sexta-feira, 8 de abril de 2016

Os muros da cidade!



Hoje de manhã, passei em frente ao muro do antigo CCA e percebi que pintaram de um verde bem clarinho a palavra "Saudade", com estes parênteses que formavam em minha mente anagramas de Adeus. Ou...Saudades suas. Senti um pesar indescritível! Sei, já escrevi a respeito antes. E sei das normas e exigências de urbanidade e respeito ao patrimônio público, mas não consigo deixar de lamentar.
É que os muros da cidade soltam mil sóis de mensagens e significâncias. Cartas jogadas em garrafas num rio urbano de lamentações e fúria. Mensagens marginas em busca do abrigo da palavra.Há inconformidade e  vida pelos muros da cidade. Há arte, não compreendida, espremida em paralelas. Há saudade, paixão e sangue. E também lágrimas e bênçãos. Há sangue de gente que sente e transgride, por sentir.

"Se a música complica, a vida simplifica"
"Leila, eu te amo!"
..."sOL-TE"
"(S)a(u)d(a)des..."

Os muros são o diário dos marginais.  Como os blogs dos cibernéticos e os caderninhos das mocinhas, na pré-adolescência. Cada mensagem com sua própria efervescência e força. Um dia destes, li um muro nas ruas do Jesus de Nazaré, com várias mensagens e uma mesma letra. A pessoa não pichou isso tudo em uma noite, mesmo pelos diversos estados de espírito das mensagens. Pensei: 'este, fixou morada, não é um andarilho sentimental'. Senti uma certa empatia, afinal, eu tenho uma morada sentimental: o aluanaodorme. Um lugar para pichar nas noites de insônia meus sonhos e versinhos, minha inquietude e intensidade. Um jeito mais covarde,até... não escrevo em muros. Mas "SONHO E ESCREVO EM LETRAS GRANDES ".
Banksy, politizado e fantástico.
 Talvez, qualquer dia, para fazer algo inesperado, saia por aí e faça algum riscado, nem que seja um coração, em uma destas declarações. Um jeito meu de dizer à cidade que, no meio da monotonia do concreto e da pressa, da urbanidade e correição, eu tenho o sangue impuro dos inconformados. Ou, dos apaixonados. Porque a cidade e sua multidão não notam, mas um pichador (Ou grafiteiro) é um simbolismo de paixão! 
Confesso que acompanho um de muitos carnavais, antes mesmo de fazer nome pelo mainstream: Banksy. Um figura que não gosta de ter rosto, foge da ideia de ser visto,mas passa a mensagem pelos muros do mundo,  em específico, Nova Iorque.

Aliás, quem sabe  pinte novamente a palavra SAUDADE no muro do antigo CCA! É que, apesar de coberta pela nova tinta verde, eu sei e você sabe, vida...que ela ainda mora lá...








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