domingo, 20 de outubro de 2013

Ciclo

O ciclo mais natural da vida, para qualquer exercício e aprendizado, é o amor.
Que me perdoem os meritocráticas, que falam que  a dor purifica, traz crescimento, é parte do aprendizado imposto por um Deus que condena, mas faço parte mesmo é da escola do amor.

Essa também não é uma escola muito fácil, lhes asseguro. Mas traz consigo a doçura de quem de fato é e se dispõe a modelar a escultura. No amor, somos mais. Mais e menos também. Mais entregues e capazes, menos egoístas. Com mais vontade de fazer feliz e menos fugazes. Na verdade, o amor é o primeiro instinto natural dos seres humanos.

Nascemos, e esse ciclo natural chamado 'afeto' vai se instalando nas nossas relações. Ao crescermos, vamos exercitando e solidificando relações afetivas, e é claro, nós os desenvolvemos de acordo com a 'bagagem' que possuímos...e talvez seja nesse acomodar a 'bagagem' que a bagunça se instale. Por isso, uma de minhas poetisas preferidas já disse "antes de acomodar, o amor bagunça". São as bagagens, trazendo as cargas afetivas das quais não tínhamos, mas que começamos a lidar, pelo exercício amoroso da entrega.

Mas o amor é, como tudo que permeia nossas vivências, uma atitude que deve ser de escolha, primordialmente. E claro, não estou falando apenas de 'amar o outro', mas do exercício da imagem convexa ao espelho...é o 'amar a si' para 'amar o outro', com as justas medidas possíveis. Esta balança interior, tão complicada e desafiadora, nos permite o dom do não magoar, se isso for possível. Ou o do magoar menos, por si e pelo outro. Pelo "bem querer..."

E é só assim que, depois de muito refletir, consigo achar alguma coerência na origem da dor: A dor é um amor magoado pelo exercício não devidamente praticado. Não a imposição do grande criador, mas o reflexo daquilo que, por alguma dificuldade, não soubemos acomodar.  Por isso, quando às vezes sou visitada por esse sentimento, que minhas condições e limitações impõem,  recordo de um texto do Rubem Alves, a respeito de vidros quebrados..."não foi Deus. Deus não queria...ele também está triste..."

E é pensando nesse exercício amoroso do criador supremo, que volto para o caminho do amor e floresço do que me me dói...pouco a pouco. E compreendo que, como missão, tenho a de não reproduzir ou refletir o que me dói, e sim o que me faz florir. Esse processo é chamado na psicologia de "resiliência"...mas eu gosto mesmo é de pensar nas transformações da pipoca - Outro conto do Rubem Alves...rs. A pipoca, na narrativa de Rubem Alves, é o florescer do grão de milho, resultado da exposição às mais profundas condições de calor.

Sendo pipoca, compreendo que, de alguma maneira, posso e devo realizar a missão que me foi confiada: VIVER. E é assim que o ciclo do amor, minha eterna escolha, me puxa pela mão pela manhã, através da borboleta do meu jardim, que essa manhã veio me dizer "vem,menina, olhar os lírios do campo"....




( Compartilho contigo que me lê, porque quem sabe, estes dois caminhos também te visitem, durante teu crescimento emocional. E o meu desejo, para ti, que me lê, é...que o amor te puxe, de alguma forma, pelos seus caminhos...) 

:)






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