tanto aroma guardado
utopias inteiras
de um sonho alado...
Que loucura!
Guardar-se num retrato
encerrando-se num espelho convexo
louco,desconexo, alucinado!
Tanta coisa guardada!
Quanta vida perdida!
sorrisos encerrados
numa lua escondida...
Mas há uma luz nesta madrugada
iluminando a fria sacada
espalhando movimento e ar
- e o sino dos ventos começa a tocar...
O canto sombrio da coruja
Já não fala de choros e adeus
e as estrelas colhem desta solidão
...sorrisos meus!#
A noite traz bons ventos.
ResponderExcluirOs melhores,Larinha! =)
ExcluirQue belo poema!!! Gostei! Tenha uma ótima semana!
ResponderExcluirObrigada,querido! Uma ótima semana para nós! =)
ExcluirNão fales alto,
ResponderExcluirOu pelo menos
Não fales tão alto...
Agora é tarde, Já é de noite.
Não esbravejes tanto!
Digo para mim e comigo
De frente ao espelho.
Esta aqui é a vida,
E eu estou cansado,
E a noite avança...
Não fales tão alto!
Já é muito tarde,
Já é quase dia...
E depois no final da tarde,
Na saída do trabalho
Vou pegar o ônibus,
Vou voltar pra casa vazia,
Onde todos estão mortos,
Menos eu...
Eu estou vivo?
A vidraça da sala está quebrada...
Foi talvez o menino
Que joga bola na rua
E que anda descalço
E que fala palavrões
E que solta pipas...
Tenho inveja deste menino
Que nunca fui
E que nunca serei...
Agora é tarde.
Eu afrouxo a gravata
E ascendo um cigarro,
Ascendo a luz da sacada
E olho por entre as pálpebras
Muitos lugares
Ainda repletos de estrelas...
Já é quase dia...
Estou cansado
E não tenho sono...
Perdi todas as esperanças
De dormir a noite...
E através do meu cansaço
Sinto toda a humanidade
Que acorda cedo,
São de carne e osso
Toda esta gente?
Ou são como moscas
Com as asas presas
Numa teia de aranha
Sobre o abismo?
Bem... Mas isso
É só uma razão qualquer
Que me vem a mente,
Porque agora é tarde,
É de madrugada...
E se eu tomasse
Um café bem quente?
Um pouco de água ardente?
E se eu escovasse os dentes?
Sim... Esta é só uma razão qualquer
Que me vem a mente
E eu não creio em nada...
Ou talvez eu creia,
Eu não sei direito,
Mas repito sempre
Uma pergunta tola:
O amor deve ser constante?
Sim, deve ser!
Que embrulhada
A gente arranja!
Mas isto aqui é a vida,
Tenham paciência!
Amanhã eu trago o dinheiro!
Sim! Está bem,
Ó grande sol
Tu não sabes nada disso!
E é inútil prolongar esta conversa
Diante de todo este silêncio.
Melhor é afundar-me
Neste sofá grande
E fumar o meu cigarro
Enquanto o tempo passa.
Sim... É inútil!
Até a vida no campo
É igualmente inútil,
E há coisas
Que são tão difíceis de dizer...
E este silêncio todo...
A noite que se prolongou
Até a madrugada,
E ainda faltam quatro horas
Para raiar o dia
E o desespero desta insônia...
E de repente
O humano quadrado
De uma janela iluminada
Do outro lado da rua
De frente a sacada,
Fraternidade incógnita
E involuntária na noite.
Perante a humanidade alheia
Estamos ambos despertos...
Todos dormem, mas nós
Temos luz!
Mas quem será?
Doente? Falsificador de dinheiro?
Ou simplesmente insone como eu?
Ora! Não importa!
A noite é eterna e infinita,
E agora neste lugar
Há apenas a humanidade
Das nossas duas janelas,
O coração pulsante
Das nossas duas luzes acesas...
Agora somos todo o mundo,
Toda a vida sentindo
A úmida noite,
E eu me agarro ao parapeito da sacada,
Debruço-me para o infinito universo...
Os galos não estão gritando ainda
E o silêncio é definitivo.
E o que fazes aí camarada
Da janela com luz?
Sonho? Falta de sono?
Caso de morte ou vida?
Sei lá! Sei lá!
A luz se apaga...
E fica apenas eu
Em pé na sacada,
O dia lentamente vem chegando,
Já desponta um transeunte
Indo pro trabalho,
Ascendo outro cigarro e penso
Seria tão bom dormir agora...
"Altas madrugadas..."
ExcluirComo acolhe a vida que me traga!
O peito pulsa uma canção silenciosa
Hoje não há verso ou prosa
que alongue este aflito coração...
Da janela
sei que sou um grão
no todo que roda sem um quê
ou um porque...
Não me contaram a composição
A alquimia desta forma de ser
esta intrínseca composição
não me trouxeram pela mão...
Não há mais ninguém
nada está movente!
Oh! pedras! contem-me o segredo
de estar para não ser...
Faz chover,mundo!
Quero negar que são lágrimas
este soluço!
Quero em teu colo adormecer...
Madrugada, não te rias de mim!
Não sê indolente!
Que minh`alma não morreu! Nem é dormente!
uma hora tudo vai amanhecer...#
Vivo entre
ExcluirO quarto andar
E o infinito...
Todos os dias
Acontecem coisas no mundo
Inexplicáveis pelas leis que conhecemos,
O próprio sonho, por vezes me castiga
Porque adquiro nele uma lucidez...
São reais as coisas que sonhamos?
Plausíveis e palpáveis
Como a própria realidade?
Quando acordo
Sinto uma angústia
Por ter acordado
E saber que era deveras sonho
O que eu tinha sonhado...
Parece que a dor humana é infinita,
Que não há tréguas na vida...
O tédio pesa
Como águas soturnas
Caudalosas, estagnadas...
Pesa como lodo,
Como sombra noturna.
Da janela
As ruas são foscas
E os transeuntes
São espectros incógnitos
Que deixam seus rastros
Despidos de glória...
"Da janela"
ExcluirHa! Quem são essas almas?
Quais suas tragédias
e suas verdades
onde encontram lugar?
Quero descansar o peito
mas tudo queima:
A alma, a vista
a janela e o sino
que não cessa de tocar...
De quem são essas dores
que escorrem por mim?
Porque sou assim?
o peito não quer serenar...!
Lá fora...tudo é escuridão:
Os rostos,as luzes
- Quanta imensidão!
Estou resumida a mim
e não alcanço o mistério...ou fim.#
Portas se abrem para o abismo,
ExcluirHá apenas uma fresta
Da onde posso vislumbrar o mundo...
Notícias invadem a minha casa,
Lá fora transitam pessoas...
Por antenas e fios condutores
O meu pensamento flutua...
O canto
De pássaros cativos
Ressoam de dentro dos livros...
Revirei páginas e gavetas
Nos arquivos de minha vida
Tracei hieróglifos herméticos
Sobre cadernos antigos...
Abri as venezianas
Que me ocultavam os dias
Dois sóis amarelos
Em horizontes distintos
Cegaram a minha vista...
Muito bom!!!
ResponderExcluirObrigada, Thiago! Tbm divago com as madrugadas...aliás, é por isso que a lua não dorme...!:)
ResponderExcluirbeijo.