Era uma vez um poema e o seu tempo,
sem verso, sem poesia.
É sobre a lágrima que cai,
E o sangue que se lava no domingo.
é sobre meus vizinhos, casal bonito, que hoje,
fecha as janelas mais cedo
na perda da dignidade de envergonhadamente serem apenas
...dois meninos.
Sabe, eles são bons meninos
...sempre tão gentis.
é sobre uma menina que esconde pecados,
poetas silenciados,
medo : esse é um poema mínimo.
esse é um poema calado.
Calado e claro, como a manhã que vem...
Esse é um poema pobre, com fome,
na esquina da Avenida Brasil,
Sem país, sem teto de sobrevivência
sem parede legal, sem nada.
Esse é um poema que mendiga sua história.
Que não sabe quem é e não sabe para onde ir...
-de país com labirinte
Meningite e acefalia.
As coisas que não cabem nesse poema?
Cabem dentro desse país que não é país
de uma (suprema) casa muito engraçada,
de Cidadãos sem cidadania plena, sem nada.
Esse é um poema que assiste, aflito
Sua Constituição em uma câmera de gás ligada.
Esse é um poema calado, Que à beira da execução se levanta e declama
A palavra ternura! Em honra à memória de Lorca,
E de todos que foram e que virão
Esse é um poema que diz: ELE NÃO!
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