Era quase sempre silencioso por aquelas bandas do poeiral. A
movimentação daquele gente era inter quintais, se emprestando farinha e
fritando peixe, para o açaí que ia
chegar na horinha do almoço.
Tinha tudo que é tipo de bicho circulando por entre os pés descalços
da molecada, para horror das mães e deleite daqueles pequenos humanos curiosos.
Muitos, parentes. Outros, agregados, literalmente, pois a aproximação
geográfica e a pouca ausência de parâmetros entre terremos fazia com que
algumas casas fossem quase coladas. Herança de paraenses.
Em tempos de natal, a coisa mais bacana era ver o poeiral se mexer ao
barulho de uma belina amarelinha chegar. A belina amarelinha trazia um
sonhador, vestido de papai noel, ardendo ao calor da roupa e da sua cor tão
clara, a distribuir presentes para toda a molecada da região.
Como bom velhinho, ele sempre trazia a belina primeiro para
perto de mim e meus olhos esperançosos. Mas tinha tanta generosidade naquele gesto, que independente da
ordem, nunca poderei esquecer o poeiral lá em cima, um papai noel em uma velha
belina (tipo pampa), cheia de embrulhos coloridos, e molecada toda em torno, fazendo
da poeira um tipo de brilho ensolarado que fazia tudo virar ouro, reluzindo no
sorriso do papai noel, sobre nossas cabeças inocentes. #
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