terça-feira, 9 de dezembro de 2014

O dia da moça




Ela é rotineira, metódica, lúdica e lerdinha. Nos últimos quatro meses, acorda sempre com Zoé, toma café com a melhor amiga quando dá tempo, ou contemplando o jardim. Rega o jardim, ajeita a casa (às vezes duas vezes por dia, já lhe disseram que ela tem toc). Lê alguma poesia ou trecho dos livros favoritos de sua vida, precisa disso para acordar os dias. Sente falta. Sente medo. Sente vontade de ver o dia, e o que puder fazer de melhor pelas pessoas. Sonha com outras realidades. 
Ela é forte, apesar da fragilidade que é ter um coração feito com bordas de jujuba. Acha que não precisa de paraísos artificiais, então tem andado só consigo, apesar das luzes externas. Às vezes, vai ao cinema com a família ou com as velhas amizades. Pois é, ela é de velhas amizades, apesar de a vida ter lhe presenteado com alguns acréscimos.

Ela pensa, pensa, pensa...e por pensar, não quer fazer nada que doa em sua própria carne, que vá contra sua vontade interna, quem ela é como pessoa. Então faz boas leituras, poesia, escreve cartas que não envia, faz canções (aprendeu a melodia de sua poesia) e planos possíveis: trabalho, estudo, metas de vida. E faz da casa com flores um casulo bem seguro de paz.
Têm tido a sabedoria de não procurar todas as respostas que não alcança e de aceitar que...tem um ritmo diferente mesmo. Um atraso de vida, como diria Manoel. 
Na casa,ela passa muito tempo respirando-se e tentando não pirar. Às vezes dá certo, às vezes ela precisa de colo. De Deus, da família, das amigas fantásticas que possui...Dá muitos sorrisos por dia!


Primeiro porque ainda toca Belchior na rádio,inesperadamente. Segundo, porque parou de fazer análises entre o porque do duelo Belchior/Raul. Simplesmente eles precisavam destes questionamentos e um alimentava a poesia que existia no outro. Viva! o/
Mas também chora. Por qualquer coisa, já percebeu que é uma chorona nata. Chora pelas alegrias e tristezas diárias. Um dia, vai criar um amazonas particular e nadar nele. =)

Voltou à rotina de estudos, gosta, mas na verdade...quer parar logo que chegar a um lugar tranquilo, para sonhar os sonhos que uma vida plena merece ter.

Está mais calma, ainda que ainda tenha aquelee temperamento. Só  mais restrita. Coisas da idade? Será? =) Ainda tem momentos non sense , como precisar sair para pegar pingos de chuva em meio ao estudo, quando as raras nuvens resolvem presentear esse Dezembro ausente de águas, por enquanto.
Não tem sentido vontade de sair para olhar o céu, céus noturnos lhe recordam ausências. Então, tem um pacto consigo: o da felicidade. Só sai se a coisa for para ser muito feliz, programada. Só fica perto de quem lhe ama e entende esse jeito de sentir o mundo. Nesse aspecto, tem a sorte de ter dádivas incríveis, não pode reclamar disso com Deus. Às vezes, coisas precisam acontecer, para a vida lhe dizer quem realmente te ama e se importa com você. O filtro de amizades se fez,naturalmente, da mesma forma, sem reclamações. Assim como o filtro dos ouvidos. Quanta coisa humanamente tola consegue sair de quem pensa em machucar o que já está machucado?! é, "a humanidade é desumana".

Mas, na verdade...ela não reclama de nada. Tudo é dádiva. Ela não queria não sentir suas indagações, se isso significasse não tê-las vivenciado! Enfim, na casa das flores, as coisas continuam com as mesmas verdades e valores, além de umas saudades. Agora, um livro e um sono...porque a rotina dela é o que mantém a menina de pé. Afinal, ela é rotineira, metódica,lúdica e lerdinha. 

=)

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