O instante fez-me um convite a aprender a
ser singular, essa difícil missão de ser um. Não, não vou falar em solidão. A
solidão é uma palavrinha estranha, que parece subtrair até a mim da minha
presença. Quando me sinto só, não estou em lugar algum, não me faço companhia,
não alcanço minha dimensão como ser, individual.
Vou falar em ser singular, que é a condição
de ser única ao meu redor, de me fazer companhia e crescer ao enfrentar as
muitas que sou e as que quero que fiquem nesse enorme hotel que habita tanta
alma. É difícil ser singular! Requer a força de olhar para mim, não só a
imagem que reflete no espelho ou as qualidades intrínsecas que formam como
ser humano. Mas principalmente os defeitos e condições que limitam minha
estrutura.
Quando sou singular, acolho meu amor por
poesia, filmes, por literatura e cultura em geral e tenho paciência de acrescer
novas possibilidades de conhecimento, como gibis, paixão renovada por um anjo
que vive em minha estrada, na forma de amiga. Ou novas músicas, num eterno
viajar e descobrir bossa nova e rock and roll, MPB e MPA, onde surfo minhas
ondas sonoras.
Singular, sou criativa, lúdica, faço
poesias, escrevo crônicas, aprendo coisas novas, como pintar – embora seja um
embrião em forma de pintora. Rs.
Quando sou singular, convido a calma e a
ansiedade a sentarem e juntas, pedirem desculpa uma à outra e coabitarem com mais
harmonia. Convido e coragem e o medo a se olharem longamente, embora o medo
abaixe o olhar primeiro. Convido a discórdia a perder a força e dar as mãos ao
perdão. Convido a saudade e a ausência a acolherem uma à outra. Convido a
eternidade e o agora a terem paciência comigo, que sou tão efêmera e perene.
Enfim, tenho espaço, o eu singular. Estou
feliz com o ser humano que Deus sustenta em meu coração, mas peço a ele para
que, neste movimento, seja ainda melhor, porque vim para cá aprender. Nesse
momento, em que tudo é tão próprio, sonhos, verdades, vontades se misturam e
fazem uma colcha de retalhos! E vejo que meu colorido espaço precisa de
remendos em alguns lugares...e por isso, começo.
Eu não sei quando você que me lê vai
encontrar com esse convite, o de ser singular. O de olhar para si e perceber – se
. Eu não sei se te conheço, para oferecer minha amizade, quando fores convidado
(a) a ser singular, para que saibas que ainda assim, somos plurais.
Mas sei que desejo que seja um passeio
feliz por você.
Que seja bem vivenciado o seu eu singular. Que o instante de ser plural chegue, se você acreditar nele. Eu acredito, afinal, já
sou plural, já tenho amores eternos, já vivo, modifico, cresço ao lado das
minhas pessoas, que também estão em movimento, nunca iguais, sempre amadas,
porque amo suas essências enquanto elas estão no “parto” de suas próprias
descobertas.
Luz em nossa caminhada!
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