quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Inapropriados!




Sempre gostei do inapropriado.

Um tipo de rebeldia com a vida e o ''convencionado''. Tenho uma desconfiança e estranheza com o que não perde o alinho, do que é  sempre apropriado. Veja, a terminologia do "a" antes do "próprio" já é um indicativo de que há algo de errado : A-propriado, sem propriedade.
E propriedade é uma coisa delicada: se, por um lado, é ligada ao sistema capitalista que nos divide e distingue pela posse, por outro, quer dizer ser dono. E, pelo menos de si, não vejo nada mais justo.



Mas, fora do contexto interno, gosto mesmo é do ina - propriado.
De gente que fala o que pensa, que reza sua "imprópria cartilha", que sangra de seu próprio sangue e "não está interessado em nenhuma teoria". De gente que não entregou as chaves mentais de seu cérebro para a coletividade. Sabe, aquela coisa de não "ajustar" o seu formato interno?  Tenho medo dos ajustados,  embora Rubem Alves, com quem muito converso, tenha flexionado meu modo de pensar, quando falou a respeito da importância das duas formas de existência, no livro "Ostra Feliz não faz pérola". Disse Rubem:   "As pessoas ajustadas são indispensáveis para fazer as máquinas funcionar. Mas só as desajustadas pensam outros mundos. A criatividade vem do desajustamento" ( p. 177).


Ha! por falar em pérolas, sempre fui apaixonada, mas por aquelas de água doce, as "imperfeitas", tão lindas e naturais, sem regularidade.  Desde gita prefiro o " fora de formato". Desenhos como "O fantástico mundo de Bobby" .E o personagem favorito do Maurício de Souza? O " do contra", um carinha que andava com as mãos e a "Marina", a pouco conhecida ruivinha-desenhista. E, de tudo,  "Punky, a levada da breca",  arrebatou este pobre coração com sua doçura, inteligência e capacidade de ser criativa e voraz .


Mas, não é bom confundir terminologias. Veja, não falo de mau caratismo, são coisas diferentes. O caráter é uma condição de quem se firma como ser,  é algo firme. Gente de caráter não se vende, não compra, não é "colaborativo" com situações incompatíveis com sua dignidade (outro artigo totalmente marginal, atualmente). O apropriado se adequa, é um ''ser sem espinha''. 

Falo mesmo é de inapropriado, de não-adequação, inadaptação. Da capacidade de ser autêntico, próprio, no sentido mais bacana da palavra. 
É, quem se adapta, sobre-vive, Lei de Darwin.
Mas é quem não se adapta, quem filosofa,escandaliza e não deixa que tudo se normalize ou normatize. Quem não se acostuma, vive e sente o esplendor  e a responsabilidade ...de fazer o mundo acontecer! #



"Nós gatos, já nascemos pobres, porém, já nascemos livres"   


Os trapalhões e a versão brasileira do Musical  ' Os Saltimbancos',  música " História de uma gata".

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