terça-feira, 19 de setembro de 2023

Natureza Viva

 Dentro, o que somos
Afora, o que vida é
O interior do outro nos atinge, às vezes
Feito um furação!

Nessas horas, 
Ainda bem, que eu sou vento do Amazonas
Quente e natural, Forte e perseverante
Movo e desenho horizontes...

Não se surpreenda com meu som
Menos ainda com meu silêncio
Na preamar a gente aprende a dançar
E na vazante a importância de se recolher sem alarde...

Afinal, a vida colhe sua própria lógica...
Todos colhemos, isso não é um conforto
É a lei do universo
Que tem o seu impróprio tempo.

Então...

Enquanto o segundo balança as folhas, eu me movo.
Curvo esquinas, percebo o espaço
Aprendo enfim as regras do jogo
É que, de tão distraída

Já me perdi em palavras confundidas...

Mas, afinal, é tudo questão de base
Ter um travesseiro leve, o coração inteiro
Ainda é minha prioridade
Afinal, no pisar dos ovos, tudo faz parte

E é tudo presente...
Mesmo quando a gente nem nota
O vento que faz a curva...dança, gira o mundo
e volta...

O eterno retorno existe!
É fato, já disse Nietzsche
Que aprendi a escrever nesse poema
Mas entender,

Vai levar mais alguns temas...

No meio de tanta incompreensão existencial
Ainda bem que existe Rubem
Para falar da poesia da pétala
Da beleza da leveza

A gente reconstitui FELICIDADE
Em cada pequena sutileza....
Eu, natureza viva
Sempre a regar mais de mim

Dentro de um mundo gigante
Um círculo sem fim...!

1,2,3,4...




Luz e paz na caminhada! <3 

sexta-feira, 8 de setembro de 2023

Sobre Roseiras, Vincas e os amores fáceis (Devaneio de Jardineira)



Sempre amei Roseiras. Rosas são flores delicadas, de pétalas aveludas, cujas cores,  parecem desenhos, pintados à mão.  Durante muito tempo, fiz festa para cada rosa que ganhei. Meu pai mesmo, fez questão de fazer suas flores (Eu e minha irmã), a quem chamava de flores de janeiro e abril, apreciarem o gesto.
Quando fui morar só, antes de ter um sofá, eu tive uma planta. E foi uma festa colocar aquela ‘vinca’ enorme, cor de rosa, na beira da minha porta.Mas …faltava a minha roseira.
Um dia, em uma quinta calorenta, eu a encontrei. Ela era doce, num tom rosa pálido e tinha uma única rosa pendendo, feito um pingente: meu imenso amor de veludo!
A senhorinha sábia da minha barraca preferida de plantas da feira maluca disse que esta era uma roseira especial, tipo argentina. Neste mesmo dia, comprei uma vinca branca, para dar uma clareada no jardim. E a roseira deu rosas lindas. Espetaculares! Por um tempo, foi a rainha do baile na minha pequena varanda. Ficava embaixo da minha janela, para abrir os olhos para o dia, sempre junto dela.
Depois de aproximadamente um ano e meio, a despeito de todos os meus cuidados, deu de ressecar. E foi um tal de “salve a roseira do meu jardim”! Para tanto, cerquei-a de cuidados: melhor terra, melhor adubo, tempo adequado e quantidade de água certa. Enfim, aquele doce pé de rosa ganhou o infinito. Senti muito. Confesso que guardei sua última flor, que ressecou tão perfeita, que fica na minha parede, lembrança da vida que já abrigou. Até hoje,2018, mora comigo.

No meio dessa correria e expectativa, a pequena vinca florescia e aumentava de tamanho, silenciosa e matreira. Já deu filhinhos, que vez ou outra, dou de presente a quem está na minha vida e aprecia jardinagemDia desses, um desses filhos foi plantado no mesmo vaso que uma roseira menina, que havia acabado de ganhar. Não deu outra: a roseira já foi dormir e o pezinho de vinca é o novo dono do lar.
Dei de gostar de vincas. Gosto das cores, de como dão flor de janeiro a janeiro, de como recebem qualquer terra e já ficam ainda mais enfeitadas, agradecidas e agraciadas.
Vejo a lua e os fins de tarde através delas, inclusive. Hoje, moram comigo três brancas, duas cor de rosa e uma vermelha. São as damas do jardim.
Com o tempo, deixei de sentir falta das rosas. Ainda as amo e tenho uma delas no jardim, nesse momento. Mas sou mesmo grata às vincas, que há mais de cinco anos trazem tanta cor ao meu pequeno reino. Hoje, em 2023, fazem 12 anos que sou a mais profunda apreciadora de seu desabrochar fácil e do seu cultivo natural e sem excessos sofríveis. 
Penso que a vida e o amor são mais ou menos assim, também:  Você planta de várias formas, do mais intenso e exótico, ao simples e natural, mas florescem mesmo os amores simples. E veja: há muita dedicação mútua, aceitação das necessidades e perseverança, pois  há meses em que ressecam e parecem quase definhar, então preciso cortar seus galhos. Depois renascem, profusão de pequenos botõeszinhos bondosos.

As vincas ensinam que a vida precisa  ser macia e encantada, mas também real e possível.
E isso não está errado, nem é mera coincidência.
Cada vez que rego as plantas no meu jardim, vejo um recado do infinito!