quinta-feira, 16 de outubro de 2025

Breves Digressões Inconclusivas sobre a vida (Parte II)

 


Não vim pronta, acabada!
Como, em apenas nove meses
entre a concepção e a vida humana
Deram-me nome, endereço e casa?

Meu recém-nascido par de asas não sabia voar...

Pequenina matéria, saída de um portal sagrado
Coração do tamanho de uma bolha de sabão
Útero quentinho, alimentada de outro organismo
Nada me preparou para a essência dos abismos...

32 dentes para sentir nascer! Ralar os joelhos!
Esticar os músculos, aumentar a estrutura
Amar, sentir o peito bater, 120 vezes por minuto!
Sentir dor, sarar e perdoar, amar ainda mais!

Tudo é mesmo tão voraz...

Trinta e poucos anos depois, veja então:
Asas, para quê te quero! 
Descobrir o tamanho do mundo - doce ilusão!
Caminhos pelo qual piso, sobrevoo, sonho, construo   - e espero.

E é cada coisa louca, que nem sei dizer
Há tanta injustiça, desigualdade e mentira - de doer a emoção
Mas também tanta beleza, sinceridade, bondade , poesia e amor!
Só de pensar, sinto suave o coração...

E sei, ainda não estou pronta e acabada 
Nunca serei perfeita, suave e adequada,
 feita só de brisa, pintura pastel e exata
Carrego o peso das insustentáveis levezas

- Viver é uma aventura, que ao fim, nos mata - 

Mas, como tudo que nasce em meio à água
Resisto!
 Vivo de nadar entre as surpresas de um imenso oceano
Tenho as raízes adocicadas de poesia

E uma alma que celebra a cada luz que acende o dia...

#


LUZ!


Esse poema foi escrito em 02.12.2018. E sou louca de amores por ele. 
Foi (re)acessado muitas vezes essa semana, então...é porque está apreciado. Gratidão.

Atrás da Porta...(Filosofia do Boteco da Lua)

*Leia a digressão ao som  da canção (ins)piradora ;)


"Atrás da Porta..."

Adoro essa expressão. Acho filosófica e profunda. Um olhar pode ser uma porta. Um sorriso. Uma palavra. Um quadro...uma fotografia...uma chegada. E até uma partida. Porta. Fenda que abre. Uma 'casa', uma alma, um olhar, uma pessoa. Sim, pode achar me chamar de d.Louca. 

A verdade é que  andava com saudades de filosofar nesse lugar só meu, livremente, sem muita preocupação com quem 'vai me ler'. Explico. De uns anos para cá, o aluanaodorme, que era só um diário poético emocional, ganhou 'tamanho' e ganhou você, que me lê e acompanha. Algumas épocas, como essa semana, tive mais de 750  acessos por dia...vez ou outra, acontece. Daí, fiquei mais tímida para as filosofias doidas que escrevia...para não cansar seus olhos de leitor, que vem aqui buscar por poesia e leveza. Então diminuí a sessão "Filosofia do boteco da Lua".

Bom...o fato é que, 'a insustentável leveza do ser', pelo menos do meu ser - com o perdão do empréstimo de Kundera, precisa às vezes escrever umas coisas doidas...e ai vai uma.

Nunca gostei de ver apenas a superfície. Sempre perguntei o porque das coisas: da luz, das sombras, de mim, de ti, das dualidades tantas que fazem com que cada ser humano seja um multiverso inexplicável, multicor e tão multidimensional. Sempre li tudo que podia para tentar explicar ou contentar com o fato de que era inexplicável...

Nunca sinto pouco. Sinto tudo. Se é amor, eu vou toda coração. Mas meu avesso é bem avesso mesmo, que é para sustentar a força desse verbo...esse que o peito bate com tanta força. Hoje, coloco tudo debaixo de um sorriso e essa suavidade parece enternecer as pessoas: é engraçado. Tem tanto calor aqui embaixo, que às vezes queima. Mas tudo bem, quem nunca queimou dentro de si, não é capaz de saber o que é ser...Fênix.

Curiosamente, sempre tive medo de tudo isso...dessa intensidade e dessa vontade de sentir. Da compaixão que às vezes não me deixa dormir,para sentir a dor do outro...desse gênio de lâmpada queimada, que tenta equilibrar toda a filosofia, musicalidade e poesia que esse mundo gigante e colorido me trouxe.

Belchior dizia "eu não estou interessado em nenhuma teoria, em nenhuma fantasia, nem no algo mais..." - Isso tudo dito pelo músico que mais compôs diálogos intercalados com a poesia, filosofia e literatura e toda teoria de outros compositores...o que mostra o quanto um poeta/filósofo/escritor pode ser mesmo 'maluco'.

Eu gosto dessa loucura. Dessa intensidade. Me sinto parte. Mas, estranhamento, isso me desloca...ou me coloca em órbita(afinal, 'aluanaodorme'). Mas isso tem seu preço e não é fácil arcar com ele. Por sorte, a vida colocou mais gente maluca por perto ...e por isso me sinto muito amada, apesar do leve incomodo da solidão de sentir...que acho que é próprio da natureza humana.

A solidão de sentir é uma coisa estranha. É uma porta para a existencialidade. É foda (com o perdão da palavra).Não tem a ver com estar acompanhada. Mas sim com um lugar por onde o mundo entra em você. E isso é tocante e forte... nessas horas,  me faço companhia e me acalmo (coisas que aprendi com a 'idade). Acho que todos têm esse sentimento - cada um à sua maneira.

" Mas eu preciso de outros sapatos, de outras roupas, outros temperos...para provar minhas ideias e meus sentimentos..."

Mas não dá para ser uma ilha...nós somos feitos de CALOR! Construção de muitas mãos.  Por isso, gosto tanto de conversar sobre a vida, sobre as muitas possibilidades de tudo: Deus (como o conheço) existir, sobre o que acho que ele espera de mim...gosto de conversar sobre o Deus que morava em Pessoa e todos seus heterônimos, sobre a lírica em Lispector, em Cecília...e também na Maria Ester, Alcinea, Fernando Canto, gente que me diz como o meu mundo era, há algum tempo atrás...e que me auxilia a construir a minha territorialidade pessoal como um reflexo de suas fantásticas existências, no agora. Nessas horas, percebo o quanto tenho SORTE! Sou fã, amiga, próxima de verdade, de gente que preenche de forma incrivelmente apaixonante meu senso de identidade(s)...

"é porque trago tudo de fora (...) trago a imagem de todas as ruas por onde passo...
Eu sou a soma de tudo que vejo e minha casa é um espelho...onde à noite eu me deito e sonho com as coisas mais loucas...sem saber porque!
"

Sobre a(s) bendita(s) identidade(s):  O fato é que eu também sou uma porta. Como todos somos. Portas a Universos, múltiplas vivências, pesos e levezas, experiências, dores, amores. E é difícil pegar a nossa 'porta' e aconchegar em 'outra'....quando isso acontece, é sempre mágico. Mas nem tô falando de amor romântico, propriamente. De tudo. De amizades, de universos...de estar 'em par' com uma pessoa para rir...para assistir filme...para brincar...

Não sei se é bem uma 'escolha'. O tempo passa e acredito cada vez mais em encaixe. Sabe a música ' a sua loucura parece um pouco com a minha'? Acho que é isso. E isso me recorda que, há uns anos atrás,uma amiga preferiu construir sua casa(concreto) a fazer terapia. E disse a ela que eu faria a escolha contrária, porque 'a minha casa, o meu lar...sou eu'.  Aqui, neste espacinho de ser eu, tenho aprendido a ser mesmo a rainha (longe de menosprezar outros reinados).

O fato é que, bom, atrás das portas...existem casas maiores,menores, amplas, dogmáticas, livres, etc.etc.etc...infinitas!  Mas eu não tenho tempo...não tenho vida e nem espaço - e nem muito tolerância - para nada que queira só a superfície. O que me leva a pensar que pessoas são mesmo é portais. A porta é só o indicativo do início.

E nisso moram incalculáveis possibilidades.

E é tão óbvio, mas ao mesmo tempo tão loucamente complexo e trabalhoso: todos os dias, o único portal que eu posso mesmo 'viajar'...é o (m)eu. Os demais são ...probabilidades. Um cubo mágico de gigantes des -interações.

E isso é louco. Mas também é  mágico. 
"Como tudo na vida'' - já dizia outro escritor.  :)
#

Boas portas, bons portais. Um bom reinado de plurais, para você que me Lê! 

  LUZ!:)

*Publicado em 15.06.2019. Editado e republicado, porque foi acessado. 

Construção


Deixe que que eu sonhe
Muitas formas de um mesmo reino
Que ainda estou assim,
em construção.

Vivo de reparar estragos
Criar novos atalhos
Em uma recriação sem fim
de espaços...

Cheia de juízes
Sou meu maior algoz
Sopro cicatrizes
e desato nós...

Aprendo e caminho pela vida
Esqueço perdas, teço poesia
No espaço/tempo: ternura do cotidiano!
Existo, sinto e celebro ganhos...#

Pense em uma coisa autobiográfica.
Saiu de pensar nos 'personagens do meu filme em branco e preto'... <3
E na vida, cheia de resquícios de arco-íris. 

LUZ!

*Republicada de 06.05.2017 para registrar que, enfim, já sou minha melhor amiga <3

terça-feira, 7 de outubro de 2025

Pela tua presença, Amada (Para minha filha)


 Pétala
Pérola...Pipa:
Pipoca... Em flor!

Peço que o tempo pare
Para tua presença amada.
Que a vida floresça em mais segundos com teu riso manso
Tua poesia pronta, recriada a cada canto

Nos espaços da nossa casa
Que já é um lar por ter você...
 
Rosas
Perfume
Calor!

Um jeito todo próprio de expandir amor
O coração nem sabia que poderia suportar essa alegria
Há tanta magia na simplicidade de cada coisa 
Ah! a simplicidade, amada, eu bem sei, é um presente...
 
Luz
Claridade
Essência!

Amor em estado de calma latência
O tempo é melhor porque estás aqui...

Mais responsável por mim do que nunca fui
Mais flutuante na vida do que a vida vai
A gente sai para brincar de rir a cada dia!
E sou, de tanto em tanto, melhor pelo teu bom afeto:

Quente, caloroso, certo...
 
E de saber que estás, fica tudo tão bem
Já não existe espaço, só presença certa
E assim, a vida é melhor a cada descoberta
... por tua presença, Amada.

#

Meu amor, muito Obrigada por escolher estar comigo nessa jornada! Eu  me esforço para fazer esse sorriso e calma que vieram contigo serem ainda mais amplos. 

MUITO OBRIGADA, DEUS!

domingo, 5 de outubro de 2025

Eu não caberia no teu olhar




 Eu não caberia no teu olhar
Minha alma é quente, Setentrional

Interestelar

Originária, quântica, verdade que
brota nascente

Eu trago a carne viva
E o peito quente

Não vais conseguir me dizer

O tom que me recai melhor
A natureza fala
e sua língua
Sei de cor

Não vou vestir a capa
Que te recai tão bem

Sou filha da lua
O amazonas me tem

Não adianta pedir
A mudança dos meus cabelos

Filha de tupã
Reconheço a mentira
Pelo cheiro

Sincrética, híbrida: natural
A moda é parte da cultura - e não seu
Curto avesso

O seu olhar de desdém não me afeta
Tu não tens (esse) tempero

Eu sou mata, flor, ipê
Lavadeira nascida em solo de
concreto

Bruxa e curandeira
Pomba-gira, Matinta,
Pimenta de cheiro!

                                                                                #



quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Ensaios sobre o tempo, João

 


O segundo é mesmo precário, João:
Ou pula no trem da emoção
E vai, seguir e viver a viagem
Ou fica na Estação e, de antemão

- Aceita a paisagem.

E a vida é mesmo louca, João
Os dias não correm no contar da mão
O sol deita e levanta, mas o tempo de verdade
é muito mais complexo

E, no centro da sala
Bethânia ecoa Caetano: 'Quem não é Côncavo não pode ser Reconvexo...'

E não importa que a poesia deite e role, João
A gente se perdeu sem se ganhar
E o afeto que fica
é pouco para o que se tinha a partilhar

E não importa qual a senha, não há tanto segredo assim
Afinal,  tudo que havia  cabia na porta do olhar
No verbo não dito
Guardado dentro de mim.

E, ao fim, bem na curva do sol,

Somos mesmo ganhadores! 
Em uma estranha equação
A gente se perdeu no mesmo trem, no mesmo ritmo
E no mesmo vagão.

                                                                                    #
Obs1: O final deste poema tem clara inspiração em um poema da linda Maria Ester, aliás um poema que amo, o 'Desencontro', que diz  ''O destino/ Quis que/Nos perdêssemos/ Na mesma vida/ Na mesma vibe".  Porque poesia chega em nós e nos transforma. :D

Obs2: Sempre quis fazer um poema tendo por inspiração o nome 'João', claramente porque 'Comentários a respeito de John' segue como uma das músicas da minha vida, desde muito antes do tempo ser tempo, nesta internet.

 Mas faltava o ''quê'' que une a palavra ao poema.

Ouvi uma conversa,senti uma emoção. Não falta mais. 

LUZ!





segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Ensaios sobre os dias comuns



- Entre goles de amazonas
 E uns trocados de poesia:

 Brinco de ser feliz todo dia, vida
Entre números do caminho e a próxima rima
Trago mais risos e doçuras
Do que seus avessos...

Mas bem que vivo ao contrário, quando preciso: 
Aprendi a dizer não à toda forma de desmedidas
O mundo te engole, Nego, se tu te fizeres de tonto
Por isso, olha para um ponto e diz: 

Eis aqui meus contornos.

Mas, ei, maninho, não fica velho de tanto azedar às novidades
Não se engessar no processo é preciso: 
vive o bom da aceleração
Pega a liquidez e deixa de lado o limão:

hidrate-se das coisas boas...

A vida acontece e a gente acontece junto: é fato
O que discerne a palavra do teatro
É a ação, constituída dia a dia,
Acredita: o olho sabe bem o que vê...

E assim, trato de ser feliz todo dia
Guardo no peito a alegria singular
Que escorre entre as páginas de pedidos e goles de café
-pois, afinal, cada um bebe do 'ser quem se é' -

Mas a gente não precisa sentir tanto o alheio, não é mesmo?
Basta colher do próprio pomar
Sentir o aroma da vida
Acolher.

Abraçar.

E, no entremeado do cotidiano, 
encontrar a magia
Pois é fato que tudo é
 chegada, partida ou estadia

Então, guardo no peito as coisas bonitas
Esqueço à valer as maldades 

- Bebo a vida
Entre goles de amazonas
 Trocados de poesia
E respiro as simplicidades 
 -

#


Ninguém é inteiramente feliz todo dia, a não ser se for criança. Mas a poesia falou com a criança que mora em mim e que ama as borboletas amarelas da estação...e tudo me deixou singularmente feliz.

Gratidão.

LUZ!





segunda-feira, 18 de agosto de 2025

Desmisture


Ensaios sobre 
água suja
ou água limpa: 

 Na felicidade 
De andar sem véu
Afinal
Mil máscaras pesam
Vergam
Deformam a beleza originária do elo
(E a cera derrete, meu bem
Ícaro descobriu tarde
Acorde)
Há beleza na simplicidade
A cor dê.
Desmisture sensações:
Poder não é ser
Ter não é poder:
Respeite confiança.
A vida cobra
O preço
No tempo do acerto
Deus é justo juiz: 
Vê ação, não petição:

Desanoiteça.

#

Depois de reler 'Tudo é rio', de Carla Madeira. Desanoiteça, pois Deus é justo juiz: a roda começa a girar e finaliza.



sexta-feira, 25 de julho de 2025

Interligação





Eu já não ouço o seu chamado
As coisas vão, meu bem
Fica o 
v
      ã
                o
- Interligação fora da área de serviço.

Ao fim, já não há 'eletricidade' a se gastar
O tempo põe as coisas no lugar
E eu sigo
- Cada vez mais leve.

A vida é breve, meu bem
A gente merece viver dentro da nossa melhor versão
Com as pessoas que acolhem e bem aquecem a nossa emoção
Seguir a própria estrela é a melhor veste.

Eu já não ouço o seu chamado
As coisas vão, meu bem
Fica o 
v
      ã
                o


- Interligação fora da área de serviço.



* Terminei de ler recentemente o livro do Natanael dObaluae, chamado 'Vão', cujo conceito é diretamente relacionado, entre outras coisas, às emoções e aos 'espaços' entre elas. AMEI!
Que a gente faça esforço por se fazer perto de quem nos faz feliz e deixe espaço para a vida fazer sua arte, quando for o avesso.

LUZ!

A Maldição da residência Hill (poesia em forma de spoiler. Corra, se não gostar!)



Ensaios sobre vidas nubladas:
Pomet -  emit -  sonork:
- O tempo ao contrário não diz nada.

Mera sequência aleatória
Casa mal assombrada
lista de todas as angústias 
do que não pudemos pudemos fazer ...

Ao espelho, os monstros são eu e você
Outras frequências, ondas de som silenciadas
Partículas dissociadas,
 enlouquecemos.

Arrependimentos, fracassos, desejos não sucedidos:
Um fantasma é tudo aquilo que nunca foi dito
Sob o telhado de vidro, te faço um pedido:
"segure minhas mãos, enquanto caio"

Eu falho, tu falhas, nós falhamos.
Segure minhas mãos, enquanto conto os hematomas
Marcas de uso - cicatrizes, são histórias
"Você vê a casa, mas não sabe lê-las..."

- Eu não sei contá-las e não sei vivê-las...-

Foi só um sonho, foi só um sonho...um pesadelo!
"a jornada termina quando amantes se encontram"
Não existe desencontro, apenas desencantos
Um relógio parado desde antes...(desde antes!)

Casa infiltrada, somos água.
Vidas naufragadas, des/sincronismo
Nossos medos sabem do terror e estrago
Por isso, ao enfrentá-los: 
Meu bem, cuidado.

"O perdão é quente como uma lágrima"
Deixe a casa morrer com seus fantasmas!
Arrependimentos, dúvidas naufragadas
"O amor é a perda da lógica "
-E tudo que fica-

"O resto é confete", a história continua 
Um relógio parado desde antes, desde antes!
A casa se move, num engole-cospe vidas...
Não existem despedidas.

#

* Pode fazer sentido - ou não. Mas essa foi a MELHOR SÉRIE de terror que já vi, a coisa mais bem produzida e filosófica.
*Republicada de 21.10.2018. 
* Este é um dos poemas mais acessados da história do 'aluanaodorme' e faz muito sentido dentro de mim.


FANTASMAS DA HILL:

"E tudo isso, a culpa, o luto, os segredos, os fantasmas, nesse momento...são apenas medo. E o medo é  o abandono da lógica (...) Mas, ao que parece, o AMOR também. O amor é o abandono da lógica. O abandono voluntário dos padrões racionais. Nós cedemos a ele ou o combatemos. Mas não vivemos sem ele (...)Eu amei vocês. E vocês me amaram. Profundamente. O resto é...confete".

quarta-feira, 16 de julho de 2025

Casulo




Olhar por dentro, arrumar a casa:
Meu bem, eu tenho um novíssimo par de asas!
Queria tanto te mostrar...

Que entre as bobagens de soberba e caos
Afastei da mente tudo que me empobrece como gente
E que eu sigo terna e quente
Enluarada de amor...

Apesar disso, enquanto a banda toca
Ogivas ameaçam riscar, feito giz, a tez do céu
Trump anuncia bombas nucleares
Enquanto gente paga para explanar sua vaidade em um painel

- é tudo loucura, meu bem...vaidade, luxo, bobice: 'farta bobice'!

Luxo mesmo, meu bem, queres saber?

É ser interessante sem ser interesseira
É conseguir brilhar sem passar  rasteira
Ser doce, apesar das indelicadezas do cotidiano
Lamentar as perdas, levantar...e ver nascer os ganhos.

Ir...

Leve e feliz
Descobrir qual a batalha do dia 
Perceber em meio ao caos da desordem
O quanto a vida é feita de  poesia.

#



<3
Olhar por dentro, arrumar a casa:
Meu bem, eu tenho um novíssimo par de asas!
Queria tanto te mostrar...





quinta-feira, 26 de junho de 2025

Qualquer coisa: amor! ( Filosofia do Boteco da lua - Um plus otimista para os amantes da vida)



Senta aí, meu caro leitor, nesta mesa-de-poesia e prosa. Vamos prosear.Quero te fazer uma pergunta: Você já ouviu a linda canção de Renato Russo que diz: 

"Vamos fazer um filme?"

Então. Confesso, todas as vezes que a vida me desafia, assisto um catatal de filmes de amor! Pode ser dentro de um trabalho, de uma rotina, de um ideal ...enfim, essa é uma característica que demorei um pouco a assimilar como minha. Tive historias hilárias por isso: já fiz bloquinho de amigas para assistir em uma única noite: Love History, Doce Novembro, o Diário de uma Paixão, Um amor para recordar e P.s: Eu te amo. Sim, foram litros de lágrimas, pipoca e coca-cola. 
Um 'chororô monumental', digno de filme de comédia e válido para o fim de uma era em mim, em meados de 2011. 

Um grande amigo, certa vez que disse que tudo que rime com amor ou "Qualquer coisa, amor” é o titulo do filme da minha vida. Ri bastante na época, porém reconheço que é a mais absoluta verdade. Filmes de amor são bonitos: eles têm ‘rockinhos’ emocionantes, gente sonhadora que passa por muitos problemas, alguns amores que brigam e separam, e  vida! bonita e imperiosa, como deve ser. Realmente gosto destes filminhos. Aprecio as coisas que envolvem as pessoas e seus pares, as multiplicidades da paixão, que move montanhas, moinhos e a fé da gente. 
 Por outro lado, adoro comédia. Se for romântica, então! é que elas têm apenas um ou outro draminha, sem nada muito dolorido. Gente que ri de si e de seus tropeços faz com que me sinta  deliciosamente humana.  Porque ah, se  te falasse quantas vezes tropecei até mesmo em meus próprios ideais, rs...isso sim seria uma tragédia.
O lado mais bacana de um filme de romance ou de uma comédia romântica, é que eles terminam bem, as pessoas boas terminam bem e os amores 'se acertam'. Aí, dia desses,  soube da separação de casal querido e pensei: ah, pena que a vida real não é igual esses filmes! Mas, então, tive aquele pequeno insight: na verdade,  é sim

Se ainda não teve um fim,  é porque estamos nós, na prateleira da vida, e Deus nos faz “rodar” em nossos moinhos, para adequar nosso roteiro.
Sabe, como aquela frase clichê “se ainda não deu certo, não é o fim”? então! É isso! Afinal, quer coisa mais clichê, que “amor”?  É a coisa e o sentimento mais usual do planeta! Então...
Como boa sonhadora de roteiros felizes, eu só posso dizer a você: Sim,sim e sim... vai acabar bem. E antes disso, vai ser bom também.  <3


*Vai sim!


*Republicado de 27.06.2016.

terça-feira, 24 de junho de 2025

Universo em Movimento

 


Move, mundo!
Rotação e translação mudam marés...
Pessoas correm, a vida às vezes assopra, noutras morde
Ponteiro, relógio: desperta-dor!

O estômago agita, outra vez, é hora do café...

Trump anuncia novas ogivas contra o Irã
Eu faço Poesia
Alguém retira o suor da irmã
- Eu, faço poesia

Quanta tolice, quanta perda: não há vence-dores!

O tempo leva, o tempo leva...
A vida ensina: isso é só vaidade
Bebo meu café e recito por dentro
Receitas de simplicidade.

#


"Cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo
Tende piedade de nós
Cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo
Dai-nos a paz...."

Bom diaaaaa. Esse blog deu um 'bummmm' de acessos nos últimos sete dias e muitos pedaços antigos de mim têm sido visitados...vou republicar aos poucos, mas fica aqui uma palavra: Gratidão! 
E, enquanto Trump não anuncia outra grande vaidade, aliados a outras vaidades do cotidiano,  sigamos o dia abraçados com a simplicidade. A vida cobra o preço do avesso, cobra sim....a conta chega. Mas, mesmo que não cobrasse...que a gente caminhe como quem sabe que vai prestar contas à poderosa força de amor e justiça do Universo.

LUZ! Um dia bom.

:)

Das coisas que eu vim fazer aqui




A gente está aqui para aprender a voar no fim de tarde
Barcos de papel marché em busca do horizonte
Ao sabor de um ardente sol...

E sabemos tão pouco
Do tanto, do gesto
Do multiverso que abriga cada um...

A gente está aqui, sem dublê
E tudo é movimento, vida, ação
E a alma se bate toda no imenso labirinto
enquanto quixoteia moinhos de vento...

Parece que a gente devia ter vindo
Com manual de instruções
Quiçá, bula de contra-indicações
Com tarja de aviso:  “Advertência: risco de dano severo às emoções”

E no reverso, a gente se faz de grande navegador
E descobre um mundo novo a cada abrir de olhos
E corre a vida só para não cair na apatia
De ir com a maré...

A gente veio ao mundo
Desinventar de ter medo
E aprender com a aerodinâmica sutil da borboleta!

E no meio do caminho, a gente prova-vida:
Manga, suor, sorvete: Existir é um banquete
Cada um se serve como pode.

A gente veio ao mundo se espantar
Cair de amores pelo pôr do sol!
Encher os olhos d´agua de ler um Pessoa
Vibrar numa matriz particular (Ou simplesmente  mergulhar n´uma lagoa)

Só não vale não se apaixonar
Não experimentar, não mover com força o próprio coração
Não se encantar, não arriscar, não se vestir de luz e cor
Só não vale não ser , falar,sentir, doar...

AMOR.

#

*Republicado de 08.06.2018

Ensaios sobre a vida



I - Breves Considerações sobre o Clima e o dia

São três da tarde e o relógio me diz que há milhões de afazeres na agenda, e que preciso ir para a vida, cumprir meus compromissos.
Ah! Debaixo de um sol que derrete a paisagem, vejo um quadro de Dali desenhar o chão do Equador.Ou, pinturas pincelas de cor e água, da pouca chuva que vez ou outra beija a paisagem, feito pintura de Galdin.  Líquidos demais, no mês de junho. Não é muito animador.
A gente luta dolorosamente com o sol, aqui nestas bandas do Norte. Isso já dá um cansaço.
Longe de ufanismos, apesar disso, a paisagem brilhante é linda também.
As tardes meio molhadas perto do rio fazem um bem danado à emoção.
Mas são três da tarde e estou sonolenta e cansada. 
De junho em diante, rego o jardim duas vezes ao dia. Ainda falta uma vez, hoje.
Vale o sacrifício. As plantas, vibrantes, me ajudam a viver.
Às vezes, viver é um baita desafio.

II  Da aspereza do Cotidiano

 A gente faz um p... esforço pra ser um bom ser humano: correr atrás dos sonhos sem passar por cima de ninguém. Correr para a vida e ser honesto dentro do trabalho e das emoções...e não revidar ao convite diário da cretinice. Um baita exercício de superação esse de tentar não revidar. 
A gente tenta não reproduzir no mundo aquilo que nos fere. Cair. Errar. Às vezes, comete uma ou outra coisa fora da linha do ser humano que construímos... e aí, tem o desafio de não tornar isso um hábito.Reiniciar e viver na melhor das tentativas, mesmo quando ainda tem um montão de coisa para aprender...

Claro, as 24 horas que são minhas, não são as mesmas para ninguém. Cada um tem seu próprio peso e catarse, no meio do caminhar por este sol e pelas sombras da época.

Mas, decerto, uma ou outra tentativa se assemelham.
E ainda tem este ardente sol...

III Breves Inconclusões.

Apesar dos calos e do calor, minha alma não parece assim tão desgastada. Ainda hoje, lembrei como foi engraçado tentar empinar pipa. Que desastre.
Mas eu era boa em bolinhas de gude.
Vai ver, daqui a milhões de brisas, daquelas que sopram e levam embora o ardor, eu recorde de mim no hoje, com o mesmo olhar indulgente com o qual me visito, menina.
É que ainda tem muita estrada.E ainda são 15h...tem muito tempo.


E eu preciso me tratar bem - porque foi difícil e bonito chegar aqui...e também porque só assim, posso ser boa para meus amores e justa para conosco - o eu e o eles, que vivem comigo, no coração.

 Por isso, água, protetor solar e coragem: Parece texto de Mary Schmich ou do Jabor, mas é apenas eu, indo pra lida. Afinal, entendo finalmente porque certas escritas são chamadas de 'ensaio': nada do que escrevo ou descrevo, é mais do que mera intenção.

O que eu sou, no cotidiano, acontece mesmo quando saio daqui, desde tímido barulho de teclado que compete mansamente com a cigarra insistente, do jardim...e dessa luz, que é quase uma metáfora para a vida: às vezes cega, mas é bonita de olhar. 

Let´s go!

#


*Republicado de 14.06.2018.