domingo, 14 de outubro de 2018

O manto*





De onde vem essa multidão de amor
Que caminha
Debaixo dos olhos da segregação?
Que manto é esse que enxerga o outro
e mansamente lhe dá...proteção?

que força é essa que dignifica
Mesmo a aparente tarja da insígnia do erro
E que, abismadamente, resiste
à brutalidade imposta pelo medo...?

Medo de quem vê,
de quem está
e de quem passa...

pois,
 para o manto, somos todos apenas...gente.
Nem culpados, nem inocentes!
- Pássaros de asas amarradas...-

Que sorrisos são esses
entre a súplica, a vergonha e a resistência
Que viaja e sonha por todos os lados
Na certeza bonita que o livro mais antigo dizia:

"O amor  encobre uma multidão de pecados".

#



" O amor é bom, não quer o mal (...)
é um estar preso por vontade
é servir a quem vence, o vencedor...
é ter com quem nos mata lealdade,  é tão contrário em si, é mesmo o amor..."


* Encontrei uma aluna em meio à multidão de amor, em dia de visita, no Complexo Penitenciário do Amapá.  Ela parecia tão envergonhada. Isso me encheu de lágrimas e compaixão. Então, nasceu este poema, que meu jeito de torcer e dar apoio aos familiares de pessoas segregadas. E,porque hoje é Círio, eu recordei daquela linda canção..." e a fé dessa gente é tanta, que a dor que essa gente sente passou a doer na Santa..." Se todos nós temos nossos próprios desafios e pecados, quem  sou eu para ser juiz da dor do outro?
Cada vez mais, eu sei porque vim ser uma...advogada! 
Porque tudo me faz mais humana. E poesia é isso...é vida que não pode ser morna e nem amorfa, mas quente, viva , pulsante.

LUZ!

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