Esqueça
Aquele poema matinal
Aquele tempo é para o hoje irreal:
Viver é deixar morrer - eis a ambiguidade.
A vida, tão escrita e tão escrevinhada
É feita a traços finos de giz
Mesmo o mais imenso sol amarelo
Derrete sob as águas do agora...
14 de Maio de 2024: é precioso e raro
Nunca mais virá....
E o mundo é cheio de coisas bonitas
As mais belas declarações de amor são escritas
E ainda existem crianças correndo
Em algum lugar chamado 'felicidade'...
Tudo que é de verdade está aqui: é um milagre!
Trilhões de células cooperando para o todo
E assim, dou de acordar em meio a um mar in blue
E de ver, sei e sinto que tudo é melhor do que jamais imaginei...
Por isso,
Hoje gosto tanto da palavra 'esquecer' quanto 'recordar'
Acredito que a inocência reside nessa estranha ambiguidade
E ninguém é criança de verdade
Sem entender dessa peculiar mistura...
É uma dádiva perder espaços da recordação!
Ainda mais quando se adoece do coração
Pois até mesmo o poema reconhece a razão
Própria do ato da impropriedade:
Liberta-se o fato da memória inglória:
Que segue pura e assim repousa a história...
Então:
Goodbye, Norma Jean!
Por favor, entenda. Ou perdoe, se puder...
Adeus, Diana! Por favor, descansa.
Cheguem novos contos, outros pontos
...conexões!
Pois é certo que nada é tão dissociado
Somos a partitura e o som da canção...
Afinal, convenhamos - com boas doses de ironia,
já que nunca conviemos em nada -
Tudo pode acontecer, menos a repetição da palavra
Viver não é sobre eterno repeat de página
E Caetano canta sob todos os espaços da sala
Que a '' a novidade veio dar a praia...''
E assim, até os céus já sabem e anunciam!
Que, na perfeita metáfora dita desde Heráclito
Nunca é o mesmo sangue que passa...
- nem a mesma poesia.
E dito isso, nasce um novo coração...
#
Diz-se, na obra 'O brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças''..." Abençoados os que esquecem, porque aproveitam até mesmo seus equívocos", que é de Friedrich Nietzsche, na obra 'Além do bem e do mal'.
E assim, esse poema nasce de reler um artigo científico sobre o direito ao esquecimento e associá-lo ao filme....e de pensar em cada coisinha da nossa história que merece o bom e velho esquecimento como uma forma de redenção do tempo.
A vida é tão colorida, artística, bela e irrepetível - sob pena de se tornar 'ordinária'.
P.s:Depois eu respondo a mim sobre a importância dos clássicos e da memória para a constituição da identidade. :)
Nenhum comentário:
Postar um comentário