-Prólogo-
Macapá, pleno el nino:
Um calor danado me derrete a vontade
De pensar uma poesia boba
Na falta da cerveja gelada, de uma pirapitinga assada
Me veio o amargo do instante presente, veja a semente:
Vamos começar:
Amapá, terra amada!
Quanta geografia errada, quanta história inexata
Baixa memória e pouca lógica!
Como estamos perdidos, pai amado!
Quem descobriu o Brasil
Por favor nos explique:
Porque tão fragmentados?
Elos inexatos em pleno el nino:
Efeito borboleta do ato passado:
Oras, isso deve apontar algum caminho!
Ou...talvez
Seja apenas o fim do mundo biblicamente proclamado.
O fim no mundo nasce em Macapá, afinal:
Céu em chamas de uma cidade equacionada
42° Graus sensoriais, em plena sombra
A gente liga o ar, mas a Equatorial nos assombra!
- Com sua luz mercantilizada
Rindo de nossos desespero e nossas contas parceladas...
Ninguém entende: vamos fazer festa!
O Amapá, afinal, tem hidroelétricas
A custas de muitas tradicionais paisagens e da população
Servimos ao patriotismo: energia barata para quem faz parte da nação!
Entre apagão, mundo cão: Pandemia
Enclave social que o Brasil brigou desde tordesilhas!
Deu certidão de nascimento, tipo Pai que entrou com ação de reconhecimento
Depois, fugiu, com a pensão!
Mas posta foto internacional com suas outras filhas
Assina tratados de humanização...
Alô, Icomi, como vai a extração?
Foste embora, quiçá armaste o mundo até os dentes!
Enquanto a gente fazia festa por andar de trem
Rejeitos, a custa de quanta vida do Elesbão?
Em prol, em prol da Globalização!
Meu Vozinho, neste tempo aqui teve sua chegada
Bem entendo, meu vô: estávamos de mãos atadas!
Bendita União! Que nos desuniu
A ponto de a gente não perceber nem os buracos da estrada
E ainda nos diz: preserve, pois o mundo vai mal
Mas mantém reféns de uma pobreza abissal
Pisando na terra que não pode ser plantada:
Proibitiva de uma extensa legislação ambiental:
(Senhor, já não entendo nada)
Grandes barões seguem entre Miami e a Paulista: O Brasil é o país do futuro!
Enquanto isso, aqui, não pode plantar, não tem dinheiro para circular!
A Cea-Equatorial a esfolar, pobreza entre o céu e o asfalto precário
Periferia da colônia de exploração: a política é cultura de apagão!
Viva o sucesso da Nação!
Nem na pobreza somos iguais
Uns menos - esses pavulagens
Outros mais.
Abriu concurso, vamos todos nos inscrever!
Descaso, desespero: Migração para Santa Catarina
Primos pobres do Pará, a gente imita:
Até a Equatorial veio de lá...(Deve ser sina)
Engole mais essa, ou, como se diz por aqui: 'Toma teu suco'
Entre o dia 01 e o dia 15 a gente ri
- economia de contracheque!
Entre o dia 15 e 30, passa o aperto e engole o susto
Mas, depois, entre o sol no tutano
E a fome que engole metade da população - bolsista
A gente esquece tudo:
Afinal, temos uma grande notícia
Rufem os tambores!
Coloquem as vozes em modo mudo
A Rede Globo Anuncia:
O Brasil vai para a copa do mundo!
#
Epílogo:
#
*Fiz esse poema dia 13.09.2023, nos 80 anos da criação do território. Apesar da crítica, há muito amor por toda beleza, poesia e força que reside em ser daqui e amar nossas pessoas, sua cultura e singularidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário