terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Singular





O instante fez-me um convite a aprender a ser singular, essa difícil missão de ser um. Não, não vou falar em solidão. A solidão é uma palavrinha estranha, que parece subtrair até a mim da minha presença. Quando me sinto só, não estou em lugar algum, não me faço companhia, não alcanço minha dimensão como ser, individual.

Vou falar em ser singular, que é a condição de ser única ao meu redor, de me fazer companhia e crescer ao enfrentar as muitas que sou e as que quero que fiquem nesse enorme hotel que habita tanta alma. É difícil ser singular! Requer a força de olhar para mim, não só a imagem que reflete no espelho ou as qualidades intrínsecas que formam como ser humano. Mas principalmente os defeitos e condições que limitam minha estrutura.

Quando sou singular, acolho meu amor por poesia, filmes, por literatura e cultura em geral e tenho paciência de acrescer novas possibilidades de conhecimento, como gibis, paixão renovada por um anjo que vive em minha estrada, na forma de amiga. Ou novas músicas, num eterno viajar e descobrir bossa nova e rock and roll, MPB e MPA, onde surfo minhas ondas sonoras.

Singular, sou criativa, lúdica, faço poesias, escrevo crônicas, aprendo coisas novas, como pintar – embora seja um embrião em forma de pintora. Rs.

Quando sou singular, convido a calma e a ansiedade a sentarem e juntas, pedirem desculpa uma à outra e coabitarem com mais harmonia. Convido e coragem e o medo a se olharem longamente, embora o medo abaixe o olhar primeiro. Convido a discórdia a perder a força e dar as mãos ao perdão. Convido a saudade e a ausência a acolherem uma à outra. Convido a eternidade e o agora a terem paciência comigo, que sou tão efêmera e perene.

Enfim, tenho espaço, o eu singular. Estou feliz com o ser humano que Deus sustenta em meu coração, mas peço a ele para que, neste movimento, seja ainda melhor, porque vim para cá aprender. Nesse momento, em que tudo é tão próprio, sonhos, verdades, vontades se misturam e fazem uma colcha de retalhos! E vejo que meu colorido espaço precisa de remendos em alguns lugares...e por isso, começo.

Eu não sei quando você que me lê vai encontrar com esse convite, o de ser singular. O de olhar para si e perceber – se . Eu não sei se te conheço, para oferecer minha amizade, quando fores convidado (a) a ser singular, para que saibas que ainda assim, somos plurais.

Mas sei que desejo que seja um passeio feliz por você. 

Que seja bem vivenciado o seu eu singular. Que o instante de ser plural chegue, se você acreditar nele. Eu acredito, afinal,  já sou plural, já tenho amores eternos, já vivo, modifico, cresço ao lado das minhas pessoas, que também estão em movimento, nunca iguais, sempre amadas, porque amo suas essências enquanto elas estão no “parto” de suas próprias descobertas.


Luz em nossa caminhada!

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