quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Ela (Conto)

Ela teve um dia cansado. Foi quase toda mecanizada, para cumprir com os muitos afazeres do dia. Todo mundo tem um dia assim, embora ela não seja habituada. Sentia o coração pedir atenção,mas não era taquicardia, então não havia porque ir ao médico. Ela simplesmente não tinha tempo! O mundo às vezes é voraz com os sonhadores.
Chegou em casa e reagiu à necessidade do organismo...alimentou-se, bebeu água, tomou banho. Deitou-se.  Parecia tão plácida, a garota-implosão.
Olhou-se no espelho, bem dentro dos próprios olhos que sabia bem que eram oblíquos, embora não dissimulados. Eles tinham umas verdades vida-adentro que ela ...ha!.Enfim, ela só precisava dormir.
Estava cumprindo com o ritual profundo de se pertencer. Por mais difícil que lhe parecesse, andava se saindo bem, surpreendentemente. Andava meio interrompida de sonhos. Aqueles reais. Por isso, sono lhe era bem-vindo. Momento feliz de deixar a vida desenhar seus passos. 
Perfumou-se, perfumou a casa, passou os cremes habituais, enrolou-se no edredom. Poderia ser um dia comum, mas...ela? nada era igual nos seus dias, ainda que os mais mecânicos. 
Deitou-se.Era agora ilimitada.

Ela...e a casa dela!


* Estou com a ideia de fazer brincadeiras com músicas conhecidas. Conto histórias que hipoteticamente poderiam ter embasado a música. Esta, foi "Ela", do Frejat. 

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