Sobre as angústias na hora do gol e o direito de gozar no próprio inferno ( Devaneio)

As angústias de um goleiro na hora do gol.

Do gol feito, arrebatando a linha do possível ou na hora do chute do artilheiro?

Devem ser angústias diferentes. Aliás, que tolo divagar. Angústias são sempre diferentes.

Mas daí, se você não é bem um técnico exímio nessa coisa de vida,apenas fez umas ou outras anotações em blocos de poesia ,e não tem aquele autocontrole próprio dos bons jogadores? o que fazer? 

Não, não dá para não se interessar por teorias, quando tudo que se depende é delas para o gol não acontecer,para evitar  o derradeiro fatídico acontecimento: a ultrapassagem da linha. Quando você nunca jogou futebol e não entende bem como jogar com a vida, divagações podem tornar-se perigosas. Você pede tempo,mas quantos tempos pode-se mesmo pedir? (Droga,não me lembro bem as regras).

Tempo para fazer mais daquelas coisas que fazem feliz. Para dizer as coisas que precisam ser ditas, antes que não possam mais. Para os abraços exatos, quentinhos. Para ficar o olhar no outro, espelho amado. Ha! vontade imperiosa de colo daquele marginal de blusões que  dizia que o amor era a coisa mais frágil e mais importante a ser cuidada aqui, neste mundo.

Estamos sempre na hora do gol. Mas do gol feito, ou na hora do chute do artilheiro? Faz diferença, tenho certeza. Perguntarei a um goleiro, um dia.

Diabos de divagações. Diabos de humor. Esse é o legítimo direito de gozar no próprio inferno: encontrar-se com sua poesia e precariedades e dizer: Não dou conta disso sem uma taça de vinho. Põe a porra de um tango argentino, que a harmonia do blues agride minha imperfeita sul americanidade.

Quantos medos, céus e infernos carregamos no bolso das nossas almas?Quantas respostas o tempo dá, quantas somos nós que temos de ir buscar? Mas, ha....que bobagem.Isso é só uma pequena divagação sobre uma menina que dialoga com Belchior desde a infância, está com medo da hora do gol e precisa dormir, mesmo que esteja a gozar no inferno das suas inseguranças.

Está sem tempo de ir lá fora ouvir estrelas.Queria olhar o céu, lindo, líquido, nublado. Mas precisa aquietar o espaço, corpo e o tempo de "dizer não", por hora, porque precisa dormir. Afinal, ela é apenas a poetisa. A humana que roda, entre vida, céu,escolhas, teorias, destino, sina...filosofia.

Roda....em seus próprios céus e infernos. Como todo respirante que sente.