quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Não sou gente fofa (Republicado e acrescido)




Não sou gente fofa.
Leio jornal, critico o senso comum, detesto muitas  pessoas reunidas e sou esquisita. E isso não é 'charme'.  É uma realidade, nua e crua.
Sim, publico coisas bacanas, falo de flores, nobreza de alma e gentilezas, chuva, céu e Deus, mas não sou gente fofa.
Gente fofa concorda, é apropriada: eu, distraída demais. Gente fofa conversa com todo mundo, fala amenidades: eu, bom português ou  palavrão (e só se eu gostar muito de você), porque a língua é que é materna, eu não.
Sou antipática com '' gente-sobrenome'', tenho as mesmas velhas amizades, as mesmas velhas poesias e o mesmo hábito de fugir para dentro de mim, através da escrita. Ou da leitura.Como agora, que fui chamada de ''fofa'', aqui mesmo, por essa figura linda,iluminada e gentil - provavelmente uma fofa.
Não sou, não sou fofa. Sou cordial, aprendi a me portar, dou bom dia e cedo a vez, mas nada disso alcança a dimensão do ser humano nada-fofo que sou. Eu queimo, incendeio compaixão e desacerto, carinho,amor, afeto, mas detesto injustiças, defendo meu ponto de vista e faço poesias para dispersar um pouco de tanta intensidade. Eu revido, não dou a outra face. Se for de ser água, sou Amazonas. Se for de ser fogo, faço logo um incêndio. 
Não sou ''gente-fã'': se eu admiro, falo pessoalmente, mas corrijo (se necessário) e exercito aprender a ser corrigida com humildade. 
Nunca defendi uma 'ideologia' pronta e acabada, de religião à movimento social, tudo em mim tem de ser particularizado. Na prática, por exemplo...nunca me declarei 'feminista'. Trabalho, sou independente, respeito a vida e o pensamento alheio, e principalmente, eu respeito demais a presença de outra mulher. Acho que não adianta dizer que é feminista e desrespeitar o espaço de existir de outra pessoa. É contraditório. 
No avesso, sigo sem declarações, mas com o eterno respeito.
Acredito em amor e na liberdade de cada mulher, mas penso que, para mim, liberdade não é estar dentro uma esfera de auto-mutilação. Por isso, não me imagino entre uma madrugada qualquer, dentro de  um contexto onde eu me coloque, n´um sopro qualquer de ilusão...isso também é ilógico. É contraditório. Mas, claro, para mim.
Não me cabe ferir propositadamente o Universo de ninguém. Mas não pise no meu calo, eu passo como um trator.Depois, passa...afinal, a sutileza dos furacões é que eles são feitos de vento. E o vento é coisa muito leve...
Gosto de arte, leio poemas, cultivo um jardim, choro em dramas, mas confesso: detesto aquele filme que todos gostam e olha,tá bom , acho o "Titanic" um horror, um enorme drama, nem de longe, nem um tiquinho, um romance. 
Vejo filmes docinhos, coisas fofinhas, mas passo a madrugada a ler sobre o Universo, as fórmulas matemáticas que nos permitem existir e vivenciar o mistério da vida, do amor e do poema...
Eu adoro sinceridade. Já queimei na fogueira de minhas próprias buscas. E sei que é este o contexto de vida aonde quero estar...sempre. Acho que uma inverdade  ou meia-verdade, ainda é meia-mentira, 'ementa' de vida...fica lá, suspensa, à espera de ser iluminada.
Já vi isso diversas vezes, na minha profissão. Sei dos ganhos e estranhos. E como!
O meu amigo Deus ri  comigo das dúvidas, face à grandeza do infinito e a pequenez de nós e todas as nossas explicações para tudo. Ele sabe que preciso questionar, para encontrar-me plena, com sinceridade, face a face. E eu duvido mesmo.
Principalmente de gente fofa!  Isso, eu nunca quero ser. Pronto, acabei com sua visão suave, deves concordar que não sou gente fofa.

Até porque, ''fofa'' ...argh! - Amarguei só de pensar. 


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*Republicado e acrescido. É, não sou flor que se cheire, mas quando regada com águas de bondade e sinceridade, dou bons poemas, acho. Ou péssimos. Sei lá.

LUZ! :)

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