Ok, terminei este do Drummond. Nome? "O poder ultrajovem", livro fascinante, pois reúne crônicas do tempo em que Drummond era colunista, amigo de bar e de birra de Cecília, Vinicius, Mário de Andrade...entre outros.
Algumas frases dos contos lidos marcaram minha emoção. Fiz uma compilação delas, e posto só para sentirem o gostinho do livro...
Vamos lá.
Em "Monodiáologo", Drummond explora a importância dos ouvidos, das palavras e do silêncio. Diz que "O mal de dois falarem um com o outro é que os dois acabam não se escutando a si mesmos" (p.75, 1977). Em "Verão aqui e agora" explora a natureza não da estação,mas das pessoas, quando nela. Afirma categoricamente "Na linha d´água, cada pessoa é diferente de si mesma, isto é, do ser ou personalidade corrente que nos habituamos a conhecer no jogo social" - Confesso que, quando li, compreendi que a linha da água de que Drummond fala, é o limiar do jogo social.
Segue tratando da natureza humana ao afirmar "Pobre da natureza humana que aumenta o chão pisável, sem que se lhe aumente a própria dimensão interior" (p.81, in "Cariocas",ob.cit), Segue com outra sacada drummonística ao refletir que " De absurda que era, a realidade vai acomodando-se no mundo real" (P.98-100).
Quanto à "Deusa em Novembro", Carlos descreveu Cecília de forma tão pessoal que quase pude vê-la,etérea e real, pálida de realidade. Disse um dia que, "Diante de um coro de jovens insofridos, que se autoantologiavam, com suficiência e método publicitário, falou-me certa vez: ' cuidam da existência entes de terem vivido", coisa que me abalou as estruturas e o próprio sentido de realidade e do exercitar o viver. Caramba. Filosoficamente genial!
E, nesta mesma linha, conclui em "Atanásio" (p.131-133) " Quem não cria forma, não é capaz de criar a substância. E emocionou a minha emoção deveres, de me soltar lágrimas, quando disse "Gosto mais de cachorro que de brilhante. Será possível sentir mais prazer em botar um brilhante no dedo do que ver um cachorrinho com sede - lept lept- Bebendo água?"
Ha! A respeito da arte da escrita, Carlos arremata " Escrever é triste. O mundo deixa de ser realidade quente para se reduzir à marginália, purê de palavras, reflexos no espelho (infiel) do dicionário. (In "Hoje não escrevo, p. 169-179"
Os melhores mesmo, serão inteiramente postados, porque a humanidade precisa Drummondear. Sério. Particularmente, amo Cecília, Clarice, Pessoa e heteronônimos...mas estou na fase enamorada por Drummond.
Carlos Drummond, o homem fino, funcionário público, casado com sua única mulher até morrer...sua capacidade de encontrar dentro dos olhos de um meigo animalzinho e desvendar-lhe, como no caso da preá, ou tratar da pós-modernidade na retirada da árvore do aviso antigo do tipo "licor de cacau xavier", com a resignação saudosa do tempo passado.
Estou enamorada! Em busca de mais bibliografia. A doçura de Carlos Drummond é viciante. Preciso mais e mais Drummondear...
Mas, Sossegue Carlos. Não diga a JC que eu estou aqui também, embora Ele saiba.
E Vamos viver a vida como aquela excursão turística do casal enamorado: Em estado de deslumbramento! :)
Nenhum comentário:
Postar um comentário