segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Regresso

 

Quando o mundo era dor em mim
Era difícil entender a configuração da diagramação do céu.
E eu via tudo aleatório, e não como uma pintura abstrata
Claramente intencional.

Quando o mundo era dor em mim
Eu me perdia em tentar ser amada
Fazer um esforço tremendo para acompanhar a estrada
De quem corria em outra direção

(Não, não quero mais andar na contramão)

É,parei com isso, de aceitar revessos.

E,  no regresso a mim, 
Colhi sorrisos e um jeito mais perfumado de existir ...
E entendi que longe de minhas expectativas e idealizações
Esse gigante mundo aproxima afins, por seus corações...

É, afinal,
A gente vibra e encaixa com o que nos apetece
E o tempo finalmente floresce
Diferente nessa ensolarada manhã de agosto...

Pois, 

No tempo em que o mundo floriu em mim
A existência voou rumo ao amazonas, agigantou-se a navegar...
E agora, faz mais luz  aqui
Do que em toda Macapá! <3



#


Embora pareça uma canção de amor romântico, esta música foi escrita originalmente para Jesus Cristo. <3

sexta-feira, 9 de agosto de 2024

A Linha (Republicado)

                                          


Entre o crime e o afago
O socorro e o pecado
Quem saberá dizer
Dos erros e virtudes
Qual o nosso maior fardo?

Quem saiu do labirinto do sentir
Intocado pelo absurdo?
E nunca bebeu suas lágrimas
O sabor doce da saliva amada
E falou de amor sem sentir dor 
ou mágoa?

Quem ultrapassou a linha da virtude
E se sentiu devasso e impuro
Indigno do mais terno olhar?
E descobriu a própria maldade
Seu egoísmo e fragilidade
Tudo em nome do amor…

Quem já se sentiu pleno e perfeito
Depois de enlouquecer de paixão?
E jamais errou a dose e a medida
E não fez da loucura
Sua forma de pedir perdão?

Quem, depois das vestes de rei
Não mereceu as de um mendigo,
E até correu perigo por sentir demais?
Quem jamais sentiu na carne o corte
Da própria humana fragilidade
E pediu ao doce senhor dos céus piedade?

E jurou aos céus...'nunca mais'...

É, Marméladov,
A linha entre o belo e o bizarro
Está na minha e na tua mão
Cada um tece suas próprias vestes
Pecados, suores, amores
E oração…! 


Da releitura de"Crime e Castigo", uma brincadeira proposta entre amigas e sentir novamente as dores e os sentimentos do bêbado Marméladov, ao falar em Cristo...

*Republicado de 16.11.2016, pois foi acessado, e senti imenso apreço em reler esse pedaço do aluanaodorme. 

sexta-feira, 19 de julho de 2024

Nunca Mais vou me Esquecer na Estrada





 Eu nunca mais pedirei
O que necessita ser obviamente partilhado:
A cada elo quebrado
Direi apenas...A-Deus...

Nunca mais seguirei
Por caminhos mal pontilhados
A não ser que pelo puro prazer de andar na contramão
Do contrário, mudo a rota, o controle e a direção...

Não mais farei poesia pela metade
Não esperarei do outro o que, em essência, é  minha contribuição
Retomarei o que é meu
Pela delicadeza de minha mão...

Não receberei mais o que não é meu
Como se o fosse
Pelo contrário! pelos meus pés
Colocarei meu próprio corpo

E tudo bem que  tenha construído outras edificações
- São partes do processo de aprendizagem do 'eu'
Todo mundo ganhou, e se a essência partiu
Tudo bem se agora, em pleno junho, se achega um novo abril...

Nunca mais deixarei meu coração marginalizado 
Enquanto corro para salvar-me de dragões imaginários
Sentirei comigo cada coisa, as dores e delícias
Sim, vou reelaborar tudo que o 'eu' precisa...

Fazer o trabalho árduo, perdoar sem esquecer
Como uma espécie de proteção sem armaduras
Assim mesmo: como uma decisão...
Vou me tornar cada vez mais inteira, ainda que hajam partes quebradas,

Nunca mais, nunca mais vou me esquecer  de mim na Estrada...

#

Depois de reler Poe e de ler "Gênese'', do Gabriel Yared (Do livro 'Desterra', que recomendo difunforça, como se diz aqui pelas 'bandas' do Norte...)

quinta-feira, 18 de julho de 2024

Retomar a Poesia






 E eis que o verbo fez-se fato
Na tua carne
Não é profano, meu bem
Não há nada mais sagrado do que bem-amar

- Disse-me o Mestre.

Então, 

Segura na minha mão
Vamos contar às estrelas o segredo do nosso lençol
Mesmo a mais brilhante
Vai ficar bemol...

O nosso tempo é o instante
Somos poesia do Universo, luzes que se encontraram
Para brincar de não ofuscar
Se demorar mais um pouquinho,

- Parece que vou namorar...

E nem é brincadeira esse poema
É uma promessa não feita, pois não sou afeita
A prometer espontaneidades
- É um contrassenso, bem...

Mas segue o baile: dança comigo
Vamos fazer da presença um presente bom
Brincar de esquecer que somos gente crescida
Esquecer da lida...

- Recordar que é pouco o tempo da existência
Pra gastar a vida com dormências
Coisas pequenas não valem a grandeza do milagre
Vem ser o Rei do Castelo que fizemos 

Só para sentir e amar...

E assim, poderemos enfim
Retomar a poesia, iluminar a vida,
Ser mais leves do que jamais fomos
Soltar bolhas de sabão no parque

Deixar voar as borboletas no estômago!
Fazer o melhor da existência com a filosofia da trindade,
Algo como amar bem, que se resume em:
- Sentir, viver e fazer arte -

#

quarta-feira, 3 de julho de 2024

Sobre Ted,HIMYM , Sincronicidade e Coincidências Significativas - Parte II (Spoiler à vista!) (Republicado)

" O engraçado é o seguinte: da minha própria maneira louca, eu estava feliz. Pela primeira vez em anos não havia nenhuma parte de mim apegado ao sonho de ficar com Robin. O que significava, pela primeira vez em anos, que o mundo estava aberto. Porque, crianças, quando uma porta se fecha...bom, vocês sabem o resto" 
E foi assim que a longa jornada de Ted em busca do amor de Robin, teve o princípio do fim e que, pela primeira vez em anos, nas palavras do próprio mocinho, o mundo estava aberto às possibilidades.
HIMYM é a clássica epopéia de d Quixote moderno, adaptada ao romântico ideal da procura do 'grande' amor. Jornada acompanhada por nós, amantes da série, que vimos por longos nove anos a narrativa de  trinta e seis anos de Ted à procura da 'Sra.Mosby".
A série, que é uma comédia, longe dos clichês superficiais modernos, abrange uma série de temas complexos e difíceis de lidar, com as mudanças produzidas pela modernidade: solidão, procura, amizade, perdas e ganhos, crescimento, família e sonhos - perdidos e transformados. E, principalmente, ternura em meio à isso tudo.
Confesso que uma das coisas mais incômodas para mim, durante a série, foi acompanhar a evidente paixão não correspondida de Ted por Robin. Aliás, o esforço de ser amado pela jornalista foi tal, que durante anos, Ted roubou uma trompa azul, fez 'chover', 'armou' surpresas de Natal, aniversário, largou uma grande história, abriu mão de projetos...enfim. 




Amor que precisa fazer grandes feitos em busca de aprovação. Tive por Ted a empatia daqueles que têm coração bobo e que sabem que, nem sempre o amor é razoável. Quase nunca é.
O que me recordou novamente aquele trecho em que  Ted conversa com Robin sobre pessoas e encontros (17 ep da sétima temporada). É quando Robin fala em Sincronismo, sem mencionar que é conceito de Jung, que desenvolveu uma teoria sobre o sincronismo e as coincidências significativas - que aliás, valem à pena de se conhecer.
Estes conceitos tem tudo a ver com toda a narrativa da série e com Ted e o fato de que simplesmente Robin não era seu destino (ou...era?) Bom, o fato é que, antes da mais nada, Tracy era o destino de Ted. E ela veio...o mais rápido que pôde, de uma outra Estação, um outro simbolismo clássico de que, não importa o quanto você procure, o amor 'te encontra'. Ele simplesmente 'vem até você'.

Aliás, HIMYM é cheio de coincidências significativas. 


Ted inventou uma dança da chuva para ficar com Robin. Chovia longa e naturalmente quando Ted conheceu Tracy. Ted criou malabarismos e disse 'te amo' desde o primeiro dia para Robin. Foi Tracy quem chamou o mocinho para ficarem mais tempo juntos, na primeira noite...
Acho que, no fundo, isso tudo diz muito do amor e da paixão. A paixão é fazer força para chover. O amor molha naturalmente...

Já escrevi sobre Ted Mosby e HIMYM algumas vezes. Sinto que, de muitas maneiras, Ted e a vontade de encontrar o 'amor de sua vida', em uma época tão líquida, me faz sentir a ideia de que, apesar do acelerado, boas amizades, bons amores e boas pessoas estão se encontrando no tecido enorme e disforme das cidades...e também no nosso dia a dia. 

E, o fato de que, após uma longa jornada, o mocinho encontrou Tracy e com ela viveu o amor de seus sonhos faz qualquer um de nós alucinar de alegria...apesar do nada clássico final.
Mas, antes disso, crianças, ele precisou desistir de "fazer acontecer'' e colocar a vida à disposição do Universo. Ele precisou tirar os fantasmas da ilusão do armário e jogar fora, apenas soltar...as rédeas, os pesos e os medos. E apenas confiar na força poderosa do Destino.


P.s: Aliás, a canção abaixo - outra curiosidade de HIMYM - tocou nos dois momentos em que Ted deixou Robin ir: no ep.15 da 7a Temporada e no episódio da 8a Temporada, a do 'balão'. A mensagem sempre foi clara...'apenas solte'.
Ps: Ainda que as coincidências significativas sejam maravilhosas, nada no Universo retira a nossa força pessoal de permitir que aconteça ou de colaborar com o que acontece. Afinal, o Universo tem um plano, mas precisa de nós. 
É isso, Kids. :)


* Republicado de 26.06.2019, porque foi acessado e gosto demais deste texto.


LUZ!

terça-feira, 2 de julho de 2024

Aceit-ação

 
Deixo ao tempo o dom de cuidar
Das coisas que desaprendi de guerrear
Não quero mais ‘andar na contramão’.
 
Aceito
As coisas que acontecem para além da simples razão
Porque acredito no amor da criação...
 
Já não quero mudar tanto o todo
Somos o que podemos e o que escolhemos acolher
De tudo que nos achega
E cada um está buscando amor como melhor lhe parece a vida
 
E goza e padece de sua própria lida...
 
Confio.
Não porque a vida seja apenas a mais pura claridade
Ou tenha alcançado o nirvana
- Pelo contrário, ainda anoiteço
Mas cuido com delicadeza das sombras que se achegam
 
Acolho, trabalho e cresço.
 
É, agradeço.
Toda raiz precisa até mesmo do mais intenso temporal...
E com isso, a beleza do todo me alcança
A menina que me habita dança

O oceano da vida se abre 
Para que possa navegar com a realidade como que realmente é
E como sou, e às coisas que quero cultivar
E de saber e perceber o quanto isso me liberta

Sou mais feliz no agora do que jamais fui...




#

Durante muito tempo, fui muito escrava das minhas expectativas acerca da realidade. A romancista e poeta que me habita desejou ardentemente certas sensações e sentiu muito quando a realidade veio em contrário.

Leva tempo para aceitarmos a beleza da simplicidade: O que é. A vida. A gente. O mundo. Mas essa percepção é poderosa e, confesso, um grande prazer. E eu desejo para mim e para você que me lê essa beleza...a de perceber, confiar no amor da criação e navegar... e dito isso finalizo com outra forma de poesia...a bíblia, com sua linda mensagem de que "Os que confiam no Senhor são como os montes de Sião, que não se abalam, mas permanecem para sempre"  (Salmo 125,1-3).


LUZ!

 

quinta-feira, 27 de junho de 2024

Inteiramente Aqui




 Eu sei, 

Não sou a pessoa mais exata do mundo
Tomo cafés amargos com bolos de chocolate
Faço de pingos de água, uma tempestade emocional 
Verdadeiro vendaval

Sorrio para o nada, mas não falo nem boa tarde a estranhos
Faço pouco cálculo: horas, dias
Perdas, ganhos.
Deve ser difícil esperar de mim alguma precisão...

Não tente, bem.

Eu, por fim, já desisti
Prefiro sentir, acolher e perceber
Estender meu coração 
Acolher a dualidade

E bem-viver...

Mas, será que o mundo inteiro não é mesmo assim?
Se não existe nem mesmo um único grão de areia igual
Porque pedir métrica de mim?
Não faça isso, bem...não alargue nossos espaços por esperar o que não sou

Apenas abraça-me enquanto estou
Inteiramente aqui...

#

"No fim, 
É sobre estar 
Com quem gosta daquela pessoa que gostamos de ser..."

Sobre minha enorme torcida pela Carrie e pelo Aidan... porque, mulher de Deus, o Big é um big lixo, reaja. :P


quarta-feira, 19 de junho de 2024

Romance sob as luzes de Buarque



Põe Chico pra tocar no celular, bem
Não deixa a Luisa Sonza confundir a canção
Põe a mão no meu coração
Vamos dançar...

Aproveita que estou tão anos 40
Me chama de brotinho e a gente janta à meia-noite
Antes disso vamos brincar
de Construção...

Modernidades não me caem bem, tu sabes
Relógios são grandes demais para um pulso de pluma
O tempo, às vezes, é feito espuma
Escorre entre os dedos, macio...

É nisso que acredito.
É nisso em que confio.

Não somos de datas, mas hoje, Buarque faz aniversário
E assim, as leis do abecedário
Giram a roda da vida
Para celebrar...

A gente não seria igual sem Chico, não é mesmo? 
E que amor o seria?

Aquela madrugada fria
Em que escrevestes no meu corpo mil formas de 'te amo'...
Ou quando ficas em mim, feito tatuagem
- Haja coragem, querido...haja coragem...

De tempos em tempos, sou tua bailarina
Sonhamos juntos que o inferno congelou aquela gente chata
Que pensa mais em do que títulos que na beleza da flor
- Que fenece, ainda aquela mais perfumada...

Mas não vamos enrijecer de medo
Só porque a a realidade bate, às vezes
Que a gente cresce mesmo quando entende que a chuva também traz o frio
É quando acorda, percebe que tudo é o que é 

E segue a vida, mesmo assim: macio...



#


Esse é um poema cheio das ideias e referências.
Uma singela homenagem ao GRANDE Chico Buarque, que hoje está de aniversário.

terça-feira, 18 de junho de 2024

Brevidades



 A beleza do creme brulé
As cores cinzas do horizonte...teu cigarro na varanda
O fogão que faz a janta
O chá que fumega um tipo de inexplicável aconchego,

Um cheiro, um beijo...
- É, nem tudo é sobre profundidades, meu bem!
Superfícies não são superficialidades:
- Brinda comigo as brevidades...

Às vezes, o cinza do dia é suficiente para ser tão cheio de arte e cor
E a vida faz sentido: 
Pele, arrepio, gemido...cabelos, mãos
... tum tum tum do coração...

A poesia às vezes se enche das brevidades de um jeito estranho,
Quase aleatório...
e, ainda assim, tão belo!
A natureza do todo tão encaixado para a tarde acontecer

No entremeio da loucura,
- Uma pausa pra gente se viver -

Não há tantas questões assim,
é só uma questão de quereres
Por isso, hoje admiro tanto os franceses
Aquela crueza elegante que permeia até o ar...

Então,

Põe Zaz na sala,
deixa eu me apresentar...



Esse poema nasceu de rever uns episódios de sex and the city, de um encontro da Carrie com um francês....rs. E de refletir sobre as brevidades, as superficialidades e as questões complexas e simples que envolvem as relações.

Mas pode ser mais leve que isso, para você, que me lê. :)

P.s: Publicado porque o dia está tão coloridamente cinza...e gosto tanto de dias assim, que fui buscá-lo dos rascunhos. :


:P


quarta-feira, 12 de junho de 2024

Encontro



 Meu universo toca o teu: é fato
Mãos que já foram continentes formam nós
Um repente,
Gesto que me leva até o teu olhar...

Meu corpo feito estrelas, no teu: constelação!
Não é poesia, meu bem, 
- É uma constatação -
Certeza que se firma com sua luz particular...

Meus olhos que já foram parte das águas
Quem sabe, do nosso Amazonas
Desaguam mansamente nos teus
Fluem calmamente, e ainda assim: é preamar...

De pré-amar fomos assim:
Convite ao cinema negado
Aquela ligação recusada...
O medo, as cascas, as marcas partilhadas...

De bem viver somos verdadeiramente:  o próprio big bang
De um tipo novo de mundo a ser descoberto!
- Magicamente programados 
Para acontecer no tempo certo -



#


Sobre o dia: Um 'amor de cartas claras sobre a mesa' é o que desejo a mim, e a ti, que me lê! LUZ!

<3

quinta-feira, 6 de junho de 2024

Cartas para D.





 Sabe, D.
O tempo não é mais meu inimigo
É porque existe que eu sigo,
Ininterruptamente, batida a batida deste velho coração...

Aos poucos, tornei-me sua parceira e aliada.

Por isso,
Hoje, gosto tanto de amanheceres quanto dos pores do sol
Planto feliz coloridas lavadeiras
Perdoo meu girassol por não gostar tanto assim dos ventos do equador...

Aprendi que não estou 'indo' ou 'vindo'...Apenas 'aconteço'. 

Eu diluo entre breves ou longas digressões
Já não luto tanto, nem amanheço:
não me perco em frágeis paixões
Sou velha para certas alucinações...

Mas eu sigo jovem para uma boa comédia
Para ir ao teatro chorar de rir, ser plateia
Da vida e dos acontecimentos felizes dos meus amáveis amores
Assim, faz tanto sentido ser quem sou e gostar de existir!

- Apesar dos pesares, dos medos, das dores inerentes,


Tudo isso é só uma pequena parte
No colher dos dias, tudo é sobre respirar
Cooperar, bem amar...transbordar!
Fazer, das (in)delicadezas do cotidiano, uma arte: resignificar, explicar ou pirar...

Bem amar os meus! -  eis o milagre...

É...escrevo-te com o coração mais puro de me ser
Ainda que cheio das contradições inerentes
O mundo é tão latente! 
Detalhes e mais detalhes que fluem cotidianamente pelas mãos...

Fiquei mais leve, D., confesso
Não porque a vida aliviou...mas é que agora subo ao ringue
Bem menos desavisada
E guardo meu melhor para bem viver as borboletas amarelas da estrada...

#

Escrevi esse poema depois de ouvir Cazuza.



segunda-feira, 3 de junho de 2024

Autorretrato




 Quem és? Perguntei ao espelho
Que repetiu em mantra, segundos depois...
Mas, que pieguice:  Meu cérebro havia pensando !
E antes, as células programado..

- São detalhes de um mesmo roteiro
Que, no entremeio,
O lábio cumpriu... -

Repetição da repetição:  segundos atrás achei que era novidade!
E disso, o Universo riu sem piedade,
Pois mesmo as células de minha mão 
Já foram estrelas, bem disse Carl...

- E assim, fique (in)tranquilo: Tudo se reinventa, meu bem...
O igual está estaticamente paralisado: 
Morto de tanto gostar de ser exato!
De não permitir-se transgredir à transgressão!

Por isso, hoje, 
Antes de responder à questão 
Apenas uni as mãos: 
Agora sou uma constelação...

(''Sol-te'')

#

Mesmo o 'sol-te' foi quebrado, pois a novidade é que algumas repartições não querem mais muros, em Macapá...o que já é mesmo uma feira maluca - como é tradicionalmente chamada nossa feirinha - porque as repartições já são muros, per si - ou pelo menos, divisões - que antes de disso tudo, foram criadas sem muretas.

Esse poema foi sentido quando passei em frente a este muro e vi que foi derrubado...e  pensei em quem eu era, ao deitar em plena esquina de uma das ruas mais movimentadas da cidade, para bater a esta foto...e de ficar feliz com o fato de que ainda quero fazer isso mais vezes, em mil outros contextos, não na repetição exata - porque 'nada do que foi será' ...e porque gosto tanto do agora! - mas sim, no reviver a experiência para experienciar o novo...

Por isso temos tanta 'simetria' ou 'interesse' por séries sobre o tempo e realidades paralelas. Nós já somos e estamos nessas paralelas! Construímos simbolicamente multiplicidade na similaridade...e na singularidade.

E, embora as paralelas se encontrem no infinito (diz a matemática), que bom que existem as intersecções. Mas ah... eu já escrevi sobre isso. Que bom que de outro jeito. 

É. Tudo é ambiguidade em eterno retorno. Agora mesmo o auto-retrato é autorretrato.

Ainda assim, nunca é o mesmo rio, já dizia Heráclito...e nunca é o mesmo coração...


quarta-feira, 29 de maio de 2024

Rotinas e Roteiros


 

E assim, ele já sabe
Que eu saio à noite pra dançar fit dance
E ler 100 poemas de Shakespeare apaixonado no intervalo
Que faço bolo de limão só porque ele gosta
- Mas bom mesmo é dormir de 'costa com costa'...

E assim ele aprendeu
Que debato política parecendo uma fera
E que, às vezes choro por quimeras
Porque sou muito apaixonada no que sinto
E às, vezes, um labirinto de emoções...

E o tempo vem dizer que a gente é 
Livro ininterruptamente acontecendo
Página a página 'se' escrevendo
Em mil versos e canções
Cheio das coisas tão pequenas

Tudo que compõem grandes paixões...!


#

domingo, 26 de maio de 2024

Ode às coisas que se achegam


 
Um vídeo novo
Um poema de amor bem docinho sobre as cores novas de abril
Um cego que abriu os olhos para a imensidão
...é um milagre.

Um carinho dos céus, não é mesmo?

E é sempre isso: 
Se achega macio e desde até o umbigo
Um frio, um cio, uma coisa gostosa...
Uma descoberta tamanha

- Daquelas de deixar Cabral apagado no mar da história...-

Sem dar de viver desse suor, um homem fica louco, 
'Assim me disse Zaratrustra' - Que triste !
 - De tal feito morreu Nietzsche 
No lugar que colhe gente doida...

- Demorou de disfarçar que era dor de amor
Que, como nego, também já quis morrer 
Do remédio irremediável do estado...
- o elo inenarrável com o sagrado -

Por isso, 

Antes de pirar de ausências, receita-se:
- Que o coração se encha de crença! 
( Ainda que com tanta contraindicação)
Vá lá, seu moço... endoideça de emoção...

Há sal e açúcar em cada descoberta:
Prepara-te, tempera do melhor sabor...
Mas, tu sabes, eu sei... é preciso coragem...
Pois, feito tatuagem, há beleza e dor...

De ser ancestral e real: 

Cru e sem palavras, só um bicho,
Entregue bem aos braços do benzinho
Curtindo plenos domingo
E depois de exausto, dormir...

Pleno de paixão!

De sentir sem explicar
E de ser sem ter razão
- Como sempre é de ser
Nas coisas do coração... - 

Ah! as coisas do coração...


#


Esse poema contém milhões de referências...

quinta-feira, 16 de maio de 2024

Calor



 Entrega teu calor, sem medo: que eu me derreto, amor
Sou muito afeita a tudo que também me é dado
Elos são afetos cultivados
Amores amáveis são os que fazemos com prazer...

Cuido de ti, não te preocupes
Eu sei fazer valer cada pedaço
Gosto de te ver sorrir e do som da tua risada
Confesso que acho que é meu primeiro sinal de afeto

O primeiro tijolinho da jornada...

Segura na minha mão
Colho com carinho aquela lágrima
Caiu quase sem querer, não foi?
Coisas da vida lá fora,

Que às vezes dá de acontecer...

É nessas horas que a gente entende
Que precisa de construir bons elos de amparo
Pois mundo precisa de um amor que se demora
Nos dias ruins, aquele alguém que não vai embora...

Então, senta no sofá, mas não embaralha a manta
A gente vê o jornal enquanto janta
Tu me contas uma piada bem tonta
E a gente decide não ir ao cinema, mas ver televisão...

É sempre assim:

Tu sempre falas uns minutos - ou horas
O quanto gostas do Hithcock ou de Tarantino
E eu perdoo tua falta de apreço pela boa película clichê
Mas conto meu melhor segredo pra tua língua

E a gente faz a vida acontecer...

Sabe, é tão bom viver você!  
Assim, tão de levinho
Entre a água e o vinho
O dia nasce sempre tão quentinho

És assim, benzinho,

Um sol todinho em mim...




#


Esse poema foi deveras clichê.
Dos meus arquivos de pieguices. <3

Amnésia (Republicado, corrigido)



Esqueça
Aquele poema matinal
Aquele tempo é para o hoje irreal:
Viver é deixar morrer - eis a ambiguidade.

A vida, tão escrita e tão escrevinhada
É feita a traços finos de giz
Mesmo o mais imenso sol amarelo
Derrete sob as águas do agora...

14 de Maio de 2024: é precioso e raro
Nunca mais virá....

E  o mundo é cheio de coisas bonitas
As mais belas declarações de amor são escritas
E ainda existem crianças correndo
Em algum lugar chamado 'felicidade'...

Tudo que é de verdade está aqui: é um milagre!
Trilhões de células cooperando para o todo
E assim, dou de acordar em meio a um mar in blue
E de ver, sei e sinto que tudo é melhor do que jamais imaginei...

Por isso,

Hoje gosto tanto da palavra 'esquecer'  quanto 'recordar'
Acredito que a inocência reside nessa estranha ambiguidade
E ninguém é criança de verdade
Sem entender dessa peculiar mistura...

É uma dádiva perder espaços da recordação!
Ainda  mais   quando se adoece do coração
Pois até mesmo o poema reconhece a razão
Própria do ato da impropriedade: 

 Liberta-se o fato da memória inglória: 
Que segue pura e assim repousa a história... 

Então:
Goodbye, Norma Jean!
Por favor, entenda. Ou perdoe, se puder...
Adeus, Diana! Por favor, descansa.

Cheguem novos contos, outros pontos
...conexões!
Pois é certo que nada é tão dissociado
Somos a partitura e o som da canção...

Afinal, convenhamos - com boas doses de ironia, 
já que nunca conviemos em nada - 
Tudo pode acontecer, menos a repetição da palavra
Viver não é sobre eterno repeat de página

E Caetano canta sob todos os espaços da sala
Que a  '' a novidade veio dar a praia...''

E assim, até os céus já sabem  e anunciam!
Que,  na perfeita metáfora dita desde Heráclito
Nunca é o mesmo sangue que passa...
- nem a mesma poesia.

E dito isso, nasce um novo coração...


Diz-se, na obra 'O brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças''..." Abençoados os que esquecemporque aproveitam até mesmo seus equívocos", que é de Friedrich Nietzsche, na obra 'Além do bem e do mal'.

E assim, esse poema nasce de reler um artigo científico sobre o direito ao esquecimento e associá-lo ao filme....e de pensar em cada coisinha da nossa história que merece o bom e velho esquecimento como uma forma de redenção do tempo.

A vida é tão colorida, artística, bela e irrepetível - sob pena de se tornar 'ordinária'.

P.s:Depois eu respondo a mim sobre a importância dos clássicos e da memória para a constituição da identidade. :)