sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Rascunhos!



Sabe aqueles rabiscos soltos despretensiosamente? Pois é, sou muito de fazê-los: é o vício do rascunho.
E amo rascunhos, confesso. Rascunho é coisa deixada de lado, bilhete de mim para mim, rabisco. Recentemente, percebi que o aluanaodorme é minha fonte mais ampla de rascunhos. Tenho mais de 900!  Fiquei meio abismada: 900 rascunhos. Coisinhas minhas, poemas mal resolvidos...em uma matemática meio torta, tenho mais de dois anos de rascunhos.

Pudera. Fui adolescente de papéis de carta, poemas dedilhados e cadernos de recordação.  Livros antigos, lira, muita lira. Tudo devidamente guardado, tesouro pessoal, construído pelo tempo. É uma espécie de respeito com as coisas das Jacis. A maneira como elas, tantas vezes, escreveram com emoções diferentes, a ética que ainda me habita, o temperamento e criatividade que forma mundos. Elas estão em mim,sou morada de cada uma. Leio coisas que sei que não fui eu quem fiz, foi uma delas. Acho bonito,acho tosco e, às vezes, muito mal escrito. Mas quem sou eu para julgar isso? (rs).Tenho delas a mesma paixão por registros: cartas, poemas...mas os meus preferidos são os bilhetinhos, aquela coisa íntima que deixamos para quem amamos. Rascunho é bilhetinho de mim para mim, como disse aí em cima. E como não amar?

Estes dias, sempre que sobra tempo, tenho resgatado estas poesias antigas, dispostas em rascunhos e publicado na época em que deveriam ter sido. Um tipo de respeito poético com as moças, com o tempo delas, com seus poemas escondidinhos, tímidos. Claro, só os que mais apreciei, afinal, posso me dar o direito de ser a Editora-Chefe dessa equipe (rs). E convenhamos: o aluanaodorme tem muita pieguice, para além da métrica e das metáforas - tão apreciadas no poema.
Em meio a isso, continuo a deixar rascunhos. Nos livros, no moleskine, no aluanaodorme, mentais. E até nas nuvens. Acho uma delícia escrever com a  vida, sua obra aberta e abstrata, tantas vezes distópica e surreal, onde rabisco e viajo por mim.É uma delícia ser a dona da história e contruí-la sem pressa, toda rabiscada, tatuada de palavras e poemas.

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