quinta-feira, 27 de junho de 2024

Inteiramente Aqui




 Eu sei, 

Não sou a pessoa mais exata do mundo
Tomo cafés amargos com bolos de chocolate
Faço de pingos de água, uma tempestade emocional 
Verdadeiro vendaval

Sorrio para o nada, mas não falo nem boa tarde a estranhos
Faço pouco cálculo: horas, dias
Perdas, ganhos.
Deve ser difícil esperar de mim alguma precisão...

Não tente, bem.

Eu, por fim, já desisti
Prefiro sentir, acolher e perceber
Estender meu coração 
Acolher a dualidade

E bem-viver...

Mas, será que o mundo inteiro não é mesmo assim?
Se não existe nem mesmo um único grão de areia igual
Porque pedir métrica de mim?
Não faça isso, bem...não alargue nossos espaços por esperar o que não sou

Apenas abraça-me enquanto estou
Inteiramente aqui...

#

"No fim, 
É sobre estar 
Com quem gosta daquela pessoa que gostamos de ser..."

Sobre minha enorme torcida pela Carrie e pelo Aidan... porque, mulher de Deus, o Big é um big lixo, reaja. :P


quarta-feira, 19 de junho de 2024

Romance sob as luzes de Buarque



Põe Chico pra tocar no celular, bem
Não deixa a Luisa Sonza confundir a canção
Põe a mão no meu coração
Vamos dançar...

Aproveita que estou tão anos 40
Me chama de brotinho e a gente janta à meia-noite
Antes disso vamos brincar
de Construção...

Modernidades não me caem bem, tu sabes
Relógios são grandes demais para um pulso de pluma
O tempo, às vezes, é feito espuma
Escorre entre os dedos, macio...

É nisso que acredito.
É nisso em que confio.

Não somos de datas, mas hoje, Buarque faz aniversário
E assim, as leis do abecedário
Giram a roda da vida
Para celebrar...

A gente não seria igual sem Chico, não é mesmo? 
E que amor o seria?

Aquela madrugada fria
Em que escrevestes no meu corpo mil formas de 'te amo'...
Ou quando ficas em mim, feito tatuagem
- Haja coragem, querido...haja coragem...

De tempos em tempos, sou tua bailarina
Sonhamos juntos que o inferno congelou aquela gente chata
Que pensa mais em do que títulos que na beleza da flor
- Que fenece, ainda aquela mais perfumada...

Mas não vamos enrijecer de medo
Só porque a a realidade bate, às vezes
Que a gente cresce mesmo quando entende que a chuva também traz o frio
É quando acorda, percebe que tudo é o que é 

E segue a vida, mesmo assim: macio...



#


Esse é um poema cheio das ideias e referências.
Uma singela homenagem ao GRANDE Chico Buarque, que hoje está de aniversário.

terça-feira, 18 de junho de 2024

Brevidades



 A beleza do creme brulé
As cores cinzas do horizonte...teu cigarro na varanda
O fogão que faz a janta
O chá que fumega um tipo de inexplicável aconchego,

Um cheiro, um beijo...
- É, nem tudo é sobre profundidades, meu bem!
Superfícies não são superficialidades:
- Brinda comigo as brevidades...

Às vezes, o cinza do dia é suficiente para ser tão cheio de arte e cor
E a vida faz sentido: 
Pele, arrepio, gemido...cabelos, mãos
... tum tum tum do coração...

A poesia às vezes se enche das brevidades de um jeito estranho,
Quase aleatório...
e, ainda assim, tão belo!
A natureza do todo tão encaixado para a tarde acontecer

No entremeio da loucura,
- Uma pausa pra gente se viver -

Não há tantas questões assim,
é só uma questão de quereres
Por isso, hoje admiro tanto os franceses
Aquela crueza elegante que permeia até o ar...

Então,

Põe Zaz na sala,
deixa eu me apresentar...



Esse poema nasceu de rever uns episódios de sex and the city, de um encontro da Carrie com um francês....rs. E de refletir sobre as brevidades, as superficialidades e as questões complexas e simples que envolvem as relações.

Mas pode ser mais leve que isso, para você, que me lê. :)

P.s: Publicado porque o dia está tão coloridamente cinza...e gosto tanto de dias assim, que fui buscá-lo dos rascunhos. :


:P


quarta-feira, 12 de junho de 2024

Encontro



 Meu universo toca o teu: é fato
Mãos que já foram continentes formam nós
Um repente,
Gesto que me leva até o teu olhar...

Meu corpo feito estrelas, no teu: constelação!
Não é poesia, meu bem, 
- É uma constatação -
Certeza que se firma com sua luz particular...

Meus olhos que já foram parte das águas
Quem sabe, do nosso Amazonas
Desaguam mansamente nos teus
Fluem calmamente, e ainda assim: é preamar...

De pré-amar fomos assim:
Convite ao cinema negado
Aquela ligação recusada...
O medo, as cascas, as marcas partilhadas...

De bem viver somos verdadeiramente:  o próprio big bang
De um tipo novo de mundo a ser descoberto!
- Magicamente programados 
Para acontecer no tempo certo -



#


Sobre o dia: Um 'amor de cartas claras sobre a mesa' é o que desejo a mim, e a ti, que me lê! LUZ!

<3

quinta-feira, 6 de junho de 2024

Cartas para D.





 Sabe, D.
O tempo não é mais meu inimigo
É porque existe que eu sigo,
Ininterruptamente, batida a batida deste velho coração...

Aos poucos, tornei-me sua parceira e aliada.

Por isso,
Hoje, gosto tanto de amanheceres quanto dos pores do sol
Planto feliz coloridas lavadeiras
Perdoo meu girassol por não gostar tanto assim dos ventos do equador...

Aprendi que não estou 'indo' ou 'vindo'...Apenas 'aconteço'. 

Eu diluo entre breves ou longas digressões
Já não luto tanto, nem amanheço:
não me perco em frágeis paixões
Sou velha para certas alucinações...

Mas eu sigo jovem para uma boa comédia
Para ir ao teatro chorar de rir, ser plateia
Da vida e dos acontecimentos felizes dos meus amáveis amores
Assim, faz tanto sentido ser quem sou e gostar de existir!

- Apesar dos pesares, dos medos, das dores inerentes,


Tudo isso é só uma pequena parte
No colher dos dias, tudo é sobre respirar
Cooperar, bem amar...transbordar!
Fazer, das (in)delicadezas do cotidiano, uma arte: resignificar, explicar ou pirar...

Bem amar os meus! -  eis o milagre...

É...escrevo-te com o coração mais puro de me ser
Ainda que cheio das contradições inerentes
O mundo é tão latente! 
Detalhes e mais detalhes que fluem cotidianamente pelas mãos...

Fiquei mais leve, D., confesso
Não porque a vida aliviou...mas é que agora subo ao ringue
Bem menos desavisada
E guardo meu melhor para bem viver as borboletas amarelas da estrada...

#

Escrevi esse poema depois de ouvir Cazuza.



segunda-feira, 3 de junho de 2024

Autorretrato




 Quem és? Perguntei ao espelho
Que repetiu em mantra, segundos depois...
Mas, que pieguice:  Meu cérebro havia pensando !
E antes, as células programado..

- São detalhes de um mesmo roteiro
Que, no entremeio,
O lábio cumpriu... -

Repetição da repetição:  segundos atrás achei que era novidade!
E disso, o Universo riu sem piedade,
Pois mesmo as células de minha mão 
Já foram estrelas, bem disse Carl...

- E assim, fique (in)tranquilo: Tudo se reinventa, meu bem...
O igual está estaticamente paralisado: 
Morto de tanto gostar de ser exato!
De não permitir-se transgredir à transgressão!

Por isso, hoje, 
Antes de responder à questão 
Apenas uni as mãos: 
Agora sou uma constelação...

(''Sol-te'')

#

Mesmo o 'sol-te' foi quebrado, pois a novidade é que algumas repartições não querem mais muros, em Macapá...o que já é mesmo uma feira maluca - como é tradicionalmente chamada nossa feirinha - porque as repartições já são muros, per si - ou pelo menos, divisões - que antes de disso tudo, foram criadas sem muretas.

Esse poema foi sentido quando passei em frente a este muro e vi que foi derrubado...e  pensei em quem eu era, ao deitar em plena esquina de uma das ruas mais movimentadas da cidade, para bater a esta foto...e de ficar feliz com o fato de que ainda quero fazer isso mais vezes, em mil outros contextos, não na repetição exata - porque 'nada do que foi será' ...e porque gosto tanto do agora! - mas sim, no reviver a experiência para experienciar o novo...

Por isso temos tanta 'simetria' ou 'interesse' por séries sobre o tempo e realidades paralelas. Nós já somos e estamos nessas paralelas! Construímos simbolicamente multiplicidade na similaridade...e na singularidade.

E, embora as paralelas se encontrem no infinito (diz a matemática), que bom que existem as intersecções. Mas ah... eu já escrevi sobre isso. Que bom que de outro jeito. 

É. Tudo é ambiguidade em eterno retorno. Agora mesmo o auto-retrato é autorretrato.

Ainda assim, nunca é o mesmo rio, já dizia Heráclito...e nunca é o mesmo coração...