segunda-feira, 29 de abril de 2019

(Des)feito




Desaprender 
O dia
Como quem desfaz um ponto de crochê
(De nome 'fantasia...)

a gente puxa a linha
e o que era nó(s) ...vira espaço
elo desfeito, feito um mal jeito
que foi preciso corrigir...

Do laço então, nem mais corrente
Coração dormente 
aos poucos, já nem lembra mais...
Afinal, já disse o poeta

'O amor é a coisa mais triste quando se desfaz'

(Mas o perfume da memória
Exala e sopra...)

E assim, (des)feito
O laço é pretérito
- Mais que perfeito -

#


Por incrível que pareça, esse poema nasceu sobre uma explicação de como se faz um ponto em crochê, com a poeta Maria Ester - madrinha de sonhos nesse mundo de poesia.  Então, fiz a analogia...vai ver amor é também um ponto em chochê:  a gente tece e é a coisa mais triste quando se desfaz...mas sempre floresce em outra forma de ser belo. 
* Há tempos nas esquinas dos rascunhos do 'Aluanaodorme', por falta de imagem. Aí fui 'garimpar' e ...'voilá'. 

LUZ!




sexta-feira, 19 de abril de 2019

Colha o dia (Da Mary Rocha para a Jaci)




Colha o dia
Ainda que esteja nublado, frio e cinzento
(A)colha o que a vida te trouxe
Na forma em que se apresenta...

O frio nos relembra a necessidade que temos do outro
E o cinza contrasta com tudo que brilha
de forma que é possível identificar 
mais claramente o caminho...

Colha o dia
O medo, dizia o poeta, é irmão da ousadia
então (en)colha a tristeza
e lhe dê manso abrigo

Ter paciência - consigo-é um dom cultivado
 Só não esqueça
a estrada se faz mais interessante
Quanto mais amor caminha ao  seu lado...

Colha o dia
Não queira vencer de uma vez só todas as estações
A vida é feita de instantes que não se repetem
então tenha a certeza de ter vivido tudo que foi entregue

Apenas colha o dia...
e não renegue nenhum sentimento
 - ao contrário, transborde a exaustão do que te (as)sombra-
retoma tua luz... ela é leve...

Colha o dia
Mas não descure nunca de significado
Pois, cada passo dado nos aproxima do grande final
e, muito mais que letras ou imagens de vitral
seremos sempre resultado daquilo que (es)colher...

Então, que seja você
a espalhar suas pétalas no caminho
a florir sem descartar seus espinhos
E a voar sem renegar o casulo

Antes de tudo, escreve versos - naquele muro que te assombra.

Colha o dia
e então mesmo que a nostalgia
assuma a narrativa do seu espetáculo pessoal
Haverá aplausos no final


a própria existência te saudará, de pé.



#
*Este poema é de Julho do ano passado.
Foi acessado agora, quando, por isso o republiquei...
Curiosamente, agora, que tenho essa luz leve de vida que se acolhe, de um jeito bom, ao meu redor...
Quanto ao poema, mais do que lindo, é um conselho, atemporal, para mim e para ti, que escolhemos trilhar os caminhos com bondade, dignidade, verdade, mas sobretudo, leveza e capacidade de ser...resiliente.

E de, em meio a tudo isso, encontrar uma beleza toda própria, no florescer interno, no casulo que nos abrigou quando ainda éramos frágeis e nas asas que nos dizem que o voo... é a consequência de quem tem coragem. E isso me lembra o poeta Belchior, quando diz no poema-canção: "Calma! a tudo, prefiro a minha alma. E quero que esse seja meu brilho. E o meu preço...é caminhando que se faz o caminho".

E eu louvo à vida, à Deus e a poesia pela beleza disso tudo.

LUZ!!!


quinta-feira, 18 de abril de 2019

Poema sobre o amor que vai


O amor se vai...
Morar n´outro lugar
Volta, brinca de dançar
Em nós de um jeito diferente

(tão naturalmente)

Como a chuva, quando cai.

Há dias em que chove uma imensidão!
O dia dorme até mais tarde
Até Deus sente preguiça de se levantar
E o dia passa devagar com sua luz cinza...

Há dias que chove sob o sol
E nessas horas, o céu dá até de parir
Um arco-íris!
Há luz por todo lado
Tudo e colorido e perfumado

(Sob um céu azul clarinho)

Toda vez que uma chuva cai
E a gente não aproveita
O poema morre um pouco
- Isso também acontece com o amor...

Por isso, é da vida aproveitar o dom
Sem esquecer a máxima profética:
De que ele é (sempre) bom.

#

Filosofia inconclusiva sobre o Poema:

Um amigo me contou que é dia do Ex. De pensar nas coisas que vão - ou que ganham outros contornos, este poema nasceu. Reverenciei àqueles que passaram e deixaram seus pedaços na construção de quem sou, no agora. 
Comentei um dia desses, com alguém querido, que não tive (graças à Deus) a infelicidade de lidar com pessoas más, trapaceiras - aquele tipo de gente que faz algumas pessoas desacreditarem, 'traumatizarem'.
Assim, o amor (para mim), veio na forma de uma coisa bonita, sagrada. Perfeitamente possível de se construir e formar  pontes para a eternidade - de formas diferentes. 
Não penso que seja sorte só ter  amado pessoas que considero boas, fantásticas, cada uma à sua maneira.  Penso que seja uma escolha. Eu escolho para qual lado olhar e o que realmente vale à pena levar comigo...como em tudo na vida.

E, porque o amor é bom, me faço Gratidão!

LUZ!