domingo, 15 de maio de 2016

Ohana! (Sobre o dia da família e o 'um dia desses,quando caí')



Hoje é o Dia Internacional da Família e este é um texto longo e açucarado de amor.


Dia desses, eu caí.  Minha muito metafórica vida resolveu que, desta vez, não seria apenas metafórica.  Explico. Em uma fase de mudanças, procurei do dia para a noite acabar com minha vida sedentária. Então, entrei na aula de Muay thay, um tipo de modinha, exercício horrendo que mobiliza mais músculos do que sabia que poderia ter (rs). Assim, em uma bela manhã, depois da segunda aula, ouvi um estalinho no joelho e caí. Fui ao médico porque estava 'mancando' e queria um anestésico e, para minha surpresa, havia rompido um dos ligamentos principais do joelho, o cruzado anterior. Talvez o processo fosse cirúrgico, mas certamente fisioterápico e demorado! 
Foi um susto danado e um período de intranquilidade. Sim, a idade pesa. Pesam também os medos: Perder um movimento, perder algo para a vida, limitar o corpo, limitar sonhos, diminuir perspectivas, planos de estudo modificados, abrir uma fenda no tempo para cuidar da saúde e do emocional. Mas nada pesa mais do que carregar seu próprio corpo, sem auxílio dos joelhos.
Entremeado a isso, havia passado um tempo distante de pessoas que amo e que me amam da minha amada, imperfeita e humana família. Não quis pedir ajuda, porque pensei que gente adulta aguenta a barra. Fiquei em silêncio, em um cantinho só meu, sem saber o que fazer, meio analgesiada – Orgulhosa e quieta.
Então, uns dois dias depois do susto, recebi a ligação de uma tia – cuja relação de amor sempre foi tênue- e  ela me recordou de que eu nunca poderia esquecer que tinha uma família. E que uma família cuida dos seus. E ela foi linda, mobilizou meus primos para cuidar, sorrir,brincar, naqueles que foram dias bem difíceis, de medos,decepções, mágoas,dúvidas,tristezas...medos,medos,medos. Maiores que o do bicho-papão.

Outubro, novembro e dezembro de 2015 foram meses de redescoberta. A poeta, a menina sonhadora precisaram dormir um pouco e dar lugar a uma moça muito frágil e dependente, mas também mais paciente e racional. Aprendi a exercitar a paciência para chegar ao banheiro, tomar banho, beber água. Mais humildade para retirar a vaidade do foco e caminhar em busca de saúde, saltos rasteiros, tal criança que aprende a andar, amparado pelos seus. Ainda mais empatia com a dor das pessoas, pois na romaria de médicos ortopedistas, conheci gente que perdeu os movimentos, que deixou de caminhar, que abandonou sonhos...que perdeu muito mais do que eu. Gente jovem que precisou cedo aprender a dizer adeus a certos sonhos...

Tratei de confiar em Deus, desacelerei o ritmo e virei a menina da  fisioterapia - casa. Pedi o silêncio dos meus, segui em silêncio com o problema (detesto pena e tenho dificuldade em lidar com empatia), silenciei este espaço poético e tratei de cuidar de mim.   Aos poucos, a vida mostrou que o sol renasce e os resultados apareceram. O corpo ficou mais forte, pôde caminhar sem tropeçar. A alma abrandou, a vaidade voltou ao normal, o natal teve saltos baixos e o ano-novo saia longa, que escondeu algumas "amarras'' no joelho,rs. Em meio a risos, no Natal houve uma queda e foi meio assustador. Mas, os joelhos ralados e a dor foram pequenas perto do amor de ser carregada pelo primo, que quase chorava de tão preocupado  (aquele momento eu nunca, nunca esquecerei, meu Bibito! Você me carregar, levar ao sofá e perguntar,com os olhos tão preocupados, se eu ainda podia andar...eu te amo para sempre. Muito obrigada por não me deixar esquecer, meu irmão!).

Por fim, encontramos um especialista responsável, que trata de acompanhar meus passos e restabelecer os movimentos sem cirurgia. A alma-como o corpo- reencontrou a rotação do equilíbrio, marcada pelos laços de amor: as longas conversas sobre livros com o primo (Sim, pois a literatura foi farta), os fins de tarde ao som de rock and roll, as caminhadas lentas, muito lentas com as amigas, a tia e a prima-fisioterapeuta, as ligações aflitas da irmã...uma vida e rotina redesenhada em afeto.   O tempo passou. A vida deu os sinais certos e a respostas.  A lua voltou a girar, a sonhar, a fazer poesia e se encantar com laços de fita...cheia de gratidão. 
Então. Esse texto não deveria ser tão grande...nem cabe nele todas as emoções que estão entremeadas nessas linhas e nesses dias de redescoberta, paciência, generosidade e amor. Mas não consigo retirar nada, porque quero recordar sempre, já que o tempo insiste em nos levar lembranças preciosas...
...mas, sabe, querido amigo do aluanaodorme? 
Sou o Stitch
Quando a sua pele mais fina está toda exposta?  Quando seus medos resolvem te passar uma rasteira e você precisa desacelerar? Quando seus sonhos deixam suas mãos vazias e você cai, precisa reaprender a caminhar?Quando as perguntas deixam de fazer sentido e você não sabe onde procurar respostas?  Então. Eu sei, a vida às vezes faz dessas coisas. Bem, eu desejo que, se em algum momento, isso acontecer a você,  seja-lhe concedido a graça do sentimento que eu tive, um dia desses, quando caí: O de não estar só. O de ter uma família. O de ser absolutamente amada, apesar dos joelhos ralados, da pele machucada, dos medos e decepções. O de saber que suas batalhas não são só suas . O de ter um ninho, independente das estruturas com que foi firmado. O de levantar amparado, o de ter para onde olhar quando sentir medo, o de saber-se parte de um projeto de amor.  Por fim, deixo a lembrança de Ohana, palavrinha que aprendi em um filme infantil, Lilo e Stitch. Sabes o que é Ohana? 

 "Ohana, quer dizer: Família. E família quer dizer nunca abandonar ou esquecer"

Eu me derreto de amores por vocês.
 :) :) :) :) :) :) :) :) :) :) :) :) :

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