sexta-feira, 8 de junho de 2012


  (Por Mary Rocha)
eu não vim para estar contigo
meu corpo é abrigo
é palco de amor

eu me alimento de poesia
e no meu quintal
há um beija-flor....

sou feita de nuvem
e sustento
as estações
bem definidas
nunca vivi
um verão
antes que a primavera
 nascesse em meu coração...
e ainda é outono...em mim...

eu não vim para estar contigo
sou alicerce de uma casa
mal construída
mas,
não me interprete mal

lá há amor
há vida...

eu vim para fortalecer
as estruturas
vim lapidar os tesouros
que lá habitam...

vim para amarrar laços
e desprender nós...
meu caminho é a sós...

não eu não vim para estar contigo
não tenho sangue de paixões desenfreadas

sou porcelana
pintada à mão...

tenho no coração
um armário
onde guardo um sonho
e
um relicário

um diário velho
que me descreve
e me
ensina quem sou...

não
eu não vim para estar contigo
então não me perguntes
porque de repente
ficastes em mim
assim
preso em meus pensamentos

tal qual
maresia
que colhe da terra
velhas quinquilharias e
as retira de seu contexto...

não...
não me descreva em um texto

pois sou efêmera e plural

sou bicho do mato
sou rosa e sou cacto
e

não vim para estar contigo

sou maré mansa...lago perdido
no deserto

...nem sei ao certo
...o porquê... 


Acordei hoje após ouvir a minha irmã declamar esta linda poesia. Que ela toque em vc.s com a suavidade que é tão própria da Mary, e com sua intensa multiplicidade. Porque,como ela mesma disse..."sou bicho do mato, sou rosa e sou cacto"...
 - Eu também! ;)

Bom dia, queridos.

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