sábado, 27 de dezembro de 2014

O Feliz Ano Novo!*

Então, faz-se a luz, através dos fogos, como se fossem o big bang


De um lado, a humanidade vibra um novo amanhecer, onde gente "fina,elegante e sincera" se insurgirá, feito milagre,ou a recriação da existência para um novo e admirável mundo. A imediata era da gentileza, da bondade e perfeição - nosso objeto tão ilusório de encontro. A invenção do bom mocismo e da nossa capacidade única de sermos apenas um lado das multifaces que nos compõem.

Do outro lado, uma pequena parte, no afã de não esquecer o que nos pesa, encontra no tempo, mera contagem numérica, as dificuldades que temos enquanto sociedade e enquanto pessoas. Aí,claro, dizem: foi um ano bom ou ruim.

Bem, penso que as duas perspectivas de ver um mesmo fato tem suas vantagens. Mas a questão é maior do que o ano que está por findar e a novo ano que virá. A questão é percebermos que seja para sermos "melhores no futuro" ou mesmo AGORA, é essencial não perdermos a contagem do tempo! Nossa formação enquanto seres humanos, a falha nos serviços públicos essenciais, a necessidade de combatermos a corrupção e os as notícias que dele advém são na verdade cíclicos, e não um problema desta simbólica mudança pelo qual temos percepção falha de que controlamos
Seus impostos não foram mais altos em 2014 (tá, foram), a corrupção não foi a nova invenção da roda em 2014 e a nossa dificuldade de organização social latente não aconteceu em 2014. E, sinceramente?
Bem, é isso que os imbecilizadores querem de você: Que você corte o tempo, e com ele sua memória e capacidade de discernimento: Quanto mais imediatista, mais fácil aos instrumentos de controle social e ideológicos "renovar" suas injeções de ânimo e a velha história do pão e circo que retroalimenta essa forma de sociedade, que já sabe ir às ruas, mas frequentemente, não às urnas.Tampouco conviver, de fato, empaticamente.
Quiçá pudesse o ano vindouro restaurar este mundo e fazê-lo inteiramente belo. Quem dera fosse !
Ou mesmo que pudéssemos encerrar nossas mazelas sociais em uma caixinha com o nome de 2014. Mas o fato escancaradamente visível é nossa necessidade de não esquecermos este, nem os demais anos que a ele antecedem. Para podermos planejar anos mais plenos.

Por fim, finalizo com o texto atribuído a Drummond, muito provocativo e reflexivo:

"Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. 


Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para adiante vai ser diferente" 


* Texto sob a perspectiva social, plural de nossa sociedade.

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