O ar que escorre, fluído, pela garganta
O som que ecoa do passarinho que canta
O vento consome o carbono do pé
Tudo é vida escorrendo sua maré:
Até os tempos de já não mais ser...
Não mais ser gente, ar, passarinho
A uva envelhecendo foi virando vinho
Tudo que é matéria segue transformando
O rio que seca é o mesmo que está transbordando...
E a vida segue, sequência de" não-ser-sendo"
E a gente muda, mesmo não sabendo
As roupas poem, o joelho dói, o coração acresce
E o peito adormece pra ainda bater...
Poetas, loucos, bêbados e inconsequentes
Juntam-se para beber da mesma fonte:
Não ajustar a alma num único corpo
Não ser ainda assim tão pouco....
E o relógio bate com a sequência de um martelo
Somente foge quem aprendeu a aspirar
A efemeridade inalcançável de tudo que é belo
E seguiu na trilha do mistério inalcançável:
Viver é flertar com o efêmero indecifrável! #
"Ora direis, ouvir estrelas? certo perdeste o senso, eu vos direi, no entanto: Enquanto houver espaço,tempo e algum modo de dizer não, eu canto!"
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