domingo, 28 de outubro de 2018

Poema Brasil


Era uma vez um poema e o seu tempo,
sem verso, sem poesia.
É sobre a lágrima que cai, 
E  o sangue que se lava no domingo.

é sobre meus vizinhos, casal bonito, que hoje, 
fecha as janelas mais cedo
na perda da dignidade de envergonhadamente serem apenas
...dois meninos.

Sabe, eles são bons meninos
...sempre tão gentis.

é sobre  uma menina que esconde pecados,
poetas silenciados, 
medo : esse é um poema mínimo.
esse é um poema calado.

Calado e claro, como a manhã que vem...



Esse é um poema pobre, com fome,
na esquina da Avenida Brasil,
Sem país, sem teto de sobrevivência
sem parede legal, sem nada.

Esse é um poema que mendiga sua história.
Que não sabe quem é e não sabe para onde ir...
-de país com labirinte
Meningite e acefalia.

As coisas que não cabem nesse poema?
Cabem dentro desse país que não é país
de uma (suprema) casa muito engraçada, 
de Cidadãos sem cidadania plena, sem nada.

Esse é um poema que assiste, aflito
Sua Constituição em uma câmera de gás ligada.
 Esse é um poema calado, Que à beira da execução se levanta e declama
A palavra ternura! Em honra à memória de Lorca,

E de todos que foram e que virão
Esse é um poema que diz: ELE NÃO!

#

Nenhum comentário:

Postar um comentário