quinta-feira, 6 de junho de 2024

Cartas para D.





 Sabe, D.
O tempo não é mais meu inimigo
É porque existe que eu sigo,
Ininterruptamente, batida a batida deste velho coração...

Aos poucos, tornei-me sua parceira e aliada.

Por isso,
Hoje, gosto tanto de amanheceres quanto dos pores do sol
Planto feliz coloridas lavadeiras
Perdoo meu girassol por não gostar tanto assim dos ventos do equador...

Aprendi que não estou 'indo' ou 'vindo'...Apenas 'aconteço'. 

Eu diluo entre breves ou longas digressões
Já não luto tanto, nem amanheço:
não me perco em frágeis paixões
Sou velha para certas alucinações...

Mas eu sigo jovem para uma boa comédia
Para ir ao teatro chorar de rir, ser plateia
Da vida e dos acontecimentos felizes dos meus amáveis amores
Assim, faz tanto sentido ser quem sou e gostar de existir!

- Apesar dos pesares, dos medos, das dores inerentes,


Tudo isso é só uma pequena parte
No colher dos dias, tudo é sobre respirar
Cooperar, bem amar...transbordar!
Fazer, das (in)delicadezas do cotidiano, uma arte: resignificar, explicar ou pirar...

Bem amar os meus! -  eis o milagre...

É...escrevo-te com o coração mais puro de me ser
Ainda que cheio das contradições inerentes
O mundo é tão latente! 
Detalhes e mais detalhes que fluem cotidianamente pelas mãos...

Fiquei mais leve, D., confesso
Não porque a vida aliviou...mas é que agora subo ao ringue
Bem menos desavisada
E guardo meu melhor para bem viver as borboletas amarelas da estrada...

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Escrevi esse poema depois de ouvir Cazuza.



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