segunda-feira, 3 de junho de 2024

Autorretrato




 Quem és? Perguntei ao espelho
Que repetiu em mantra, segundos depois...
Mas, que pieguice:  Meu cérebro havia pensando !
E antes, as células programado..

- São detalhes de um mesmo roteiro
Que, no entremeio,
O lábio cumpriu... -

Repetição da repetição:  segundos atrás achei que era novidade!
E disso, o Universo riu sem piedade,
Pois mesmo as células de minha mão 
Já foram estrelas, bem disse Carl...

- E assim, fique (in)tranquilo: Tudo se reinventa, meu bem...
O igual está estaticamente paralisado: 
Morto de tanto gostar de ser exato!
De não permitir-se transgredir à transgressão!

Por isso, hoje, 
Antes de responder à questão 
Apenas uni as mãos: 
Agora sou uma constelação...

(''Sol-te'')

#

Mesmo o 'sol-te' foi quebrado, pois a novidade é que algumas repartições não querem mais muros, em Macapá...o que já é mesmo uma feira maluca - como é tradicionalmente chamada nossa feirinha - porque as repartições já são muros, per si - ou pelo menos, divisões - que antes de disso tudo, foram criadas sem muretas.

Esse poema foi sentido quando passei em frente a este muro e vi que foi derrubado...e  pensei em quem eu era, ao deitar em plena esquina de uma das ruas mais movimentadas da cidade, para bater a esta foto...e de ficar feliz com o fato de que ainda quero fazer isso mais vezes, em mil outros contextos, não na repetição exata - porque 'nada do que foi será' ...e porque gosto tanto do agora! - mas sim, no reviver a experiência para experienciar o novo...

Por isso temos tanta 'simetria' ou 'interesse' por séries sobre o tempo e realidades paralelas. Nós já somos e estamos nessas paralelas! Construímos simbolicamente multiplicidade na similaridade...e na singularidade.

E, embora as paralelas se encontrem no infinito (diz a matemática), que bom que existem as intersecções. Mas ah... eu já escrevi sobre isso. Que bom que de outro jeito. 

É. Tudo é ambiguidade em eterno retorno. Agora mesmo o auto-retrato é autorretrato.

Ainda assim, nunca é o mesmo rio, já dizia Heráclito...e nunca é o mesmo coração...


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