sábado, 14 de outubro de 2023

Amapá: 80 anos de Apagão

-Prólogo-

Macapá, pleno el nino:
Um calor danado me derrete a vontade
De pensar uma poesia boba
Na falta da cerveja gelada, de uma pirapitinga assada
Me veio o amargo do instante presente, veja a semente:

Vamos começar:





Amapá, terra amada!
Quanta geografia errada, quanta história inexata
Baixa memória e pouca lógica!
Como estamos perdidos, pai amado!

Quem descobriu o Brasil
Por favor nos explique:
Porque tão fragmentados?
Elos inexatos em pleno el nino: 

Efeito borboleta do ato passado:
Oras, isso deve apontar algum caminho!
Ou...talvez
Seja apenas o fim do mundo biblicamente proclamado.

O fim no mundo nasce em Macapá, afinal:
Céu em chamas de uma cidade equacionada
42° Graus sensoriais, em plena sombra
A gente liga  o ar, mas a Equatorial nos assombra! 

- Com sua  luz mercantilizada
Rindo de nossos desespero e nossas contas parceladas...

Ninguém entende:  vamos fazer festa!
O Amapá, afinal, tem hidroelétricas 
A custas de muitas tradicionais paisagens e da população
Servimos ao patriotismo: energia barata para quem faz parte da nação!

Entre apagão, mundo cão: Pandemia
Enclave social que o Brasil brigou desde tordesilhas!
Deu certidão de nascimento, tipo  Pai que entrou com ação de reconhecimento
Depois, fugiu, com a pensão! 

Mas posta foto internacional com suas outras filhas
Assina tratados de humanização...

Alô, Icomi, como vai a extração?
Foste embora, quiçá armaste o mundo até os dentes!
Enquanto a gente fazia festa por andar de trem
Rejeitos, a custa de quanta vida do Elesbão?

Em prol, em prol da Globalização!

Meu Vozinho, neste tempo aqui teve sua chegada
Bem entendo, meu vô: estávamos de mãos atadas!
Bendita União! Que nos desuniu 
A ponto de a gente não perceber nem os buracos da estrada

E ainda nos diz: preserve, pois o mundo vai mal
Mas mantém reféns de uma pobreza abissal
Pisando na terra que não pode ser plantada:
Proibitiva de uma extensa legislação ambiental:

(Senhor, já não entendo nada)

Grandes barões seguem entre Miami e a Paulista: O Brasil é o país do futuro!
Enquanto isso, aqui, não pode plantar, não tem dinheiro para circular!
A Cea-Equatorial a esfolar, pobreza entre o céu e o asfalto precário
Periferia da colônia de exploração: a política é cultura de apagão!

Viva o sucesso da Nação!
Nem na pobreza somos iguais
Uns menos - esses pavulagens
Outros mais.

Abriu concurso, vamos todos nos inscrever!
Descaso, desespero: Migração para Santa Catarina
Primos pobres do Pará, a gente imita:  
Até a Equatorial veio de lá...(Deve ser sina)

Engole mais essa, ou, como se diz por aqui: 'Toma teu suco'
Entre o dia 01 e o dia 15 a gente ri
- economia de contracheque!
Entre o dia 15 e 30, passa o aperto e engole o susto

Mas, depois, entre o sol no tutano
E a fome que engole metade da população - bolsista
A gente esquece tudo: 
Afinal, temos uma grande notícia

Rufem os tambores!
Coloquem as vozes em modo mudo
A Rede Globo Anuncia:
O  Brasil vai para a copa do mundo!

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Epílogo:




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*Fiz esse poema dia 13.09.2023, nos 80 anos da criação do território. Apesar da crítica, há muito amor por toda beleza, poesia e força que reside em ser daqui e amar nossas pessoas, sua cultura e singularidade.

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