*Leia a digressão ao som da canção (ins)piradora ;)
Adoro essa expressão. Acho filosófica e profunda. Um olhar pode ser uma porta. Um sorriso. Uma palavra. Um quadro...uma fotografia...uma chegada. E até uma partida. Porta. Fenda que abre. Uma 'casa', uma alma, um olhar, uma pessoa. Sim, pode achar me chamar de d.Louca.
A verdade é que andava com saudades de filosofar nesse lugar só meu, livremente, sem muita preocupação com quem 'vai me ler'. Explico. De uns anos para cá, o aluanaodorme, que era só um diário poético emocional, ganhou 'tamanho' e ganhou você, que me lê e acompanha. Algumas épocas, como essa semana, tive mais de 750 acessos por dia...vez ou outra, acontece. Daí, fiquei mais tímida para as filosofias doidas que escrevia...para não cansar seus olhos de leitor, que vem aqui buscar por poesia e leveza. Então diminuí a sessão "Filosofia do boteco da Lua".
Bom...o fato é que, 'a insustentável leveza do ser', pelo menos do meu ser - com o perdão do empréstimo de Kundera, precisa às vezes escrever umas coisas doidas...e ai vai uma.
Nunca gostei de ver apenas a superfície. Sempre perguntei o porque das coisas: da luz, das sombras, de mim, de ti, das dualidades tantas que fazem com que cada ser humano seja um multiverso inexplicável, multicor e tão multidimensional. Sempre li tudo que podia para tentar explicar ou contentar com o fato de que era inexplicável...
Nunca sinto pouco. Sinto tudo. Se é amor, eu vou toda coração. Mas meu avesso é bem avesso mesmo, que é para sustentar a força desse verbo...esse que o peito bate com tanta força. Hoje, coloco tudo debaixo de um sorriso e essa suavidade parece enternecer as pessoas: é engraçado. Tem tanto calor aqui embaixo, que às vezes queima. Mas tudo bem, quem nunca queimou dentro de si, não é capaz de saber o que é ser...Fênix.
Curiosamente, sempre tive medo de tudo isso...dessa intensidade e dessa vontade de sentir. Da compaixão que às vezes não me deixa dormir,para sentir a dor do outro...desse gênio de lâmpada queimada, que tenta equilibrar toda a filosofia, musicalidade e poesia que esse mundo gigante e colorido me trouxe.
Belchior dizia "eu não estou interessado em nenhuma teoria, em nenhuma fantasia, nem no algo mais..." - Isso tudo dito pelo músico que mais compôs diálogos intercalados com a poesia, filosofia e literatura e toda teoria de outros compositores...o que mostra o quanto um poeta/filósofo/escritor pode ser mesmo 'maluco'.
Eu gosto dessa loucura. Dessa intensidade. Me sinto parte. Mas, estranhamento, isso me desloca...ou me coloca em órbita(afinal, 'aluanaodorme'). Mas isso tem seu preço e não é fácil arcar com ele. Por sorte, a vida colocou mais gente maluca por perto ...e por isso me sinto muito amada, apesar do leve incomodo da solidão de sentir...que acho que é próprio da natureza humana.
A solidão de sentir é uma coisa estranha. É uma porta para a existencialidade. É foda (com o perdão da palavra).Não tem a ver com estar acompanhada. Mas sim com um lugar por onde o mundo entra em você. E isso é tocante e forte... nessas horas, me faço companhia e me acalmo (coisas que aprendi com a 'idade). Acho que todos têm esse sentimento - cada um à sua maneira.
" Mas eu preciso de outros sapatos, de outras roupas, outros temperos...para provar minhas ideias e meus sentimentos..."
Mas não dá para ser uma ilha...nós somos feitos de CALOR! Construção de muitas mãos. Por isso, gosto tanto de conversar sobre a vida, sobre as muitas possibilidades de tudo: Deus (como o conheço) existir, sobre o que acho que ele espera de mim...gosto de conversar sobre o Deus que morava em Pessoa e todos seus heterônimos, sobre a lírica em Lispector, em Cecília...e também na Maria Ester, Alcinea, Fernando Canto, gente que me diz como o meu mundo era, há algum tempo atrás...e que me auxilia a construir a minha territorialidade pessoal como um reflexo de suas fantásticas existências, no agora. Nessas horas, percebo o quanto tenho SORTE! Sou fã, amiga, próxima de verdade, de gente que preenche de forma incrivelmente apaixonante meu senso de identidade(s)...
"é porque trago tudo de fora (...) trago a imagem de todas as ruas por onde passo...
Eu sou a soma de tudo que vejo e minha casa é um espelho...onde à noite eu me deito e sonho com as coisas mais loucas...sem saber porque! "
Sobre a(s) bendita(s) identidade(s): O fato é que eu também sou uma porta. Como todos somos. Portas a Universos, múltiplas vivências, pesos e levezas, experiências, dores, amores. E é difícil pegar a nossa 'porta' e aconchegar em 'outra'....quando isso acontece, é sempre mágico. Mas nem tô falando de amor romântico, propriamente. De tudo. De amizades, de universos...de estar 'em par' com uma pessoa para rir...para assistir filme...para brincar...
Não sei se é bem uma 'escolha'. O tempo passa e acredito cada vez mais em encaixe. Sabe a música ' a sua loucura parece um pouco com a minha'? Acho que é isso. E isso me recorda que, há uns anos atrás,uma amiga preferiu construir sua casa(concreto) a fazer terapia. E disse a ela que eu faria a escolha contrária, porque 'a minha casa, o meu lar...sou eu'. Aqui, neste espacinho de ser eu, tenho aprendido a ser mesmo a rainha (longe de menosprezar outros reinados).

E nisso moram incalculáveis possibilidades.
E é tão óbvio, mas ao mesmo tempo tão loucamente complexo e trabalhoso: todos os dias, o único portal que eu posso mesmo 'viajar'...é o (m)eu. Os demais são ...probabilidades. Um cubo mágico de gigantes des -interações.
E isso é louco. Mas também é mágico.
E isso é louco. Mas também é mágico.
"Como tudo na vida'' - já dizia outro escritor. :)
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Boas portas, bons portais. Um bom reinado de plurais, para você que me Lê!
LUZ!:)
*Publicado em 15.06.2019. Editado e republicado, porque foi acessado.
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