Gosto de ser daqui
Desse clima molhado
Do vento do Amazonas
Feirinha maluca, tucupi com jambu...
Gosto de amar aqui:
Esse sabor de taperebá ou cupuaçu
O mergulho profundamente doce
Em rios caudalosos, sob um céu azul...
De meu pequeno ponto de referência
- Sim, mano, o tempo leciona sobre 'não saberes' -
Nada parece mais bonito
Que estar no centro do caminho
Meio dia, meio mundo, meia trajetória...inteiro eu,
Que se expande!
Que pouco a pouco, com disciplina e fé,
Busca mais alma, mais calma
Um jeito mais delicado de existir...
Apesar das indelicadezas inerentes
A vida é uma delícia: a página de livro virada
Tem cheiro de uma história, uma vivência partilhada
Alguém que lançou sua -também pequena - luz sobre o outro...
E também suas sombras, diria o Canto
Essa sou eu, porque sou, aqui :
- Posso ir na feira, achar uma benzedeira
Pra curar o quebranto! -
Ir na Nea ou na Ester pegar bem no pé
Uma poesia de jardim...
Gosto de ser daqui: mandar 'puxar' a dor
Da cabeça à 'riba' do pé
Depois passar andiroba, pracaxi e copaíba
Programar a vida pelo cheiro do vento
Que anuncia o momento de chover..
Sentir que o sangue dança primeiro quando toca marabaixo
Dizer 'bem ali' com a ponta do 'bico' aprumado
- Longe ou perto- Tudo a 'um triz' de um pequeno gesto
Cultivado...
Gosto de ser daqui, de perceber essências
Do gosto real que as coisas tem: peixe, sorvete - Pessoas!
Das baixas conveniências
- Acredite, somos pouco convenientes, apesar das pavulagens -
Tipicamente corações selvagens*...
E tem telefone, internet, tecnologia: tudo muito ruim!
Na contramão o céu mais claro e bons dias em calorosos sorrisos tupiniquins
Uma geografia sentimental tão equatorial:
Como explicar?
A gente não diz 'bom dia, como vai você?", sem querer saber...
Dessa singularidade existencial nasce um tipo de amor
Tão Plural! - Aqui, não tem estação
Chove quando a terra pede...queima, quando extrapola
Cio das águas, cio das flores:
Vida que abrolha!
Uma perfeita inexplicável interação
Cada vez mais plurais: o vento em preamar ensina a dança,
Aqui, tudo nasce e tudo cresce:
temperos existenciais!
- De sal à pimenta, tudo é mais...
#
Quem seria eu, se não fosse o 'eu, por ser daqui'?
Não sei. Mas eu teria perdido muitas importantes lições sobre a arte de ser gente.
E enfim...eu gosto mesmo é de saber que o 'eu, aqui', que 'pode chegar ali', aprender e voltar para casa...e que o meu sentido de ninho tem ares e cheiro de rio...<3
E sobre ciclos de produção que fazem parte da arte de edificar: MUITO OBRIGADA, DEUS!<3
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