domingo, 28 de outubro de 2018

Poema sobre os tempos


As flores das palavras murchas...
Resistem, pois há sempre há perfume em nós!
Da crença, da poesia, dos dias belos e da ternura - sem armadura!
Mesmo quando o dia cai, cinza e sisudo
 O coração da poeta hoje é um canto mudo...

Tempos de delicadeza resgatam,
aguardamos chegar...será?
 botas ideológicas pisam em nome de uma falsa glória
de quem não conhece sua própria história...

São tempos difíceis para sonhar, dizia Amélie.
Aqui, o medo é self service do jornaleco sensacionalista do dia
alheio, o  poema sabe que precisa ser porta voz dos tempos
não é momento de apenas observar...

Sentada na calçada suja de flores que reguei, lembro de meu  pai...

E quando falamos pela primeira vez em bondade
e também sobre a longa lição de honestidade
 como fruto dessa raiz,  coloco para fora
tudo aquilo em que acredito:  Não se preocupe, pai:
 eu RESISTO! Sempre resistirei...

E faço o certo mesmo quando não tem ninguém perto
ou quando é o caminho mais comprido
e o meu gemido, deposito aqui, no chão dos tempos
...Será que o relógio sabe mesmo sarar nossos medos?

E se for porta voz da confirmação de nossas projeções?
e se ter razão for justamente aquilo que nos mata?
Ser pessoa em meio a portas com eira e beira
cuidadosamente enceradas e fechadas.
(guardadas por botas ensanguentadas)

Ter um coração de sangue é um perigo!
Mas nada faz mais sentido do que sentir e tatear a existência
Do que experimentar o sal e o doce de ser gente
estrela cadente...que do carbono, fez matéria e milagre!

Somos uma espécie de arte na galeria do Universo...

Não sei para onde a vela vai soprar o barco da nossa história
mas sei que o movimento é perfume marcado na memória
Sempre foi, sempre será aquilo que mantém o coração de pé:
Amor - verbo intransitivo - coração quente...

e fé!

#

E as desigualdades celebram nossa estupidez, e parece que todo mundo celebra o que desconhece...Mas, sempre há perfume em nós. E flores que resistem aos dias.

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