quinta-feira, 16 de maio de 2024

Amnésia (Republicado, corrigido)



Esqueça
Aquele poema matinal
Aquele tempo é para o hoje irreal:
Viver é deixar morrer - eis a ambiguidade.

A vida, tão escrita e tão escrevinhada
É feita a traços finos de giz
Mesmo o mais imenso sol amarelo
Derrete sob as águas do agora...

14 de Maio de 2024: é precioso e raro
Nunca mais virá....

E  o mundo é cheio de coisas bonitas
As mais belas declarações de amor são escritas
E ainda existem crianças correndo
Em algum lugar chamado 'felicidade'...

Tudo que é de verdade está aqui: é um milagre!
Trilhões de células cooperando para o todo
E assim, dou de acordar em meio a um mar in blue
E de ver, sei e sinto que tudo é melhor do que jamais imaginei...

Por isso,

Hoje gosto tanto da palavra 'esquecer'  quanto 'recordar'
Acredito que a inocência reside nessa estranha ambiguidade
E ninguém é criança de verdade
Sem entender dessa peculiar mistura...

É uma dádiva perder espaços da recordação!
Ainda  mais   quando se adoece do coração
Pois até mesmo o poema reconhece a razão
Própria do ato da impropriedade: 

 Liberta-se o fato da memória inglória: 
Que segue pura e assim repousa a história... 

Então:
Goodbye, Norma Jean!
Por favor, entenda. Ou perdoe, se puder...
Adeus, Diana! Por favor, descansa.

Cheguem novos contos, outros pontos
...conexões!
Pois é certo que nada é tão dissociado
Somos a partitura e o som da canção...

Afinal, convenhamos - com boas doses de ironia, 
já que nunca conviemos em nada - 
Tudo pode acontecer, menos a repetição da palavra
Viver não é sobre eterno repeat de página

E Caetano canta sob todos os espaços da sala
Que a  '' a novidade veio dar a praia...''

E assim, até os céus já sabem  e anunciam!
Que,  na perfeita metáfora dita desde Heráclito
Nunca é o mesmo sangue que passa...
- nem a mesma poesia.

E dito isso, nasce um novo coração...


Diz-se, na obra 'O brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças''..." Abençoados os que esquecemporque aproveitam até mesmo seus equívocos", que é de Friedrich Nietzsche, na obra 'Além do bem e do mal'.

E assim, esse poema nasce de reler um artigo científico sobre o direito ao esquecimento e associá-lo ao filme....e de pensar em cada coisinha da nossa história que merece o bom e velho esquecimento como uma forma de redenção do tempo.

A vida é tão colorida, artística, bela e irrepetível - sob pena de se tornar 'ordinária'.

P.s:Depois eu respondo a mim sobre a importância dos clássicos e da memória para a constituição da identidade. :)

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