quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Conversas com José (Para meu pai, que já virou poesia)





Foi depois de crescer, José
Que entendi o porquê de toda aquela poesia
Quando caía o dia
E tu me embalava a rede, ao som de um barzinho...

É que em meu  mundo pequenino
Ainda não havia tanta perda de beleza
Mas tu sabias, a correnteza
Ia mudar a maré...

A vida chegou agora,
inteira, bonita e doída,
E amanheço sem poder te dar bom dia
Mesmo quando o dia não está bom...

Mas, para minha alegria
Esse laço nos une : a palavra
E a rima bem sentida de gente bem amada
Então receba, meu pai, essa lavra...

Aqui, há tanta ausência de esperança
Nem Robinson Crusoé aguentaria
Pessoas não são o que dizem
Há mais mentiras que sonhos na padaria...

Mas eu sou dura, José! - Como Drummond 
 E macia como Chico
Nenhuma lágrima ou decepção
Pode apagar o meu riso!


#

(Voa por onde for 
E não esquece do meu amor
E me protege daqui,pai...
Muito obrigada por tudo que você me ensinou.
Muito obrigada pela pureza e pela gentileza com que me tratou.
Eu sempre vou te amar)


LUZ!

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