segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Um dia a mais e o fim do mundo (Filosofia do boteco da lua)



Senta aí, meu caro leitor, que te faço o convite de sentar nessa mesa de poesia, pra descer uma prosa bem quentinha, por favor.  Vamos pedir para beber uma poesia? Enquanto não chega, de aperitivo, vamos falar do 29 de fevereiro. ;)


Hoje é 29 de fevereiro. Não sei o motivo, mas sempre associo a data ao fim do mundo. Acho que é porque é a ideia charmosa e ilusória do "um dia a mais". Explico: A gente sempre entrega à vida nossas urgências. Mas, imagina se houvesse uma agenda interna que estipulasse o fim do mundo para o último dia de fevereiro: você gostaria que esse ano fosse bissexto. Para poder olhar as urgências como urgentíssimas. Um dia a mais, então, faria toda a diferença!
Se, depois de viver toda minha vida, eu tivesse um dia a mais, eu não sei tudo que faria,completamente. Sei que rolariam beijos nas minhas pessoas amadas e gratidão. Sei que haveriam ligações entremeadas de 'eu te amo', isso se os telefones funcionassem. Senão, pensamentos de amor aos queridos ausentes. Sei que faria poesia e viria aqui, neste espaço poético. Pode parecer bobagem, mas eu me despediria do meu jardim.

Sei também que avaliaria minha vida. O que fiz de mais legal, as coisas que poderiam ser melhores. Não sei se haveria "o outro lado", outra vida a ser vivida, outro planeta a habitar. Mas haveria fé nisso, na mão que contorna o universo. Não daria para deixar para amanhã: aquela mensagem, aquela visita, aquela saudade, aquelas obrigações. Alias, acho que deixaria as obrigações de lado e seria bem hedonista, neste dia, mas sem ferir ninguém ao redor. Só curtir meu pequeno infinito e laços de amor. Ouviria música, isso eu sei. Talvez comesse todo chocolate e sorvete que suportasse e certamente não dormiria, pois o plano seria ir para o espaço ou para o outro lado exausta e feliz!

Enfim, graças à Deus, não é fim do mundo, é apenas mais um dia. Ou, um dia a mais (faz diferença? acho que faz). De quatro em quatro anos, ele se repete. No último 29 de fevereiro, eu era ruiva-cereja, sonhadora, poeta, advogada e estudante, cheia de planos e sonhos a desenvolver. No penúltimo, também. Entre um ano bissexto e outro, dos oito que já vivi, realizei sonhos, fui e fiz feliz, vivi coisas extraordinárias e fui palco de amor e poesia - que inundaram esses dias!  

É o que desejo também para meu próximo 29 de fevereiro. 
E para o seu também. <3

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