Quanta poesia cabe em um só filme?
Pois, eis que me deparo esta questão ao assistir o filme:
" O Exótico Hotel Marigold"
Eis o que a métrica da nossa doce abstração não responde.
Não vou das preliminares de
apresentação do filme, de tão fantástico que é o enredo*. Vou apenas permear as relações profundas abordadas no filme e seu fundo histórico, tão perfeito ao desenvolvimento da história
O fundo da história nos remete a
um decrépito hotel localizado na Índia, país onde as contradições da
globalização e modificação dos valores são permeadas da resistência e
manutenção de velhas tradições.
O “Fantástico Hotel Marigold” é administrado por um jovem sonhador que vê em
um prédio em ruínas todas as possibilidades do que ele ainda poderá ser, e vem a ser escolhido como local para repouso de 07 "jovens" idosos ingleses, ainda, como toda
a humanidade - independente da idade- cheios de (con)tradições, perguntas e
questões a serem resolvidas. São sete personalidades
diferentes e pitorescas, tendo de se adaptar a um País desconhecido, com
costumes desconhecidos, e principalmente: tendo de aprender a conviver
consigo mesmo e com os demais.
Toda sorte de diferença existe
entre os sete personagens: A orientação sexual nunca revelada por um
ex-ministro da justiça da Inglaterra, à decadência e preconceito de uma velha e
solitária governanta que não acredita e não aceita a miscigenação e precisa
aprender a receber gentilezas– inclusive cuidados- de indianos e outras etnias e nacionalidades,
à uma senhora amargurada e seu marido doce, que vive a tentar produzir-lhe
algum efeito ou felicidade, ou mesmo dois solteirões que se encontram e vão
viver o grande amor da terceira idade, lúcidos, sadios e sóbrios.
E, por fim, a minha personagem
principal, uma “jovem” viúva, com uma amabilidade incrível e vontade de viver
maiores ainda, que lhe emprestam uma jovialidade e sensibilidade que só os
grandes seres humanos conseguem um dia alcançar, e que descreve a impressão de
tudo que se passa no enredo, por meio de reflexões acerca das vivências de cada
um e de suas percepções de mundo.
Mas são tão ricas que não me darei ao trabalho de descrever, mas sim de transcrever aquelas que marcaram para mim e deixarei em você leitor, a reflexão e a vontade de assistir a esse filme de múltiplas facetas e que, a priori, parece um filme simples e “mais um” na multidão, mas na verdade se revela uma verdadeira análise sobre o mundo, o amor e as relações – tão plurais!- que desenvolvemos com nós mesmos.
Mas são tão ricas que não me darei ao trabalho de descrever, mas sim de transcrever aquelas que marcaram para mim e deixarei em você leitor, a reflexão e a vontade de assistir a esse filme de múltiplas facetas e que, a priori, parece um filme simples e “mais um” na multidão, mas na verdade se revela uma verdadeira análise sobre o mundo, o amor e as relações – tão plurais!- que desenvolvemos com nós mesmos.
Não me sinto qualificada o
suficiente para resenhar “O fantástico Hotel Marigold”, mais rico que muitos
livros que li sobre o quão somos abissais na arte de sentir. Por isso, passo à transcrição de Judith:
Diário da Judith.
“Não podemos reviver nenhum passado que queremos. Só há um presente,
que se forma e se recria conforme o passado vai desaparecendo(...)”
“Perdemos os velhos hábitos mais rápido do que pensamos (...) E, quando você se adapta: Meu Deus! Há tantas coisas para aproveitar!”
“Leva muito tempo para um corpo
ser queimado. Várias horas para nos lembrarmos da figura de quem partiu e de
quem somos. Será que viajamos para tão longe para finalmente nos permitirmos
chorar? “
“O único e verdadeiro fracasso é
o de tentar. E o sucesso é medido pela
forma como lidamos com a decepção, já que isso é necessário. Viemos aqui, e
tentamos todos nós, cada um do seu jeito. Podemos ser culpados por nos
sentirmos velhos demais para mudar? Por temermos muito a decepção de começar
tudo de novo? Acordamos de manhã e damos
o nosso melhor. Nada mais importa”.
“Mas também é verdade que a pessoa que não arrisca nada, não faz nada.
Não tem nada. Tudo que sabemos é que o futuro vai ser diferente. Talvez o
nosso temor seja que continue tudo igual. Então, precisamos comemorar as
mudanças. Por que, alguém disse que no fim, tudo vai dar certo. E se ainda não
deu, confie em mim: O fim ainda não
chegou”.
A minha conclusão geral é que todos estamos no Exótico Hotel Marigold, e que ele é uma metáfora da vida: Edificações decrépitas, sonhos incríveis, superação irrestrita à idade ou personalidade, inclusive de nós mesmos. E procura pela felicidade, nas mais diversas formas que ela possa se apresentar.
A minha conclusão geral é que todos estamos no Exótico Hotel Marigold, e que ele é uma metáfora da vida: Edificações decrépitas, sonhos incríveis, superação irrestrita à idade ou personalidade, inclusive de nós mesmos. E procura pela felicidade, nas mais diversas formas que ela possa se apresentar.
· * Uma visão direta: http://www.oquerola.com/revista/resenha-de-o-exotico-hotel-marigold/
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