que pelos espaços vazios se ouvia a pregação sem linguagem e sem fala das estrelas (salmo 19). Olhava, fechava a boca e escutava. Mas nós, cuja loucura está em nos considerarmos superiores, achamos que podemos pregar e ensinar. Parte da nossa estupidez é a incontinência verbal, a constante ejaculação de palavras - quando a verdadeira sabedoria seria fazer silêncio, parar os pensamentos, para ouvir a pregação das estrelas, dos peixes, das aves, das plantas."


Ave, mãe-vida!
Essa é minha oração-poesia, pela graça da natureza, que é tão linda, tão linda... :) 

*Republicado, de fevereiro de 2016, pois foi acessado e amei relembrar...

terça-feira, 14 de maio de 2019

Por enquanto (Epifanias da Sessão "Velha Boba")



Por enquanto ainda teço poemas e observo o formato das nuvens
(E tomara que sempre ache tempo para regar o jardim)
Por enquanto sonho coisas que vejo nascer, depois de esforço regado
(E gosto disso)
Por enquanto, percebo delicadezas. Belezas que se transformam.
Realmente, gosto...
Por enquanto, tenho mais estrada pela frente do que pés cansados
E  me entusiasmo com as possibilidades da mesma forma que corro para fazer acontecer.
Mas também amo ficar de 'bubuia' quando chove (de longe, meu tempo favorito).
Por enquanto, ainda emociono com histórias de amor 
E acredito em livros antigos, antigas profecias...
Na mesma proporção em que, longe de apenas sonhar, aproveito os perfumes e cores do dia...
Por enquanto, ainda me falta ler mais. Conhecer mais,
Doar mais, amar mais, ampliar o Universo, crescer...
Debater política, religião, futebol, mpb, bossa, rock, blues e jazz...
Por enquanto, eu me entusiamo para a vida e transformo qualquer dor 
Em motivo para ser mais terna...

A verdade é que, o dia em que tudo isso deixar de fazer parte, não quero mais estar aqui.
É que, 'no meu tempo'...que é 'sempre agora', tudo não é, está...
Existir é mágico. Mas apenas quando notamos que nada acontece no ontem ou na eternidade.
Mas em um tempo chamado...' por enquanto...'

É que, por encanto,
a gente sempre se transforma.

#

Fazia tempo que não escrevia como a 'velha boba'. 
Estava com saudades de escrever por ela, que mora em mim. :)


LUZ!

Cansaço



Com todas essas cores,
todos esses rostos, 
todos os luares de abril e maio
Tudo tão impregnado

Em meio à beleza do tempo nublado
Do calor do dia que não foi molhado
Dá um cansaço...
(um tão grande cansaço)

Entre tantas esquinas
Destinos, escolhas, consequências, sinas,
às vezes, fica difícil distinguir...
O ordinário do especial, o efêmero do imortal

O que vale e o que não vale à pena
Afinal, em meio ao caos das subjetivações
O mundo produziu almas pequenas

E o inexplicável entrecruzamento de dados
entre aqueles que ainda estão inteiros
e os que foram quebrados
(Esquadros...)

Então, amor,

Perdoa o luto, 
a lágrima lava  essa lavra de palavras
Enquanto olho para o céu e respiro fundo
Faço a prece de não ser e não ter
 uma vida sem sentido a mais no mundo...

E faço do poema a mais singela prece
De cultivar as mesmas cores,  perfumes, amores
e o peito cheio de sonhos e flores
Que florescem! Porque, já disse o poeta
 "Sonhos não envelhecem"...

E que eu permaneça forte
Mais do que qualquer muro arranhado de emoção
E que permaneça com a mesma louca inteireza
De quem veio ser um bicho sem ferir o outro
Dentro do caos bonito e puro da natureza.




#

Essa música me lembra um pouco da beleza da infância, e dessa pureza que faz falta, às vezes...

quinta-feira, 2 de maio de 2019

O Trem da Vida ( Sobre incertezas e paz)



A gente entrecruza chegadas e partidas
São tantas idas e vindas!
Quem poderá dizer quem sou?

Entre a estação e o que passou
Milhares de Universos se criaram
Como um extenso abecedário de possibilidades
Que não se comunicam
Mas se entrelinham...

Eu te amei,
e isso é fato.

Feito a asa de uma borboleta
-efeito eterno-
Parece tão especial e singelo
Mas, às vezes, não é bom lembrar...

Aprendi a aceitar...

Enquanto isso, da janela
O tempo passa devagar para ensinar
Que o Universo que me cabe agora
é só um instante...(Sopro leve do luar...)

Entre as esquinas tudo muda de lugar
Em cada lado há um milhão de versões e eus
à espera de nascer
Feito sementes que regadas, podem florescer...

Mas, não se preocupe em entender o caos 
Estive tanto tempo em busca de sinais
Perdi tantas de mim por medo e ansiedade
Até aprender que o bonito da incerteza, é dançar na tempestade...

Rir com a vida e aceitar que Destino
Nada mais é do que a transfiguração do ato na realidade
E até a moça que te abraça naquele lindo retrato
Guarda o segredo de que mora lá, e apenas lá

Pois, para que pudesse sossegar
E ser quem hoje sou nesse longo verso
Dela me despi - arranquei pele, unha e coração
Um outro eu, em mim, 'morri'
Para que agora, possa sim, sorrir

Feliz.

- Plena de já não ser nada mais
Do que leveza, incerteza e paz.




#
Depois de assistir 'Se eu não tivesse te conhecido'.
Sobre ciclos que se encerram com ternura.


LUZ!