quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Sobre as coisas que não precisam de mim e os significados do existir (Filosofia do Boteco da Lua)



O céu não brilha para mim, pois, independente disso, o Sol nascerá amanhã, lindo e perfeitamente pontual. As coisas naturalmente não necessitam de nós para ''se serem''.É o óbvio exótico da vida. A única coisa que altera as coisas é...a nossa expectativa. E perspectiva.

Sim, são as coisas que a gente põe fé que acabam por alterar o mundo dentro de nós. Eu, particularmente, sou muito de regar as coisas da vida com o meu coração. Pelo menos as minhas, rego com todo, mas todo meu coração. Embora mesmo isso, talvez não dependa de nós: a vida acontece. A semente aleatória do tempo floresce... Coisas do existir.

As coisas não precisam de mim. É um alento. Um conforto e uma certeza. De pensar nisso, veio a lembrança da célebre reflexão de Mario Lago: "Gosto e preciso de ti, mas quero logo explicar, não gosto porque preciso: preciso sim, por gostar".

É...eu gosto de chuva, por isso preciso dos preciosos pingos que caem. Gosto de colocar meu coração no meu trabalho, porque envolve as liberdades pessoais das gentes...tudo o que co-move, MOVE,faz bater esse coração de carne. E isso me importa.Às vezes, é cansativo. Em outras, é pleno.

Sobre significados, quero dizer que adoro a etimologia das palavras, sobretudo na língua latina. Há muita filosofia em cada palavrinha que deu origem às nossas, na língua materna. 'Importar', por exemplo, vem do latim 'importare', algo como "colocar sobre os ombros".  Em português, enquanto verbo transitivo direto, significa "trazer do estrangeiro".

Eu, acresço essas significâncias e digo: importar é trazer algo estrangeiro (a nós - pois desse ponto de vista o mundo é estrangeiro) e colocar sob os ombros. Afinal, vida é para ser sentida. E essa é exata  luz que quero sobre mim. A de ter 'um coração de carne'.

De outro lado, o mundo é realmente enorme! Ele, inteirinho nos ombros, pode vergar qualquer um...daí o poder da escolha. A gente precisa escolher com que se importar. As batalhas e as bonanças que queremos em nossos ombros - corações - e mentes.

Nesse caminho, onde tudo é aprendizado pessoal, acho que é justamente quem carrega conosco o que nos pesa sob os ombros que realmente nos ama. Mas claro, isso é apenas sob a minha perspectiva. E eu cada vez mais descubro o quanto sou aluna, que aliás, também advém do latim e significa, em uma de suas muitas origens, 'desprovido de luz'. 

Isso faz todo sentido. Afinal, meu nome significa "Lua" em tupi, e a lua é o único satélite da terra e brilha à luz de uma grande estrela que nos deu a vida...bom, mas essa pode ser só mais uma conversa de parafuso solto.

Sei que, enquanto estiver pela vida, no aprendizado de receber a luz de ser pessoa, quero ter sob meus ombros o mais de amor que eu puder carregar. Quero também dividir e multiplicar afetos. Penso que a única coisa que eu jamais quero ser -e por isso cuido para não arranhar o universo pessoal alheio - é uma dor na vida de alguém...

E a isso, chamo...de felicidade! - Que aliás, etimologicamente, quer dizer " fecundo". Mas isso vale uma outra filosofia de boteco.


LUZ!!

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