Dói o noticiário, a acomodação que condena à continuidade desta forma de sociedade. Dói a dor alheia, aqui ao lado, na minha frente, gritante à vista. O silêncio de quem pode falar, mas por convenção ou conveniência (para não falar em conivência) opta por não fazê-lo (de onde todos contribuímos um pouco).
As minorias, as maiorias - a existência desses termos.
Dói a fome, a corrupção, a mesquinhez, a riqueza exacerbada, a caridade parca, a pouca vontade de "amar e mudar as coisas" nesse mundo, nesse existir tão individual, tão pouco plural. Dói coisas que nem as mangueiras que circundam sabem, pois são perfeitas, em sua ausência de complexidade e vivência funcional, tão diferentes da humana natureza.
Dói a crença, quando vira descrença, quando nossas esperanças são depositadas em quem se guarda por Deus "contando vil metal", e suplantadas silenciosamente ao conhecimento. Dói essa gente "honesta,boa e comovida, que tem no fim da tarde a sensação da missão cumprida", que arduamente tenta construir um país, uma vida digna, mas não alcança o poderio maior.
Deixa a doer tanta coisa, que só o milagre da vida nos faz enxergar beleza. É dual: felicidade- tristeza, calor-temporal.
Só as pequenezas nos salvam. E que bom que elas existem!!!
“Eu sou essa gente que se dói inteira porque não vive só na superfície das coisas.”
— Marla de Queiroz
* Dor e delícia, termo de canção de Caetano. Porque às vezes, alguma coisa que passa pelo nosso olhar nos dói, e não ser tangível a mudança...ha! é mola para querer continuar na lida e fazer a diferença em algum lugar...
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