terça-feira, 14 de maio de 2024

O Resgate (Poema-crônica partido de ouvir a história de um sobrevivente do Novo Amapá)


Entre pescado e pescador
Na escuridão, deita o milagre:
No tempo do naufrágio, 
Bênção em pleno breu...

Alucinação, Amazonas: leito e confessionário!
O mais profundo é imensa luz azul! 
O céu é multicor: estenda a mão
Deite sua fé em meio ao caos...

Grite:
"Senhor, eu não sou digno!
Mas dizeis uma só palavra...''
Com toda força, com toda alma...estenda a mão...

Dito isso, o céu se enfeita
O pai se deleita
Arma a mais farta mesa
Porque o amor de Deus é abundância e paz...

- Faz-se perfeito silêncio em meio à tempestade-
Pois mesmo o infinito amazonas se ajeita para receber os passos
Vira estrada florida, multicolorida
Frente àquele amor... -

E eis, que então:
Na escuridão, a voz de um irmão: reencontro, abraço!
É sempre assim: Pedro um dia pescou, 
Outro dia foi pescado!

Pois, por todo lado, o mistério insondável do supremo amor nos alcança...

E volta o filho e volta um pai: 
Todos se encontram na amada
O lugar onde a jornada
É doce caminho prometido a ser partilhado...

Por isso, sente o tempo, o zelo e o cuidado
Pois é fato:  Ora pescamos, ora somos pescados
- Mas sempre resgatados! - 
Pelo imenso  amor dos céus...


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Transformei em poesia uma linda história que ouvi de um sobrevivente do naufrágio da embarcação chamada de 'Novo Amapá', que aqui em meu estado, um triste episódio de nossa história, que faz parte da nossa memória coletiva e é um alerta acerca de como devemos respeitar os limites: nossos e da natureza. 

Religião é sempre algo muito pessoal e a poeta fez com o que ouviu, com o que sentiu, de ouvir o outro. Mas há beleza em toda forma de encontro com a grande força poética do Universo...o que me leva à uma pequena flor de outubro, que é 'lanterna' e que sempre me salva, quando estou 'afogada' e que é, certamente, demonstração clara e inconteste da presença de Deus em meu pequeno universo...

Esta é uma história de salvação, de muitos modos.


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