Cidade lotada de gente deslumbrada: Shoppings e cinemas novos, escolhas e "black fridays"- olhos envidraçados de crianças. Meu meio do mundo cada vez maior e mais distante do ar empoeirado da menina do interior. Vida agitada, natal na porta, quase na sacada, enlouquecidamente luzes são postas- dispostas, à frente das casas. Atacadão, pessoas empinheiradas, pacotes, embalagens, empurrando umas às outras -velhas conhecidas, antes de disputarem uma vaga melhor na fila. É, os tempos estão assim.
Quando entrei no mundo, ninguém me avisou que seria assim, tipo um atacadão: Coisas plásticas, belas embalagens, algumas em liquidação, muita aceleração, algumas acotoveladas e pouco olhar e contemplação. Decisões rápidas, escolhas rápidas, tudo embalado, para não perder a vez. Acho que me ressenti um pouco sem saber bem do porque e demorei para encontrar a resposta. Mas, um professor, um pescador, um marginal e um poeta refrescou minha alma falando: "Não se espelhe". Seja. Não precisa. Vai no seu passinho! (Ai, que saudade). Manoel me entenderia, ele que tinha "um atraso de nascença". Hoje, confesso, quanto mais atacadões, shoppings enormes e lojas de departamento vejo, mais percebo o quanto as pessoas se cumprimentam menos, envidraçadas em seu próprio mundo: televisão, microondas, vitrines. Isso, de certa forma, é assustador.
Não me leve a mal, até gosto desses passeios morosos nesses mundos ilusórios onde fome, dor, saudade, tudo fica anestesiado pela liquidação do momento. Mas é que aprecio as pequenices, os atrasos de tempo, só para dizer para a vida quem é mesmo que manda em quem (teimosia da velha boba). =)
Dia desses, tinha um músico, isolado, tocando "O mundo é um moinho". Parei e fiquei um tempão ouvindo, poesia urbana assim, bem no meu olhar! A pizza que esperasse, havia Cartola no meio da rua! Por sorte, minhas amigas também entendem essa minha ausência de aceleração. (Ele toca sempre que me vê,agora. É uma delícia).
Dia desses, tinha um músico, isolado, tocando "O mundo é um moinho". Parei e fiquei um tempão ouvindo, poesia urbana assim, bem no meu olhar! A pizza que esperasse, havia Cartola no meio da rua! Por sorte, minhas amigas também entendem essa minha ausência de aceleração. (Ele toca sempre que me vê,agora. É uma delícia).
E são essas coisas que resgatam em nós o respirar macio, o céu estrelado e as coisas não edificadas: O amazonas, o rio, as estrelas, e sim: As pessoas!
Que os nossos moinhos, atacadões e paraísos artificiais tomem sempre menos que as luzes, o sorriso verdadeiro e o deslumbre de céus estrelados.
Luz!
Luz!
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