terça-feira, 29 de março de 2016

A adoção (Pra uma saudade que partiu para o infinito)


Olharam-se com a simplicidade rara dos seres que são.
Urgência de afeto, calor de amor a duelar com o inverno.
Foram mãos calorosas a afagar aquele rosto peludo e molhado.
ah! não há letras que transpassem a doçura do encontro. Dois bichos, dois animais simplesmente vivenciando o prazer da companhia um do outro.
Ele tinha medo de afagos, a vida o ensinara a temer seres humanos. Mas, não tinha perdido sua doce essência, composta primordialmente de perdão e inocência, e assim, permitiu-se ficar perto.
Eles se alimentaram da urgente vontade de afeto, que roubou da solidão o sentido. Ela se sentiu meio esquisita ao correr na rua de terra batida (deserta!) com ele, gargalhando a valer da sua evidente preguiça e desconforto.Dois desajeitados com a vida. Ela ofereceu um banho, ele ficou indignado. Perguntou seu nome, ele piscou sonolento. Ela se apaixonou e ele retribuiu comendo sua comida queimada, com olhos alegres de quem tem diante de si uma fina iguaria.
De lá para cá, estão ligados pelo laço mais perene até então existente.
Adotaram-se.
Ela é sua humana - e vira-lata! favorita.
Ele...seu lindo "Soneca".


Achei nos rascunhos do blog, de março de 2012.
Meu Deus, que saudade de ti, Soneca. Mas nos encontramos pela vida..."quando formos gatos".
Soneca foi o primeiro cachorrinho que me adotou na vida.
Foi uma emoção legal, a de não sermos donos um do outro...só dois chapas, nessa vida, bons amigos.

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