quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Sobre o dia "D", a palavra e o dia das Bruxas (Uma divagação da Velha boba)

Desde menina, recebi o apelido de bruxa ou bruxinha.
É que não fui uma criança dita 'comum' e, por vezes, tive incidentes místicos em torno, que levaram minha irmã ao apelido carinhoso. Por conta disso, em casa todo mundo pedia para eu 'orar', 'pedir para Deus', essas coisas...muito ligada à natureza, vivia de dizer que a natureza sente dor, amor, alegria...que a chuva era mesmo manifestações de outros mundos e 'sentires'...herança indígena de nome em Tupi.

Fora disso, realmente sou afortunada: tive uma infância mágica. As palavras - que chegaram muito cedo, pois já lia bem aos seis anos -  fizeram toda a diferença em meu pequeno Universo. Filha de poeta e professor, foi parte do meu treinamento para a vida: a poesia. 
Depois vieram os romances, as ficções, os clássicos...enfim, as palavras. A magia da palavra. Ela é 'o meu cristal', como bem definiu uma querida amiga, dia desses.
Verdade.

Sempre amei as palavras e já escrevi sobre, diversas vezes. Só de escrever 'árvore', sinto folhas caindo em meu colo. É uma coisa mística. E porque "Deus é um cara gozador e adora brincadeira', hoje é também aniversário do Drummond, " O mago de Itabira". Como amo o grande poeta mago, quando, à boca da noite, me diz que a gente tem uma força que é sempre ultrajovem. Como amo sua ternura de jovem funcionário público, de burocrata que simplifica a vida...é um dos meus poetas preferidos, uma das prosas com quem mais converso, no cotidiano enlouquecido de existir.

Meu pai, para não confundir maldade com bruxaria, aos poucos desenvolveu o hábito de chamar quem considerava malvada de "fada má". Foi mais ou menos o jeito que ele, sempre metafórico, encontrou para me discernir deste contexto, que às vezes, pode ser bem pejorativo. Ah! nada mais perfumado do que o amor. Sempre com suas singularidades...o amor é mesmo coisa única.

O tempo passa e confesso que sempre gostei do apelido, pelo poder da magia e pela escolha que evoca. Confesso que, por vaidade de menina amada, gosto de ser singular para minha irmã, para meu pai e para os amigos que carinhosamente me chamam de bruxa. Se existem outras? claro que sim, há tanta magia nesse mundo imenso. Mas é que sou grata pela singularidade que me difere em seus Universos e, justamente por isso, faço tudo de melhor por cada um.

É certo que, se a palavra é meu cristal, minha magia é cuidado. Eu gosto de cuidar de quem amo. É bem meu. Acho que amor,para mim, é uma atitude, uma manifestação no gesto, um "não querer mais que bem querer" ao outro. Ah! sobre isso, digo sempre: O amor é a força mais poderosa que podemos construir. Ela é mesmo mágica.

Sei também que, bom...nem sempre são flores ser e sentir o mundo, fora das lentes do cotidiano. Anagramas e poemas fazem parte dos meus dias...e nem sempre tenho só flores dentro de mim também. Sou um 'bicho ruim', se ferida. Mas, sabe? é bom conhecer nossos avessos. Aliás, ninguém é totalmente bom, nem o contrário. Desconfio de quem se mostra só bom e perfeitamente ajustado...desconfio abertamente.

Mas sei que o esforço no peito - e ele é tremendo - é de cultivar a bondade e a palavra, como cristais que levo comigo...como um grande gesto de fé naquilo que não vejo, mas sinto: A Magia do bem.





LUZ!

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