sexta-feira, 17 de junho de 2016

O devaneio do amanhecer*


Todo dia que amanhece, anoiteceu noutro lugar. A vida precisa dessa alternância para semear, regar, arar. Somos produto e agricultores de nossa vida e desse mundo, coadjuvantes do todo. Veja que negócio louco essa coisa de ser...

Vejo os primeiros raios enfeitar o céu. É processual! Pouco a pouco o sol volta e revolta estações. Não há esforço algum na harmonia do universo: alternância e função.

Alternância,função, harmonia. Sem questionamentos, a vida onisciente segue o ciclo da natureza, esse arcabouço incrível de elementos que cooperam para a existência um do outro.

Exceto...nós. Ansiosos, inquietos e sedentos. Cheios de respostas ou dúvidas,  poesia, pergaminhos e outras formas de fuga ou de encontro. Conceituamos e desvirtuamos, queimamos no fogo de nossas próprias teimosias e lágrimas. 

Mas, sinceramente, não há saída, a consciência e o coração nos abençoou e condenou, concomitantemente. Cada um com suas próprias mãos, cheias de sementes: grão e oração.

Preciso de um "fazedor de amanhecer", Manoel. 
A máquina mais defeituosa da natureza é a humanidade. 

Mas, impossível não sê-la.
Até  que volte a ser raiz, carbono,alma.


* Originalmente em: http://aluanaodorme.blogspot.com.br/2014/12/o-devaneio-do-amanhecer.html

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